Ex-rainha de Carnaval luta contra doença com fé e elegância
Marcinha depende de medicação onerosa para combater os mesmos efeitos de um câncer linfático
Maria Aparecida de Souza é o nome de batismo de Marcinha, a Rainha das Rainhas. É assim que a paranaense ficou conhecida por vencer vários concursos de beleza e ser eleita seis vezes Rainha do Carnaval de Curitiba. Ela acumulou também muitos títulos de princesa – no total, ganhou 13 faixas.
Na década de 2000, a ex-empregada doméstica se tornou uma beldade famosa que aparecia em jornais, revistas e programas de TV. Fazia sucesso até entre as crianças. Interagia tanto com os pequenos foliões que ganhou o apelido de ‘Xuxa preta’.
“Elas pulavam quando me viam, de tanta alegria”, relembra. “Eu retirava plumas da minha fantasia para presentear as meninas e os meninos também. Comigo, todos se sentiam princesas e príncipes por um momento.”
As fantasias custavam até 7 mil reais. Algumas foram produzidas em ateliês renomados no Rio de Janeiro. “Vivi uma época mágica no Carnaval”, diz Márcia, saudosa. “Parei de participar dos concursos, porém jamais deixei de ser tratada como uma rainha por todos os foliões.”
A vida da passista começou a mudar radicalmente em 2017, quando foi diagnosticada com a doença de Castleman, que se assemelha a um câncer linfático. “Faço sessões de quimioterapia e tomo corticoides, o que me fez engordar muito”, explica Márcia. “Agora recebo uma medicação nova que demora nove horas para ser aplicada a cada sessão.”
Esse remédio de alto custo – não disponível no SUS – foi conseguido inicialmente por meio de decisão judicial. Mas um juiz negou a requisição para que o Estado forneça novas doses. “Meu oncologista disse que preciso dessa medicação para ficar curada.”
Mesmo temerosa com o risco de agravamento da saúde, a ex-rainha não perde a fé. “Minha família me dá forças”, conta. Casada há 34 anos com o francês Jacques Coutant, Márcia tem sete filhos – um do primeiro casamento, quatro com o atual marido e dois ‘do coração’ (sobrinhos adotados quando a irmã morreu). O mais velho está com 38 anos; o caçula tem 18.
Recentemente, a eterna diva do Carnaval paranaense voltou a brilhar diante dos flashes. Posou para um ensaio de moda festa a convite de Edson Eddel, estilista que defende a moda inclusiva para todos os perfis de mulheres, inclusive gordas, baixas, portadoras de nanismo e cadeirantes.
“Fotografar usando lindos vestidos foi um presente que recebi do Edson”, diz Márcia. “Melhorou muito a minha autoestima e quero usar minha luta contra a doença para inspirar outras mulheres que enfrentam problema semelhante. Não podemos desistir de viver.”
O designer já promoveu várias ações sociais usando a moda para estimular o bem-estar emocional de mulheres fragilizadas. “Ao vestir um traje luxuoso, elas se sentem bonitas e empoderadas”, afirma Eddel. “Recuperar a vaidade é fundamental para derrotar qualquer doença.”