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Jarbas Homem de Mello mostra seu flamenco em ópera no TMSP

A versão brasileira de “Ainadamar” está repleta de novidades incluindo música eletrônica e sonoridade criada pela dança espanhola

21 abr 2015 - 09h00
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Ópera com jeitão de musical? Sim. Esta é a proposta do diretor Caetano Vilela para “Ainadamar” que estreia nesta quarta (22) no Theatro Municipal de São Paulo (TMSP). Para realizar a façanha, ele criou um papel exclusivo para o ator e dançarino Jarbas Homem de Mello e trouxe da Espanha o coreógrafo Marco Berriel para transformar dança flamenca em sinfonia.

Jarbas Homem de Mello traz bagagem de flamenco e dos musicais para a ópera
Jarbas Homem de Mello traz bagagem de flamenco e dos musicais para a ópera
Foto: Desiree Furoni / Divulgação

“Meu papel é uma das novidades desta versão brasileira”, anuncia Homem de Mello. Diferentemente da versão original, o papel de Federico García Lorca é vivido duplamente pelo ator e dançarino, que representa uma espécie de ‘consciência’ do escritor, e também pelo cantor Luigi Schifano. As inovações da montagem incluem música eletrônica, microfonagem e a sonoridade do canto e do sapateado flamenco.

Berriel explica que seu desafio foi criar um flamenco contemporâneo, bem diferente do tradicional. “Os sapateados, por exemplo, criam um ambiente sonoro que ajuda na narrativa”, conta ele elogiando a energia e a força de vontade dos bailarinos que encontrou por aqui.

A dança típica da região da Andaluzia é conhecida por sua intensidade. “Se não dançar com a alma, não se dança flamenco”, define Homem de Mello, que considera ser essa a técnica mais difícil que treinou até hoje. O dançarino, que foi diretor cênico da Cia. Bailado Flamenca Juçara Corrêa por mais de dez anos, lembra da alegria de trabalhar com Berriel. “Ele é uma fera”, confessa.

“É muito difícil criar algo flamenco fora da Espanha”, revela Berriel, advertindo sobre os riscos de se fabricar apenas um “cartão postal”. Segundo ele, a montagem brasileira da ópera que retrata o assassinato do escritor espanhol é dinâmica e tem grande carga emocional e poética. “É uma visão do ‘teatro dentro do teatro’ que nos auxilia a visitar o mundo de García Lorca”.

Considerada uma obra de forte apelo político, ela aborda a perseguição daquele que ficou conhecido como um defensor da liberdade de expressão artística. “O tema é especial para o momento que estamos vivendo”, contextualiza Homem de Mello.

“Ainadamar”, em árabe, significa fonte de lágrimas. A ópera foi composta pelo argentino Osvaldo Golijov. Com libreto escrito por David Henry Hwang, a estreia mundial ocorreu em 2005, na The Santa Fe Opera, nos Estados Unidos. O enredo é uma alusão ao último dia de vida da atriz catalã Margarida Xirgu (1888-1969), que exilada no Uruguai pela ditadura franquista, relembra a amizade com o poeta e dramaturgo Federico García Lorca (1898-1936), morto por fuzilamento durante a Guerra Civil Espanhola.

A noite contemplerá também a estreia mundial da encenação da ópera “Um Homem Só”, do brasileiro Mozart Camargo Guarnieri. A regência deste programa duplo será pela batuta do chileno-suíço Rodolfo Fischer.

“Um Homem Só” / “Ainadamar”

Theatro Municipal de São Paulo

22, 24, 28 e 30 de abril, às 20h

26 de abril, às 18h

2 de maio, às 20h

R$ 50 a R$ 120

Ingressos a venda pelo www.compreingressos.com

Fonte: Terra
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