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Incansável, B.B. King levou o blues ao grande público

15 mai 2015 - 08h23
(atualizado às 09h11)
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Quando o ônibus estacionou em frente à casa de shows, B.B. King deu uma bronca no motorista por tê-lo trazido ao local errado. Afinal, ele só podia ver brancos na fila de entrada.

BB King
BB King
Foto: BBC Mundo

O ano era 1968, e embora os Estados Unidos tivessem proibido a segregação racial quatro anos antes, a situação estava longe de ser harmoniosa. O músico perdera a conta de quantas vezes tinha sofrido discriminações pessoais e profissionais.

Mas aquele concerto, no Fillmore West, em San Francisco, ficou marcado pelos longos aplausos de pé que a plateia predominantemente branca deu a B.B. King.

Incêndio

Ídolo de gerações de músicos, e influência seminal na carreira de músicos como Eric Clapton, Stevie Ray Vaughan e os Rolling Stones, B.B. King morreu na madrugada desta sexta-feira, em Las Vegas, aos 89 anos. Segundo um porta-voz, o guitarrista, que tinha sido internado havia algumas semanas por complicações decorrentes da diabetes, morreu durante o sono.

"Figurinha fácil" nas listas de maiores guitarristas da história publicadas por revistas especializadas em música, B.B. King nasceu Riley B. King, em Indianola, no Estado americano do Mississippi, em setembro de 1925. Filho de lavradores, ele passou parte de sua infância trabalhando em plantações de algodão para ajudar os pais.

Eram tempos duros, mas foi nas plantações que o então menino ouviu pela primeira vez as canções de blues entoadas por trabalhadores rurais mais velhos. O gênero musical que B.B. King ajudaria a levar de uma audiência puramente negra para um grande público.

Como muitos músicos do sul dos Estados Unidos, B.B. King aperfeiçoou sua técnica musical tocando em igrejas, mas em 1947 ele tomou o rumo de Memphis, tocando na rua em troca de gorjetas até conseguir um emprego como disc-jóquei na estação de rádio WDIA.

Seu pseudônimo surgiria de uma mistura de seu nome real com o apelido Beale Street Blues Boy, que faz referência à uma famosa rua boêmia de Memphis. Mas sua reputação como guitarrista também cresceu no circuito da bares de blues da cidade.

Foi num desses shows que B.B. King por pouco não morreu, durante um incêndio causado por um briga de bar: ele voltou para dentro do prédio em chamas quando percebeu que tinha deixado por lá sua guitarra Gibson L-30. O instrumento depois foi rebatizado com o nome da mulher que tinha sido o pivô da confusão, Lucille.

"Quase morri tentando salvar minha guitarra. Pus o nome de Lucille nela para me lembrar de nunca mais fazer algo parecido", brincou B.B. King, numa entrevista publicada para o site do fabricante da guitarra, publicada no ano passado.

Segregação

Em 1949, o guitarrista lançou seu primeiro álbum e, dois anos depois, chegava pela primeira vez ao topo das paradas de blues com o single Three O'Clock Blues, que ficou no posto de número um por 17 semanas.

Muitas de suas primeiras gravações foram produzidas por Sam Phillips, o fundador da Sun Records, a legendária gravadora que lançaria nomes como Elvis Presley e Johnny Cash.

O músico fez mais de 15 mil shows em sua carreira

O sucesso levou B.B. King a uma intensa agenda de turnês que incluiu o chamado Chittlin' Circuit, uma série de locais de shows no sul dos EUA em que negros podiam tocar para plateias segregadas "em segurança".

"Aguentei mais humilhação do que consigo me lembrar", contou King. "Sair em turnê pela América segregada e toda hora ser incomodado por policiais brancos foi algo que me machucou".

Nos anos 60, o sucesso de bandas britânicas como os Rolling Stones, Yarbirds e os Animals, influenciadas por bluesmen como B.B. King e Muddy Waters, levaram o blues para uma audiência mais generalizada.

Mas o apelo de B.B. King transcendeu o blues: em 2000, por exemplo, ele gravou com o U2 a música When Love Comes to Town.

Ele jamais parou de fazer turnês, mesmo quando chegou aos 80 anos, e se apresentou várias vezes no Brasil.

Uma vez perguntado sobre a razão de insistir no longo calendário de shows, B.B. King afirmou que era simplesmente uma questão de devoção a sua arte.

"Aposentadoria? Nunca vou usar essa palavra".

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