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Artista cria 'Simpsons negros' contra o racismo nos EUA

Italiano se inspirou em casos recentes de mortes de negros por suposto preconceito

22 abr 2015 - 08h59
(atualizado às 10h59)
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Um artista italiano recriou personagens do desenho Os Simpsons , símbolo da cultura pop norte-americana, para trazer atenção internacional a supostos episódios recentes de racismo nos Estados Unidos.

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Alexsandro Palombo
Alexsandro Palombo
Foto: BBC Mundo / Copyright

Na série de obras publicadas no Facebook pelo chargista Alexsandro Palombo, a pele amarela de Homer, Bart, Marge, Lisa e Maggie Simpson ganha tonalidade mais escura. As tiras trazem mensagens como "Pare com o racismo", "Justiça" e "Policiais nunca dormem".

Uma das sequências mais comentadas retrata Bart Simpson fugindo de um policial armado e depois morto sobre um gramado.

Alexsandro Palombo
Alexsandro Palombo
Foto: BBC Mundo / Copyright

 

As ilustrações fazem referência à morte de Walter Scott, um homem negro de 50 anos, morto pelas costas por um policial branco na Carolina do Sul, no início de abril. Também remetem à morte do garoto Tamir Rice, de 12 anos, baleado em Cleevland, em novembro passado, quando brincava com uma pistola de brinquedo.

Sobre direitos autorais, o artista diz captar "personagens em uma maneira totalmente diferente e nova. São visões minhas, arte contemporânea, então não há irregularidade legal".

"Esta série visa denunciar acontecimentos raciais inacreditáveis que ocorreram recentemente", diz o artista, que vive em Milão, ao #SalaSocial. "Estamos vivendo um perigoso retrocesso e, se os Estados Unidos não reagirem ao racismo, não serão mais o país da liberdade e dos sonhos, mas o país da opressão e da injustiça". 

Alexsandro Palombo
Alexsandro Palombo
Foto: BBC Mundo / Copyright

'I can't breathe'

Além dos casos Scott e Rice, as imagens também reconstroem a morte de Erick Garner, de 43 anos, assassinado em julho do ano passado. Contido por um policial na rua, sob suspeita de vender cigarros ilegalmente, ele era asmático e não resistiu a um "mata leão".

Garner gritou: "Não consigo respirar" pelo menos duas vezes, de acordo com relatos. Morreu no hospital.

"Não consigo respirar" virou mote para uma intensa campanha nas ruas e nas redes sociais após a morte de homem asmático.

Em frente a uma estátua da Liberdade coberta por uma máscara cônica da Ku Klux Klan, a família Simpson é retrada com as bocas cobertas pela mensagem "Não consigo respirar" - a frase também foi mote de uma intensa campanha nas ruas e nas redes sociais após a morte de Garner.

"Os Simpsons são um símbolo norte-americano exatamente como a estátua. Eu quis colocá-los juntos para expor as contradições da América Moderna e seus problemas raciais", diz o artista italiano. "As imagens da morte de Scott e do sufocamento de Garner são horríveis, incivilizadas. Isso é uma violência louca, inaceitável".

Questionado sobre riscos de enfrentar processos legais pela apropriação dos traços dos Simpsons, Alexsandro diz que o uso de figuras icônicas "é parte de sua linguagem artística".

"Eu capto estes personagens em uma maneira totalmente diferente e nova. São visões minhas, arte contemporânea, então não há irregularidade legal", afirma.

Brasil

Contido por um policial na rua, Garner era asmático e não resistiu a um "mata leão".

O artista diz ao #SalaSocial "conhecer bem" a realidade brasileira.

"Acho que o Brasil deveria dar mais atenção ao problema do racismo", afirma Alexsandro. "As pessoas são fortemente discriminadas e vítimas de preconceito. Há muitas diferenças no estrato econômico e social", comenta.

Ciente das semelhanças entre os dois países - há menos de um mês o menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, morreu baleado em um tiroteio no complexo do Alemão, no Rio de Janeiro -, ele sugere que pode vir a criar uma série de ilustrações baseadas na realidade brasileira.

"Vocês ficarão sabendo assim que algo nesse sentido surgir", diz.

Do total de 56.337 homicídios registrados no Brasil em 2012, segundo o estudo Mapa da Violência, 57,6% tiveram com vítimas jovens com idade entre 15 a 29 anos - 77% deles eram negros.

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