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'Cidade do café', Trieste é joia a se descobrir na Itália

Capital de Friuli Veneza Giulia também se destaca na cultura

19 dez 2022 - 11h31
(atualizado às 11h37)
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Se é verdade que cidades como Roma, Florença e Veneza costumam concentrar a atenção dos turistas que viajam à Itália, também é fato que locais menos conhecidos possuem seu próprio charme e podem ser destinos ideais para quem foge de grandes aglomerações.

Estátua de James Joyce em ponte sobre canal de Trieste
Estátua de James Joyce em ponte sobre canal de Trieste
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

É o caso de Trieste, cidade de cerca de 200 mil habitantes situada no nordeste italiano, em uma estreita faixa de terra entre o Mar Adriático e a fronteira com a Eslovênia.

Conhecida como "cidade do café", a capital de Friuli Veneza Giulia abriga marcas famosas, como a illycaffè, e outras menos conhecidas, como a Hausbrandt, além de uma série de cafés históricos que servem de porta de entrada para os turistas e onde é preciso estar atento com as palavras para não se revelar imediatamente como estrangeiro.

Para pedir um espresso, por exemplo, basta dizer "nero", enquanto "gocciato" e "capo" são as senhas para um café com pouca espuma ou um cappuccino, respectivamente. Estima-se que os triestinos consumam cerca de 10 quilos de café per capita por ano, gerando toda uma economia em torno da bebida, com cursos de degustação, torrefações e até uma universidade operada pela illy.

Multicultural por natureza, Trieste abriga amplas comunidades sérvio-ortodoxa, grega, eslovena, armênia, protestante, muçulmana e judaica, incluindo a maior sinagoga da Itália.

Bem no centro da cidade, o centenário Antico Caffè San Marco reúne em um único espaço bar, restaurante, livraria e atividades culturais, tudo em meio a magníficos afrescos. A cultura, aliás, é outro cartão de visitas da capital de Friuli Veneza Giulia.

Trieste é uma cidade literarária e ganhará em breve um Museu da Literatura, que ficará diante de uma estátua do escritor local Italo Svevo, que ambientou seus romances nas ruas triestinas. A placa no monumento exibe uma citação de "A consciência de Zeno": "A vida não é feia nem bonita, mas original".

A cidade ainda conta com estátuas de James Joyce, Umberto Saba e Gabriele D'Annunzio, ligado ao município também por seus feitos marítimos. Situada à beira-mar, Trieste é sede no mês de outubro da concorrida regata Barcolana, a mais famosa da Itália.

Mas a redescoberta turística de Trieste também passa pela arte, como o Museu Revoltella, que abriga a rica coleção do barão Pasquale Revoltella (1795-1869), incluindo obras de nomes como De Chirico, Previati e Hayez.

Outro ponto de destaque é o Salão dos Encantos, um importante centro expositivo de arte moderna e contemporânea na orla triestina, situado em um prédio que abrigava no século passado a peixaria central do porto da cidade.

Atualmente, o local abriga uma mostra sobre o misterioso artista de rua britânico Banksy, que fica em cartaz até abril de 2023. Já a gastronomia triestina reflete seu aspecto multicultural.

Um dos pratos mais tradicionais de Trieste é a jota, uma sopa à base de chucrute, feijão, batata e carne de porco defumada, muito consumida nos "buffets", os típicos restaurantes populares da cidade.

Por sua vez, a "pasta e fagioli" (massa e feijão) triestina se caracteriza pelo "disfrito", um roux com farinha e azeite para torrar até dourar e espalhar por cima do prato.

Outras especialidades são o nhoque de ameixa, o liptauer (creme à base de ricota, gorgonzola, manteiga e páprica), o bacalhau amanteigado e a maionese de bacalhau, além do goulash, prato de origem austro-húngara bastante consumido em Trieste. 

Ansa - Brasil
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