Arqueólogos descobrem quarto de família de escravos em Pompeia
Um pequeno quarto, no qual viviam pelo menos três escravos, foi encontrado durante novas escavações no Parque Arqueológico de Pompeia, no sul da Itália, informou o Ministério de Bens Culturais da Itália neste sábado (6).
A descoberta ocorreu na área da cidade de Civita Giuliana, localizada no norte de Pompeia e que já evidenciou nos últimos meses outras descobertas, como uma carruagem quase intacta e um estábulo com restos de três cavalos.
O novo achado, agora, é uma modesta sala, encontrada "em excepcional estado de conservação", que enriquecerá "ainda mais o conhecimento da vida cotidiana" da época, especificamente, de uma parte da sociedade, cujo estilo de vida muito pouco se conhece, além de permitir dar "passos significativos na pesquisa científica", disse o ministro de Bens Culturais da Itália, Dario Franceschini, em comunicado.
Os arqueólogos, que trabalham desde 2017 em uma área ao norte de Pompeia, cidade soterrada em 79 d.C devido à erupção do vulcão Vesúvio, identificaram três camas de cordas e madeira com os sinais evidentes das esteiras que as cobriam e um "mictório" perto das camas.
Todo espaço é ocupado também por ferramentas de trabalho, além de ser possível ver o leme de uma carroça que estava do lado de fora, o arreio de cavalos e grandes ânforas empilhadas.
"Uma descoberta excepcional, porque é realmente muito raro que a história devolva os detalhes dessas vidas", explica o diretor do Parque Arqueológico, Gabriel Zuchtriegel.
O alojamento reduzido, de cerca de 16 metros quadrados, está localizado próximo ao pórtico da vila onde, em janeiro de 2021, foi localizada a carruagem, que atualmente está sendo restaurada.
A descoberta foi possível graças ao refinamento da técnica inventada por Giuseppe Fiorelli no século 19. As três camas e os outro objetos, provavelmente, pertenciam a empregados que cuidavam de uma vila romana, incluindo as obras de manutenção e preparação da charrete.
Segundo Zuchtriegel, "as três camas estão dispostas em forma de ferradura e têm tamanhos diferentes, sendo uma mais pequena, não superior a um metro e quarenta, destinada a uma criança. A aparência é de móveis essenciais, muito simples".
As camas eram tábuas de madeira grosseiramente trabalhadas, que podiam ser montadas de acordo com a altura de quem as utilizava. Duas delas têm cerca de 1,70m de comprimento, enquanto a outra tem apenas 1,40m, portanto os especialistas deduzem que poderia ser para uma criança.
Embaixo eram guardados objetos pessoais, como ânforas para guardar coisas, e jarras de cerâmica. O quarto tinha também uma janelinha na parte superior e faltava decoração nas paredes.
"Além de servir de quarto para um grupo de escravos, talvez uma pequena família, como sugere o berço infantil, o ambiente servia de depósito, conforme evidenciado por oito ânforas agrupadas nos cantos deixados livres para esse fim", explicou o ministério italiano.
Para o diretor-geral do Parque, Massimo Osanna, a descoberta é "mais um motivo para continuar as escavações e "investigar a villa como um todo".