Itália candidata antiga estrada romana 'Via Appia' para patrimônio Unesco
Candidatura reúne 4 regiões e mais de 70 cidades italianas
A antiga Via Appia, uma das mais importantes e históricas estradas romanas, foi protocolada como candidata à patrimônio cultural da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), informaram autoridades italianas nesta terça-feira (10).
O protocolo foi assinado por quatro regiões do país - Lazio, Campânia, Basilicata e Puglia -, 12 províncias e áreas metropolitanas, 73 cidades, 15 parques, a Pontifícia Comissão para Arqueologia Sacra do Vaticano e 25 universidades italianas e estrangeiras.
A candidatura foi batizada de "Via Appia, Regina Viarum" ("Via Appia, Rainha das Estradas", em tradução livre) e é promovida e endossada pelo governo da Itália por meio do Ministério da Cultura.
Com 900 quilômetros de extensão, a estrada é conhecida não só por seu longo comprimento ligando Roma a Brindisi, mas também por muitas histórias da antiguidade, lutas militares, cultura e trocas comerciais.
O subsecretário do Ministério da Cultura, Gianmarco Mazzi, ressaltou que ela era "muito mais do que uma estrada comercial ou militar rumo ao Oriente" - já que era por ali que muitas mercadorias eram negociadas com a Grécia ou outras nações orientais.
"A Via Appia era, sobretudo, uma estrada da cultura para o mundo romano. É nesse aspecto cultural que acreditamos que haja o elemento que as candidaturas Unesco pedem. O Ministério já investiu mais de 19 milhões de euros em restaurações, conservação e na preparação do dossiê", pontuou ainda Mazzi.
O representante ressalta que o caminho "tem um foco social e cultural" e que o reconhecimento traria "como as experiências anteriores mostram, um forte crescimento econômico para o território" envolvido. Já o apoio do Vaticano, segundo o presidente da Pontifícia Comissão para Arqueologia Sacra, monsenhor Pasquale Iacobone, surge porque a "Via Appia é a estrada onde surgiu a primeira catacumba e foi percorrida por São Paulo para chegar a Roma - e depois por São Pedro".
"É uma das primeira vias de peregrinação e não poderíamos ficar de fora", acrescentou.
Próximos passos
O dossiê da candidatura será apresentado no próximo dia 20 de janeiro ao conselho diretor da Comissão Nacional Italiana da Unesco. A partir de então, o dossiê científico, acompanhado pelo Plano de Gestão do Sítio, será enviado para Paris.
O processo de reconhecimento, porém, costuma ser lento por conta da grande quantidade de informações e análises necessárias. A série de etapas pode demorar anos para ser concluída e cada pedido é analisado de maneira independente por dois órgãos da Unesco: o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos) e a União Internacional de Conservação da Natureza (IUCN), que encaminham seus pareceres ao Comitê do Patrimônio Mundial.
Quando o documento final de uma candidatura é submetido ao Centro do Patrimônio Mundial, o grupo tem até 16 meses para enviá-lo à sessão anual do comitê responsável pelos tombamentos.
A Itália é o país do mundo com a maior quantidade de reconhecimentos Unesco - sejam materiais, imateriais ou naturais - com 60 tombamentos. .