Comitê rejeita candidatura do café italiano a patrimônio Unesco
Comissão italiana aceitou, porém, candidatura da ópera lírica
A Comissão Nacional Italiana para a Unesco rejeitou nesta terça-feira (29) a proposta de candidatura da cultura do café expresso no país como patrimônio imaterial da humanidade. No entanto, a reunião deu sinal verde para a proposta da "A arte da ópera lírica italiana".
A candidatura, chamada de "O café expresso italiano entre cultura, rito, sociabilidade e literatura nas comunidades emblemáticas de Veneza a Nápoles", havia sido aprovada por unanimidade pelo Ministério das Políticas Agrícolas e Florestais (Mipaaf) em janeiro deste ano.
No anúncio daquele mês, a pasta informou que o "café é muito mais do que uma simples bebida" na Itália e que faz parte da cultura nacional e de seus ritos sociais em todo o país.
Os motivos para não dar andamento ao pedido não foram informados. Apenas há o destaque de que "o dossiê foi muito apreciado pelos membros da Diretoria".
Já a candidatura sobre a ópera lírica será encaminhada para o Comitê Intergovernamental para a Proteção do Patrimônio Cultural Imaterial para o ciclo de 2023.
"'A arte da ópera lírica italiana' nasceu da evolução da linguagem italiana no século 17 na Itália Central para depois se expandir para toda a península e sucessivamente para o exterior - graças à migração dos cantores líricos e dos produtores teatrais", diz um trecho da decisão.
"A arte do canto lírico jogou historicamente uma função de agregação social através o compartilhamento das competências e capacidades musicais e literárias e a utilização de espaços acústicos naturais ou tradicionalmente delimitados, nos quais não é necessário usar instrumentos tecnológicos de reprodução da voz graças à potência das vozes dos cantores líricos", complementa.
A comissão ainda lembrou que a Itália concorre a outro patrimônio com a proposta "Irrigação tradicional na Europa: conhecimento, técnica e organização" por meio de uma candidatura transnacional com Áustria (que lidera o pedido), Bélgica, Alemanha, Luxemburgo, Países Baixos e Suíça.
A Itália é o país europeu com a maior quantidade de patrimônios mundiais da Unesco com 58 locais ou atividades reconhecidas.
O processo para que o órgão dê o selo é bastante lento, podendo levar anos até sua finalização e possui diversas etapas. O prazo para que a Comissão Intergovernamental dê seu parecer não é definido por conta das análises de dois setores independentes: o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) e a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN).
A única determinação de prazo vem após essas etapas. Com os pareceres encaminhados ao Centro do Patrimônio Mundial, este tem até 16 meses para enviar a candidatura para a sessão anual do comitê responsável pelos tombamentos. .