Script = https://s1.trrsf.com/update-1732903508/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

Guerra coloca em risco patrimônios culturais na Ucrânia

Ao menos 80 bens foram danificados durante invasão russa

6 mai 2022 - 16h58
Compartilhar
Exibir comentários

Por Luciana Ribeiro - Desde o início da invasão russa à Ucrânia, em 24 de fevereiro, cada dia de guerra apresenta um novo desafio para a proteção não apenas da população civil, mas também dos bens culturais do país.

    Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o conflito já provocou danos totais ou parciais em pelo menos 80 locais de valor histórico, cultural ou religioso, incluindo igrejas, prédios, museus e monumentos de oito regiões.

    Kharkiv, no nordeste do país, é uma das regiões mais afetadas e contabiliza danos causados por bombardeios russos no Memorial do Holocausto, no Teatro Nacional de Ópera e Balé e no Museu de Arte, entre outros.

    No entanto, até o momento não há registro de danos nos patrimônios tombados pela Unesco na Ucrânia, incluindo a Catedral de Santa Sofia, em Kiev, e o centro histórico de Lviv.

    Em entrevista à ANSA, a pesquisadora Izabela Tamaso, professora da Universidade Federal de Goiás e especialista em preservação do patrimônio, diz que locais históricos são afetados não apenas por bombas e tiros, mas também pelo "esgarçamento dos tecidos simbólicos e culturais" de um país.

    "O impacto é tanto pelas perdas humanas, de fatalidade, de perda de vida, como pelas perdas da fuga de ucranianos do país. Não existe patrimônio sem gente", afirma.

    A pesquisadora ressalta que a guerra faz as pessoas saírem "de bairros e sistemas simbólicos menores, onde patrimônios são compartilhados ao longo de séculos e décadas".

    "Com as mortes e fugas das pessoas, dos mestres, artesãos e anciãos que transmitem esses saberes, a gente tem um esgarçamento da transmissão dessas tradições, e isso, a médio e longo prazo, pode ter um impacto muito grande na cultura da Ucrânia de maneira geral", afirma.

    Segundo Tamaso, embora prédios e monumentos sejam fundamentais para a história da humanidade e do leste europeu, essa materialidade pode ser reconstruída, mas a perda humana não se refaz.

    A ONU estima que mais de 1,4 mil civis morreram desde o início da invasão, mas acredita-se que o número real de vítimas é muito maior. Além disso, mais de 5 milhões de pessoas já fugiram do país por causa da guerra.

    "A perda de um conjunto de sistemas simbólicos e culturais que porta signos, valores, uma visão de mundo... Uma vez esgarçado, a recomposição é muito mais complexa do que a reconstrução de uma edificação", conclui Tamaso.

    Proteção - Em comunicado divulgado recentemente, a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, informou que "o patrimônio cultural precisa ser protegido como um testemunho do passado, mas também como catalisador da coesão para o futuro, sendo que a comunidade internacional tem o dever de preservar".

    Desde o início da invasão, a Unesco e outras instituições internacionais iniciaram várias iniciativas para proteger locais e bens culturais, incluindo a criação de um sistema de monitoramento por satélite.

    O governo da Itália, por exemplo, instituiu uma força-tarefa destinada a proteger patrimônios culturais ameaçados por conflitos armados ou fenômenos naturais ao redor do mundo.

    A Unesco e as autoridades da Ucrânia trabalham para marcar esses locais no país com o distintivo "Escudo Azul" da Convenção de 1954 para a Proteção da Propriedade Cultural durante Conflito Armado.

    Na tentativa de preservar a memória ucraniana, já existe um projeto para ajudar cidadãos a "capturar qualquer coisa que eles julguem culturalmente significante". A iniciativa "Backup Ukraine" prevê o escaneamento e armazenamento online em 3D de bens culturais do país.

    "A tecnologia está aí para ser usada. Toda alternativa precisa ser acionada. É possível a recuperação de um sistema simbólico, de uma prática, de um saber fazer determinada arte, que é passado de geração em geração, mas precisa de suporte das instituições", afirma Tamaso.

Ansa - Brasil
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade