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Após americanos resgatarem blackface de Fernanda Torres, brasileiros expõem Zoë Saldaña

Atriz escureceu a pele, usou próteses no rosto e perucas crespas para interpretar a cantora Nina Simone no filme Nina, de 2016

28 jan 2025 - 11h10
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Após americanos resgatarem blackface de Fernanda Torres, brasileiros expõem Zoë Saldaña
Após americanos resgatarem blackface de Fernanda Torres, brasileiros expõem Zoë Saldaña
Foto: Divulgação / Rolling Stone Brasil

Após americanos resgatarem uma cena em que Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui) fazia blackface em um quadro para o Fantástico, exibida há quase vinte anos, brasileiros "contra-atacaram" relembrando um caso similar envolvendo Zoë Saldaña (Avatar: O Caminho da Água), uma das estrelas de Emilia Pérez, grande concorrente de Ainda Estou Aqui, longa de Walter Salles (Central do Brasil), na atual temporada de premiações.

O caso de blackface de Saldaña aconteceu em Nina, cinebiografia da cantora Nina Simone lançada em 2016. Para a caracterização, a atriz escureceu a pele, usou próteses no rosto e perucas crespas. Nas redes sociais, internautas não perdoaram o erro da atriz:

"A Fernanda Torres tem que pedir desculpas mesmo, isso não se questiona, mas se Zoë Saldaña pode fazer blackface em 2016 e a Karla Sofía Gascón pode comparar as críticas ao filme dela com o holocausto literalmente ontem e ficar por isso mesmo, então a Nanda pode seguir em frente", afirmou uma internauta. Confira outras reações:

Em 2020, em entrevista ao produtor Steven Canals no Instagram, Saldaña se desculpou pelo trabalho: "Eu nunca deveria ter interpretado Nina. Eu sinto muito. Eu sei melhor hoje em dia e eu nunca mais farei isso novamente. Ela é uma das nossas gigantes e outra pessoa deveria tê-la interpretado. Outra pessoa deveria contar a história dela", afirmou [via The Guardian].

O que é blackface?

Criada há cerca de 200 anos, blackface é uma prática teatral, que consistia em atores brancos "caracterizando-se" como pessoas negras — ao escurecer a pele com maquiagem ou tinta, usar próteses para aumentar o tamanho da boca e/ou do nariz, vestir perucas crespas etc. —, muitas vezes com a intenção de ridicularizar essa parcela da população.

A prática, é claro, envelheceu mal, mas ainda demorou para ser amplamente difundida como algo racista. No Brasil, as mudanças começaram a partir de acusações de blackface contra os humoristas Paulo Gustavo (Minha Mãe é uma Peça) e Rodrigo Sant'Anna (Tô de Graça), o que ajudou no entendimento sobre o assunto.

No caso de Fernanda Torres, o caso de blackface ocorreu há 17 anos. Na cena em questão, que viralizou nas redes sociais, a atriz aparece vestida como uma empregada doméstica, com o corpo e o rosto pintados para imitar a tonalidade de pele de uma pessoa negra. Assista:

O que Fernanda Torres disse sobre o caso de blackface?

Em declaração ao Deadline, Fernanda Torres relembrou a cena e pediu desculpas:"Há quase vinte anos, apareci de blackface em um esquete cômico de um programa de TV brasileiro", afirmou a atriz. "Sinto muito por isso. Estou fazendo esta declaração porque é importante abordar isso rapidamente para evitar mais dor e confusão."

"Naquela época, apesar dos esforços dos movimentos e organizações negras, a consciência da história racista e do simbolismo do blackface ainda não havia entrado na consciência pública dominante no Brasil. Graças a uma melhor compreensão cultural e a conquistas importantes, mas incompletas, neste século, está muito claro agora no nosso país e em todo o lado que o blackface nunca é aceitável", continuou Torres

"Esta é uma conversa importante que devemos continuar a ter uns com os outros, a fim de evitar a normalização das práticas racistas de antes e agora. Como artista e cidadã global, e de coração aberto, continuo atenta e comprometida com a busca de mudanças vitais necessárias para viver num mundo livre de desigualdade e racismo", completou a atriz.

Qual é a história de Ainda Estou Aqui?

Baseado no livro homônimo de Marcelo Rubens PaivaAinda Estou Aquié ambientado no Rio de Janeiro, no início dos anos 1970, em meio à ditadura militar, e conta a história de Eunice, mãe de cinco filhos, que se envolve em uma busca infindável pela verdade após o seu marido, Rubens, ser levado por policiais à paisana e desaparecer.

Além de Fernanda Torres, o longa ainda conta com Fernanda Montenegro (A Vida Invisível), Selton Mello (O Filme da Minha Vida), Maeve Jinkings (Pedágio), Antonio Saboia (Destino Particular), Humberto Carrão (Marighella) e Marjorie Estiano (Sob Pressão) no elenco. Assista ao trailer:

Especial de cinema da Rolling Stone Brasil

O cinema é tema do novo especial impresso da Rolling Stone Brasil. Em uma revista dedicada aos amantes da sétima arte, entrevistamos Francis Ford Coppola, que chega aos 85 anos em meio ao lançamento de seu novo filme, Megalópolis, empreitada ousada e milionária financiada por ele próprio.

Inabalável diante das reações controversas à novidade, que demorou cerca de 40 anos para sair do papel, o cineasta defende a ousadia de ser criativo da indústria do cinema e abre, em bom português, a influência do Brasil em seu novo filme: "Alegria".

O especial ainda traz conversas com Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello sobre Ainda Estou Aqui, um bate-papo sobre trilhas sonoras com o maestro João Carlos Martins, uma lista exclusiva com os 100 melhores filmes da história (50 nacionais, 50 internacionais), outra lista com as 101 maiores trilhas da história do cinema, um esquenta para o Oscar 2025 e o radar de lançamentos de Globoplay, Globo Filmes, O2 Play e O2 Filmes para os próximos meses.

O especial de cinema da Rolling Stone Brasil já está nas bancas de jornal, mas também pode ser comprado na loja da editora Perfil por R$ 29,90. Confira:

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