Script = https://s1.trrsf.com/update-1734630909/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

O que aprendi com os Power Rangers (e o Batman)

A morte de Jason David Frank, o mais popular dos Power Rangers fez a gente pensar...

22 nov 2022 - 01h00
Compartilhar
Exibir comentários
Foto: Reprodução

Demorou muitos anos para eu entender porque gosto tanto dos Power Rangers. Eu já tinha duas boas razões para ser fã do time de super-heróis, uma interesseira, outra afetiva. Mas a verdade verdadeira me escapava. A morte de Jason David Frank, o mais popular dos Power Rangers, me botou pra pensar. 

A razão prática porque eu comecei a curtir os Power Rangers foi financeira. Quando a gente começou a revista Herói, lá em dezembro de 1994, sabíamos que os Power Rangers eram um grande sucesso nos EUA e estava para estrear nas manhãs da Globo.

A Herói era uma revista de jornalismo para moleque, cobria desenho animado, gibi, videogame, filmes recheados de efeitos especiais, nostalgia e tudo que desse na nossa telha. Foi o maior fenômeno editorial de 1995 e seguiu firme e forte até 2003, quando a molecada trocou as revistas pela internet.

Então vira e mexe a Herói dava capas sobre os Power Rangers, e sempre vendeu bem. Só perdia para Cavaleiros do Zodíaco (também aí era covardia). Por isso eu assisti bastante daquela primeira fase. E me diverti de verdade, além de curtir o dindin entrando no bolso. Cresci com Ultraman e os Vingadores do Espaço. Robô gigante lutando com monstro usando roupa de borracha é comigo mesmo.

Curtia também o descaramento dos produtores, que simplesmente compravam as séries originais japonesas e editavam toscamente com cenas rodadas com atores americanos. A diferença das imagens era gritante, mas a molecada nem aí. Estavam apaixonados pelas naves em formato de dinossauro, os Zords, que se juntavam para formar o MegaZord e o SuperMegazord.

A razão do coração é quando tive meu próprio moleque apresentei os Power Rangers para ele. Logo Tomás também estava viciadinho da silva. Todo dia, dez horas da noite, víamos Power Rangers no canal Jetix. Ele tinha uns quatro, cinco anos. Assistimos juntos Dino Trovão, Ninja Storm, Wild Force e SPD.

Uma vez o garoto não parava de chorar em um aeroporto, entediado e faminto, e subornei ele com um boneco do Ranger Sombra. Que na verdade era um cachorrão. Mas o focinho sumia quando ele punha a armadura. Totalmente normal.

O menino virou homem e sobrou essa memória terna de ficar jogado no sofá com meu filho, curtindo com monstros malucos e kung fu pastelão. Um tempo atrás trombamos Power Rangers na TV e de repente estávamos assistindo o episódio inteiro. Explicação do marmanjo: "pai, Power Rangers é nostalgia total."

Quando pintou esse último filme dos Power Rangers para o cinema é que me caiu a ficha. Eu adoro as estrepolias deles porque me lembram o... Batman.

O Batman da minha infância, da abilolada série dos anos 60. Que era engraçada, esperta, rápida, pop. Podia e pode ser curtida em dois níveis completamente diferentes. Como aventura emocionante pela criançada e como uma gozação com os chavões do gênero pelos adultos. Tudo junto, misturado, liquidificado, turbinado.

Os Power Rangers são exatamente assim. A Herói, uia, era assim. E foi um grande negócio. Mesmo que não tão grande nem eterna quanto o Batman e os Power Rangers, que tão sempre por aí. Mas a Herói também está, de uma outra maneira.

Foto: Arquivo Pessoal

Aprendi um bocado fazendo um livro com a amiga Arianne Brogini sobre a revista. Chama "Herói - A Revista que Inspirou uma Geração". Tá fora de catálogo! Você só acha nos sebos. Mas quem tem não vende, é peça de colecionador!

Por exemplo:

  • - se você criar uma coisa muito legal, décadas depois as pessoas vão lembrar
  • - e mais que lembrar, elas vão comemorar e ajudar a financiar
  • - e te inspirar e te cobrar e te impulsionar!

E mais:

  • - a Herói foi sucesso porque não tinha fórmula
  • - era impossível de imitar mas imitaram mesmo assim
  • - e fez mais sucesso que as cópias porque nós reagimos batendo forte de volta
  • - mas também porque a gente media, media, media tudo o tempo todo
  • - e agia rápido com base nos números
  • - só fizemos isso porque éramos vários sócios, e com expertises e jeitos bem diferentes
  • - valorizávamos essas diferenças, o que fez toda a diferença
  • - mas o sucesso é tão difícil de administrar quanto o fracasso, como diz o provérbio
  • - e é enorme, quase inevitável a chance do sucesso levar seus criadores a se acharem gênios infalíveis. Nesse caminho mora a loucura (e o fracasso).

E digo mais:

  • - para fazer negócios use a razão. Depois da razão, a força. Se você insistir, insistir, insistir, a faca cede aos murros (às vezes)
  • - quando você tem uma pequena empresa, ter independência na gestão é tudo (mas às vezes não é o suficiente)
  • - negócio não é gestão, é gestão das oportunidades
  • - negócio não é gestão, é gestão das marés baixas (e elas virão, prepare-se)

E digo mais ainda:

  • - se você foi um colega ou um chefe ou um sócio legal, quem trabalhou com você vai lembrar pro resto da vida
  • - mais que lembrar, essas pessoas vão perdoar quando você não foi tão legal assim
  • - mas, que bom, sempre é hora de fazer as pazes com o que passou
  • - e de celebrar as vitórias do passado como inspiração para novas, improváveis aventuras no presente!
Homework Homework
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade