As cinco noites de apresentações (6 a 10 de maio) da terceira edição do Festival O Boticário na Dança foram marcadas pela renovação. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, as seis companhias, cada uma à sua maneira, mostraram como a dança pode ser mágica, envolvente e em alguns momentos surpreendentes.
Os curadores Dieter Jaenicke e Sheyla Costa, responsáveis pela escolha dos espetáculos, alinharam com inteligência e perspicácia os significados do "renovar". Aos artistas convidados, coube a tarefa de traduzi-los em dança.
“Regenerar-se” foi a informação compartilhada pela dupla Akram Khan e Israel Galván. Os coreógrafos viajaram às suas origens e buscaram no próprio DNA a razão pela qual dançaram, tornando-se eles mesmos ícones da renovação das tradições indiana e espanhola. Eles abriram o Festival com “Torobaka” sob muitos aplausos na quarta (6) e repetiram a dose no Rio dois dias depois.
“Rejuvenescer” foi um caminho possível mostrado pelo Cullberg Ballet, que voltou ao Brasil revigorado, potente e elegante às vésperas de completar 50 anos. E a companhia não veio sozinha. Apresentou uma obra do visionário Édouard Lock com “11th Floor”, atração de São Paulo na quinta (7) e do Rio no sábado (9).
“Restaurar” foi o que nos ensinou mais uma vez o mestre da cultura popular brasileira Antonio Nóbrega, que, com sua companhia, demonstrou como dar nova forma ao passado. O Festival OBND marcou a estreia mundial de “PAI”, em São Paulo, na sexta (8).
“Restabelecer-se” por jeitos diferentes foi a mensagem de Michael Clark, que fez muito barulho para, no fim, exibir movimentos silenciosos com seus bailarinos. Clark trouxe as provocações de “animal / vegetable / mineral” para Rio (7) e São Paulo (9). Na capital paulista, apresentou também “come, been and gone” para a plateia do Parque Ibirapuera no domingo (10).
Em São Paulo, as apresentações do Festival O Boticário na Dança aconteceram no Auditório Ibirapuera. O sucesso foi tanto que os ingressos se esgotaram antes mesmo do evento começar
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
No Rio de Janeiro, as apresentações do Festival O Boticário na Dança aconteceram no Theatro Municipal, a principal casa de espetáculos dos cariocas
Foto: Felipe Assumpção/AgNews / Cross Content
Espetáculo "Torobaka", de Akram Khan e Israel Galván, na abertura do Festival O Boticário na Dança, em São Paulo, com auditório lotado
Foto: Mario Miranda Filho/ Festival O Boticário na Dança / Divulgação
O espetáculo “Torobaka”, em São Paulo, é uma fusão de dança espanhola e indiana
Foto: Mario Miranda Filho/ Festival O Boticário na Dança / Divulgação
O Cullberg Ballet apresentou o "11th Floor" na segunda noite do Festival O Boticário na Dança, em São Paulo
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
O aguardado espetáculo "11th Floor" foi coreografado por Edouard Lock
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
Espetáculo “PAI”, de Antonio Nóbrega, fez sua estreia mundial na sexta (8) na programação do Festival O Boticário na Dança, em São Paulo
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
Apresentação da Cia. Antonio Nóbrega de Dança no terceiro dia do Festival O Boticário na Dança, em São Paulo
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
A apresentação do sábado (9) no Festival O Boticário na Dança, em São Paulo, contou com Michael Clark e o espetáculo “animal / vegetable / mineral”
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Michael Clark desconstruiu e encantou no festival de dança. O público ficou instigado pelas provocações e sensações perturbadoras do espetáculo do artista mais punk da dança
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Espetáculo da Raça Cia. de Dança no último dia de apresentações do Festival O Boticário na Dança, em São Paulo
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
Ao ar livre, no Parque Ibirapuera, a Raça Cia. de Dança apresentou o espetáculo “Tango sob Dois Olhares”
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
Exibição da Michael Clark Company no último dia de apresentações do Festival O Boticário na Dança, em São Paulo
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
Projeção de David Bowie na exibição da Michael Clark Company no último dia de apresentações do Festival O Boticário na Dança. As músicas do inglês serviram de inspiração para a peça
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
A Michael Clark Company apresentou o espetáculo "animal/ vegetable/ mineral" com a plateia lotada por famosos na abertura do Festival O Boticário na Dança no Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Foto: Fabrício Menicucci/ Festival O Boticário na Dança / Disco Virtual
Michael Clark Company foi ovacionada em noite de abertura do Festival O Boticário na Dança no Theatro Municipal do Rio de Janeiro
Foto: Fabrício Menicucci/ Festival O Boticário na Dança / Divulgação
Clima noir atraiu os cariocas para espetáculo “11th Floor”, apresentado pelo Cullberg Ballet no sábado, no Theatro Municipal
Foto: Felipe Assumpção/AgNews / Cross Content
Cena do espetáculo “11th Floor”, atração apresentada pelo Cullberg Ballet no sábado (9), no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.
Foto: Felipe Assumpção/AgNews / Cross Content
Akram Khan e Israel Galván repetiram o sucesso de “Torobaka” no Rio
Foto: Murillo Tinoco / Festival O Boticário na Dança
Apresentação de Akram Khan e Israel Galván com o espetáculo “Torobaka”, no Rio de Janeiro
Foto: Murillo Tinoco / Festival O Boticário na Dança
Balé da Cidade de São Paulo se apresentou no Theatro Municipal, no Rio de Janeiro, com as peças “Cantata” e “Cacti”
Foto: Janaína Miranda / Festival O Boticário na Dança
No último dia de apresentações do Festival OBND, o Balé da Cidade de São Paulo exibiu o espetáculo “Cantata” e “Cacti”
Foto: Janaína Miranda / Festival O Boticário na Dança
O ator Eduardo Moscovis marcou presença no Festival OBND. Ele assistiu Akram Khan na noite de abertura em São Paulo
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
Ana Botafogo, madrinha do programa de patrocínios de O Boticário, esteve três dias no Festival OBND. Quarta (6) foi à abertura em São Paulo, quinta (7) prestigiou Michael Clark e sexta (8) assistiu ao Cullberg Ballet, ambos no Rio
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
O diretor de teatro Nilton Travesso, ao lado da mulher, a bailarina e pesquisadora Marilu Torres, se emocionou no espetáculo "PAI" de Antonio Nóbrega. “Não tinha como não me emocionar”, declarou Travesso
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
O público caprichou no visual para o Festival O Boticário na Dança em São Paulo
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
O representante comercial Erik Oliveira foi pela primeira vez em um espetáculo de dança. Ele foi acompanhado da filha, Sofia, fã de balé, que o convidou para a nova experiência. Erik gostou tanto que voltou no domingo para assistir a Raça Cia. de Dança e Michael Clark no Ibirapuera
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
Tobi Maier, crítico e curador de arte, já conhecia o trabalho de Michael Clark, que teve a oportunidade de ver em Nova York. Mas não perdeu a chance de assistir a mais um espetáculo da companhia, ao lado de Joana Barossi
Foto: Gabriela Portilho / Cross Content
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“Recomeçar” foi o exemplo que a Raça Cia. de Dança nos deu. Não importa a dificuldade, haverá pelo menos “dois olhares” para o mesmo tango, para a mesma tragédia, para a mesma felicidade. “Tango Sob Dois Olhares” também foi apresentado no domingo, no Ibirapuera.
Substituir por coisa nova e da mesma espécie foi o resumo de toda a trajetória do Balé da Cidade de São Paulo que, seja em sua luta diária ou nas peças que apresenta, é a expressão de que é preciso dar abertura à dinâmica transformadora da vida, porém, sem perder a essência jamais. Foi isso que os cariocas puderam ver no domingo, com as peças “Cantata” e “Cacti”.
Todas as companhias se orgulham de poder trabalhar com suas memórias, seu passado. Pois é mantendo este patrimônio restaurado que a renovação se apresenta em sua mais ampla ação: o movimento.
Um panorama tão amplo quanto este conseguiu atrair um público diverso. Habitués se misturaram aos novatos, que pela primeira vez viam um espetáculo de dança ao vivo. Pessoas de todas as idades, famílias inteiras. Uma comunhão que só a dança pôde proporcionar em cinco dias incríveis.