Camila Pitanga sobre peça: ficamos em casa de família no sertão do Ceará
Camila Pitanga está em cartaz com a peça O Duelo, em São Paulo, uma adaptação para o teatro da novela homônima do escritor russo Anton Tchekhov (1860-1904). O diferencial do trabalho é que a equipe ficou algumas semanas no sertão do Ceará vivenciando aquela realidade. “Depois de seis semanas de trabalhos em São Paulo, fomos para o sertão do Ceará e lá residimos em três cidades diferentes. Moramos 15 dias em cada cidade, em casa de família, não hotel, com muita troca e simplicidade”, contou a atriz.
Parte da equipe também oferecia oficina teatro aos moradores da região. “Isso criava uma intimidade e troca de experiências. Estávamos vendo repertório de música, representação cultural, e isso refletia em nosso trabalho. Aury, mentor do projeto, é cearense. Tudo isso é um reportório humanístico muito interessante que me abasteceu”.
Apesar de Camila ser conhecida na televisão, sua visita ao local foi tranquila. “Como tinha um tempo em cada lugar, não estávamos de passagem, o alvoroço que existia porque sou conhecida na TV, depois de um tempo, transmutava em uma intimidade gostosa. Eu fazia parte da comunidade. Conhecia o dono padaria”.
A história gira em torno da tensão entre dois duelantes: um cientista e funcionário publico. Segundo a atriz, a questão da intolerância é muito abordada no espetáculo. “É comum as pessoas não se ouvirem, tentarem resolver as coisas na força, na imposição. Estamos vendo um momento de convulsão social, das pessoas estarem se manifestando e ao mesmo tempo sendo caladas, presas, perseguidas. Isso dialoga bastante com o tema da peça.
A atriz também falou sobre o teatro no Brasil. Para ela, o teatro está sempre em um momento de resistência. “Estou muito feliz de fazer parte dele”.
Na TV, boatos dão conta que Camila é a mais cotada para interpretar a personagem que foi de Sônia Braga em um possível remake de Dancin' Days, por Gilberto Braga. Sobre isso, ela foi enfática: “oficialmente eu não recebi convite, mas se Gilberto me chamar aceito sem pestanejar. É uma novela quase mítica na história da novela brasileira. Fora que eu tenho um respeito e admiração estupenda pela Sônia Braga. Tenho certeza que ela me abençoaria. Sem dúvida faria com maior alegria”.
Sobre seus papeis nas telinhas, ela afirmou ter um carinho por todos, já que cada um representa uma etapa de sua vida. “Personagens mais marcantes eu destacaria dois: Bebel de Paraíso Tropical, por tudo que ela detonou na minha vida, nas relações que conquistei, e a Paraguaçu, da minissérie A Invenção do Brasil, algo muito inventivo na televisão”.
Com tantas tramas no currículo, a atriz ainda pensa em desafios. “Já falei aos quatro ventos e repito: tenho profunda admiração pelo trabalho do Luiz Fernando Carvalho. Aguardo essa oportunidade que talvez a vida vá me dar de poder trabalhar com ele”.
Além de atuar, Camila também é mãe de Antônia, de 5 anos. Sobre a correria da vida pessoal e profissional, ela contou que isso é sempre uma batalha. “É uma corda bamba sempre. Cada trabalho é um ritmo novo e eu sempre em busca desse equilíbrio de poder dar a base e na vida da minha filha e não perder o gás e entrega que costumo dar nos meus trabalhos, nas pesquisas e tudo mais”.
A peça que a atriz está apresentando permitiu uma aproximação da filha. “Tive um tempo muito gostoso com a Antônia, que viajou comigo para o sertão. Ela foi para várias cidades em que me apresentei com o espetáculo e acho que ela entendeu o que é o meu trabalho”.
O elenco também é formado por Aury Porto, Pascoal da Conceição, Sergio Siviero, Carol Badra, Vanderlei Bernardino, Fredy Allan, Guilherme Calzavara e Otávio Ortega. O projeto foi idealizado por Aury Porto, que divide a produção com Camila Pitanga e Bia Fonseca. A direção é de Georgette Fadel.
O Duelo está em cartaz em São Paulo até o dia 15 de dezembro, de quinta a domingo ( além das duas sessões extras - nos próximos dias 27 e 11), às 19h30, no Centro Cultural São Paulo.