SPCD faz estreia de argentino e reapresenta brasileiros
Segundo programa da ocupação da companhia no Teatro Sérgio Cardoso no mês de junho apresenta três coreografias
Dando continuidade a sua “Ocupação” no Teatro Sérgio Cardoso, a São Paulo Companhia de Dança (SPDC) faz estreia de “Litoral”, do argentino Mauricio Wainrot, e reapresenta obras de Jomar Mesquita e de Cassi Abranches.
Segundo a diretora artística da SPDC, Inês Bogéa, o Programa II reúne de 11 e 14 de junho obras criadas exclusivamente para a companhia. “Percebemos o acento muito particular dos coreógrafos e as fontes onde cada um se nutre”, diz ela, complementando que os criadores contemporâneos também dialogam por meio da diferença.
A noite começa com “Mamihlapinatapai”, de Jomar Mesquita com colaboração de Rodrigo de Castro. O título (quase impronunciável) é de origem indígena. “Seu significado tinha a ver com o que estava sendo trabalhado na coreografia”, lembra o coreógrafo.
“Duas pessoas têm o mesmo desejo, mas é no olhar que uma convence a outra”, resume a diretora artística, explicando o nome do espetáculo, de 2012, que usa como base a dança de salão. “Usei fundamentos da técnica para fazer com que os bailarinos da SPCD criassem a conexão necessária com seus parceiros”, revela Mesquita.
Inês diz que, após a estreia, a obra cresceu e o coreógrafo foi chamado, em 2013, para verificar se eram necessários ajustes. “Ele decidiu então introduzir a música ‘As rosas não falam’”. A coreografia mostra na maior parte do tempo casais dançando.
Na sequência, será apresentada “GEN”. “É uma transição. Trata da minha passagem de bailarina para coreógrafa”, assume Cassi Abranches, que coreografou a peça no ano passado. “Percebe-se muitas influências do Rodrigo Pederneiras. Mas ela tem uma assinatura muito própria”, reconhece Inês lembrando que Cassi integrou o elenco do Grupo Corpo por doze anos.
Alegria contagiante
A noite será encerrada no “Litoral” de Mauricio Wainrot. “Ele trouxe músicas argentinas que dialogam com o sul do nosso País”, conta Inês, anunciando que a alegria característica do coreógrafo contagiou os bailarinos.
Wairot é o atual diretor do Ballet Contemporáneo del Teatro San Martín em Buenos Aires e um nome expressivo na dança feita na América Latina. Na sua coreografia, o argentino buscou inspiração na cultura da faixa que vai dos pampas à costa de seu país para fazer contrapontos entre o popular e o erudito, o suave e o denso.
“Não é a geografia que me inspira. É a música destes lugares”, diz o argentino que além da diversidade musical elogia a diversidade do repertório corporal dos bailarinos. “Eles vão desde o clássico ao contemporâneo. São os bailarinos que qualquer coreógrafo gostaria de trabalhar em uma criação”, complementa ele agradecendo o profissionalismo da equipe SPCD. “Isto é raro. A SPCD é uma grande companhia internacional”.
Dentro da “Ocupação SPCD”, a companhia ainda apresentará o Programa III, de 20 a 28 de junho, com a remontagem “La Sylphide”, de Mario Galizzi, a partir da versão de 1836, de August Bournonville. Todas as sessões terão recursos de audiodescrição para cegos, legendagem e interpretação em libras.
Também será realizada a atividade “Por Dentro do Espetáculo”, na qual a diretora artística e dois bailarinos encontram o público para falar sobre os bastidores e curiosidades da apresentação da noite. O encontro será feito no terceiro andar do teatro 45 minutos antes do início da sessão.
Nos dias 12, 19 e 26 de junho, às 15h, a companhia fará apresentações gratuitas para estudantes e pessoas da terceira idade, com distribuição de material didático impresso e bate-papo da diretora com a plateia, que também realiza atividades lúdicas ligadas à dança.
“Mamihlapinatapai”, “GEN” e “Litoral”
São Paulo Companhia de Dança
Teatro Sérgio Cardoso
R$ 30
11 e 13 de junho, 21h
12 de junho, 21h30
14 de junho, 18h