"Já fui a bailarina da coxa grossa", diz Cláudia Raia
Em entrevista exclusiva ao Terra, a bailarina, atriz e cantora conta sobre o início de sua carreira e sua trajetória de sucesso
Quem vê Cláudia Raia hoje pode não se dar conta de toda a lista de sucessos dos quais ela participou no teatro, cinema e televisão. Muito antes de viver a engraçadíssima Samantha, de “Alto Astral”, a vilã Lívia Marine, de “Salve Jorge”, e a perseguida Donatella, de “A Favorita”, Cláudia trilhou um longo e brilhante caminho fora das telas. Começou no balé e até hoje atua como uma grande divulgadora da dança, para a qual fez da TV uma interessante plataforma.
Aos 48 anos, Cláudia faz aulas de dança todas as semanas e se prepara para um novo projeto no teatro em São Paulo, “Chaplin, o Musical”, com estreia prevista para maio.
Nesta entrevista exclusiva ao Terra, ela relembra o início de sua formação como bailarina, em Campinas (SP), na academia de artes fundada pela sua mãe. Revela quem foram seus mestres e conta uma série de curiosidades sobre sua trajetória como bailarina, que, além do Brasil, contou com temporadas em Buenos Aires e em Nova York.
Terra – Que motivos levaram você a começar a dançar?
Cláudia Raia – Brinco que comecei a dançar quando ainda estava na barriga da minha mãe, já que minha mãe, Odette, era bailarina. Quando nasci, ela dava aula para minha irmã mais velha, Olenka Raia, e para as amigas na Academia de Artes Odette Motta Raia.
Terra – Quem foram seus mestres e que técnicas você estudou?
Cláudia – Gil Saboya, Toshie Kobayashi, Márika Gidali. Mas meu grande mestre foi Lennie Dale. O balé clássico foi o meu primeiro contato com a dança. À medida que eu fui crescendo, fazia aulas de várias outras modalidades na Academia.
Terra – Como foi sua trajetória como bailarina antes de ingressar na TV?
Cláudia – Participava de todos os espetáculos que a minha mãe montava na Academia. Mas, profissionalmente, foi quando tinha 15 anos. Fiz uma viagem com minha avó a Buenos Aires e vi que havia uma audição para bailarinas no Teatro Colón. Participei da audição sem compromisso, mas estava bem preparada. Fui aprovada e fiquei por um ano e meio. Acabei no time das primeiras-bailarinas do Colón, fazendo o espetáculo “Romeu & Julieta”. Nesse período, também trabalhei no musical “Sexytante”, com Susana Giménez, no Teatro El Nacional. Voltei ao Brasil e logo que cheguei fiz o teste para o “Chorus Line” e passei.
Terra – Em qual das novelas você acha que mais usou suas habilidades como bailarina?
Cláudia – Acho que foi em “Rainha da Sucata”, na qual que eu fazia a Adriana, a bailarina da coxa grossa.
Terra – Você é considerada por muitos como a grande divulgadora da dança na TV. Sua imagem esteve sempre associada à dança, especialmente, após “Não Fuja da Raia”. Qual foi, em sua opinião, a principal contribuição do programa para a dança?
Cláudia – Foi ali que introduzi a sementinha da Broadway no público brasileiro. O programa tinha elementos do teatro de revista para que o público se acostumasse com os musicais. De lá, pude evoluir com os meus musicais e passei a introduzir cada vez mais os elementos dos musicais da Broadway. Hoje, fico muito feliz em ver tantos musicais em cartaz. Alguns da Broadway, outros totalmente brasileiros, tem para todos os gostos. Fico muito feliz e orgulhosa em ter contribuído para a história do teatro musical brasileiro.
Terra – Você protagonizou no teatro grandes sucessos como “O Beijo da Mulher Aranha”, “Sweet Charity”, “Cabaret” e “Crazy for You”. O que você destacaria em cada um deles em relação a sua atuação como bailarina?
Cláudia – Cada um deles me exigiu como bailarina de uma forma diferente. “Crazy for You” me exigiu como bailarina e como sapateadora, foi meu último grande desafio.
Terra – Quais são suas referências no mundo da dança?
Cláudia – Quando eu tinha 13 anos, Lennie Dale me disse “você nasceu com duas coisas: sorte e talento. Se você não for uma estrela, eu te mato!” E me mandou fazer aulas de dança em Nova York. Ele, com certeza, foi meu mentor, minha referência.
Terra – Que tipos de treinamento você faz atualmente?
Cláudia – Faço aulas de dança toda semana. Se eu paro, meu corpo não funciona direito. É como se eu precisasse de um óleo para fazer as engrenagens do meu corpo funcionar, sabe? O exercício pra mim é isso.