Artista conta a origem negra e japonesa do bairro da Liberdade
O mundo está cheio de leitoras de quadrinhos. E de criadoras também
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Por muito tempo, quadrinho foi coisa de menino. Lá no nascedouro dos gibis, garotos liam e garotos um pouco mais velhos faziam. Hoje, que bom, é muito diferente. O mundo está cheio de leitoras de quadrinhos. E de criadoras também.
O Brasil é riquíssimo em ilustradoras, quadrinistas, cartunistas. Uma surpreendente é Marília Marz. Se você não lê gibi, já pode ter encontrado seu trabalho como ilustradora e chargista da Folha.
Seu álbum “Indivisível” nasceu em edição independente em 2018, resultado de seu mergulho em um TCC na faculdade de Arquitetura. Trata do bairro da Liberdade, que faz as Chinatowns e Little Tokyos de Nova York, LA e San Francisco parecerem parquinhos de diversão.
A Liberdade é grande e potente, além de atração turística e meca dos fãs de cultura pop japonesa. Poucos sabem que antes da chegada dos imigrantes do Japão, sua população era na maior parte negra.
E antes, de escravizados. Os esqueletos estão lá para demonstrar esta dolorosa história, nas escavações no Cemitério dos Aflitos.
“Indivisível” conta as duas histórias deste território paulistano, no traço e no texto. Se mistura com a história da própria Marília Marz, mulher negra que cresceu apaixonada por mangá, que segue informando seu brasileiríssimo estilo. Conheça mais sobre Marília e seus trabalhos recentes no site dela.
A nova edição de “Indivisível”, muito caprichada, traz textos extras, informações preciosas para quem quer aprender sobre a Liberdade, sobre São Paulo e o Brasil. Tem em versão física e digital.
Abra-se para as quadrinistas que estão transformando as HQs, em histórias e gêneros diversos, com perspectivas e sensibilidades múltiplas, locais e universais. Você não precisa ter crescido leitora ou leitor de gibi para entrar no universo dos quadrinhos.
Basta olhos para ler e ver ― e leia, veja que trabalho lindo Marília nos presenteia, nesta história com seu pai.
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