Clássico romântico encerra temporada com sapatilha de ponta
Companhia paulista apresenta remontagem de “La Sylphide”, considerado o primeiro espetáculo dançado nas pontas dos pés
“La Sylphide” entra em cena para encerrar a temporada da São Paulo Companhia de Dança (SPCD) que, ao todo, ofereceu três diferentes programas neste mês no Teatro Sérgio Cardoso.
A versão brasileira é assinada pelo argentino Mario Galizzi e toma como referência a montagem de 1836 por August Bournonville para o Balé Real da Dinamarca. A primeira montagem é de Fillipo Taglioni, tido como o criador da sapatilha de ponta, e foi apresentada em Paris em 1832.
Foi nesta ocasião que sua filha, a bailarina Marie Taglioni, dançou nos palcos usando a invenção do pai. Um pouco antes, houve outras tentativas, mas as artistas ficavam penduradas por fios. Marie foi a primeira a se equilibrar na ponta dos pés.
Inês Bogéa diz que uma criação é uma folha em branco, já a remontagem está cercada pelo conhecimento que se tem da obra e da reação do público. “Remontá-la foi um grande desafio, pois é nossa primeira obra do século XIX”, conta a diretora artística da companhia.
“Esta obra muda a ideia de palco porque precisamos abrir o chão para surgir o caldeirão de feitiçaria, fazer o voo das bruxas e trazer este conto de fadas”, exemplifica, orientando que a temática reúne temas atemporais, como amor, maldade, ilusão, sonho, adivinhação.
A história é divida em dois atos. No primeiro, uma casa na Escócia prepara uma festa de casamento entre o camponês James e Effie, onde seres imaginários entram como penetras. No segundo, o ambiente é uma floresta. “Adentramos um universo da natureza mais ampla, onde tudo é desconhecido”, diz Inês. E lá, o camponês se apaixona pela sílfide, criando a sua idealização do amor. Mas, também é vítima dos feitiços de uma bruxa.
A obra foi incorporada ao repertório da SPCD em 2014. “Sempre atualizamos. Galizzi colocou na nossa versão três sílfides voando”, conta a diretora informando que cada montagem tem suas particularidades. “Nos mantemos fiel ao original. Escolhemos artistas brasileiros para cenário e figurino. Deu muito certo”.
Inês relembra que a figurinista Beth Filipecki fez uma pesquisa para os trajes de época das personagens. Marilda Fontes teve uma missão especial. “Ela criou um truque para as asas das sílfides. Ensaiamos muito para caírem no momento exato”.
A diretora ressalta ainda que há muito interesse pelas peças clássicas, pois as pessoas querem ter contato com as obras ao vivo. “A dança é uma arte viva que se realiza plenamente no encontro da plateia com os artistas. Assistir um balé é o que há de mais humano”, declara Inês. “A plateia move o palco e o palco move a plateia. É muito bonito ver o teatro como templo de encontro das pessoas", conclui.
“La Sylphide”
São Paulo Companhia de Dança
20 e 25 de junho, 21h
21 de junho, 18h
26 de junho, 21h30
27 de junho, 15h e 21h
28 de junho, 18h
Teatro Sérgio Cardoso
R$ 30
Ingressos pelo www.ingressorapido.com.br