Fernando Botero: pintor e escultor colombiano morre aos 91 anos
Fernando Botero, o mais renomado pintor e escultor colombiano da história, morreu aos 91 anos.
Fernando Botero, o mais renomado pintor e escultor colombiano da história, morreu aos 91 anos.
Os meios de comunicação colombianos noticiaram nesta sexta-feira (15/9) que o artista morreu após sofrer de pneumonia e teve de ser tratado num hospital no norte de Itália, onde vivia há décadas.
Sua esposa, a artista Sophia Vari, morreu há cinco meses.
As obras de Botero, que foram leiloadas por até US$ 2 milhões (quase R$ 10 milhões), correram o mundo: suas pinturas, destacadas por grandes figuras, chegaram aos mais importantes museus e suas esculturas em aço foram colocadas em ruas e praças das grandes capitais.
Personalidades como o presidente colombiano Gustavo Petro e o ex-presidente Juan Manuel Santos juntaram-se às mensagens de condolências vindas do mundo da arte internacional.
Arte religiosa e touradas, suas primeiras fontes
Botero nasceu em 19 de abril de 1932 em Medellín, segunda maior cidade da Colômbia. Seu pai, David, era um comerciante que morreu aos 40 anos. Sua mãe, Flora Angulo, morreu em 1972.
Diferentes biografias do artista relatam que, embora não tenha sido criado em uma família religiosa, seu primeiro contato com a arte foi através da religião, faceta fundamental na sociedade colombiana da época.
Em Medellín, na primeira metade do século 20, havia muito mais igrejas com vitrais e altares do que museus.
De fato, hoje o Museu de Antioquia, o mais importante da cidade, dedica grande parte de seu acervo ao mestre Botero, que foi um dos mais importantes promotores da instituição.
Depois de estudar alguns anos na escola comum, aos 12 anos, Botero ingressou numa escola de toureiros em Medellín, formação que marcou sua vida e sua obra.
Aos 16 anos, ele vendeu sua primeira obra em um mercado de Medellín, com estética influenciada pelo universo das touradas.
Segundo o artista, o adolescente Botero foi expulso do Ensino Médio por um artigo que escreveu sobre Picasso e por seus desenhos, que segundo os padres da escola eram pornográficos.
Suas ilustrações foram publicadas pelo jornal El Colombiano, o mais importante da cidade, e com seu salário financiou o término do Ensino Médio e as primeiras viagens que o levaram à Europa e aos Estados Unidos.
Crítica ao nacionalismo dos anos 50 na América Latina
Na década de 1950, Botero chegou à capital Bogotá e começou a conviver com os artistas de vanguarda da época, cuja obra era marcada pelo indigenismo e nacionalismo.
Fez duas exposições, um mural importante, ganhou um prêmio e assim obteve recursos para se mudar para Madrid, na Espanha, e depois para Paris, na França.
No final da década de 1950, Botero retornou à Colômbia e casou-se com Gloria Zea, renomada gestora e colecionadora cultural com quem foi morar no México.
A partir daí, Botero desenvolveu uma leitura crítica da arte nacionalista proposta pelos muralistas mexicanos, bem como da arte moderna que era ensinada na Europa.
E começou a consolidar aquela que seria a linha que o tornaria conhecido em todo o mundo, marcada por naturezas mortas e volumes ampliados com cores muito vivas.
"Na primeira vez que foi à Europa, Botero enlouqueceu com o Renascimento, não gostava de arte moderna e depois decidiu fazer uma fusão entre arte vanguardista e figurativa", afirma Jaime Cerón, curador e crítico de arte.
"Lá ele desenvolve uma inovação cromática, que é que a pintura pode parecer vermelha, mas tem muito mais cores, conseguindo uma atmosfera que parece gerar uma harmonia invisível. Foi algo muito inovador para a época", afirma o especialista.
Mas não foram só as cores: foi lá que Botero fez sua versão volumosa da Mona Lisa, por exemplo, uma ousadia transgressora.
"Isso faz dele o ponta de lança da geração do seu tempo, porque procurava universalizar elementos da cultura antioquina [do departamento de Antioquia, na Colômbia] sem cair na glorificação nacionalista", diz Cerón.