Quarentena e pandemia refletem em trabalhos artísticos
Covid-19 afetou o mundo como um todo, e efeitos da quarentena refletem em obras de artistas
Para além das inúmeras mortes e do colapso do sistema mundial de saúde, a pandemia e o isolamento social trouxeram consigo reflexos na saúde mental da população, obrigada a abdicar do convívio social e dos deslocamentos cotidianos. Se por um lado a inércia veio para muitos acompanhada de apatia e tristeza, para muitos artistas o isolamento social serviu como combustível criativo e instrumento de reflexão sobre o período de quarentena.
Sob essa perspectiva, a Galeria Lume promove na SP-Arte a exposição de obras que abordam a ótica do isolamento social e o ambiente da casa. Para Paulo Kassab, curador e sócio da galeria, a reflexão sobre o ambiente doméstico faz muito sentido neste momento de reabertura gradual. “A coisa que mais vimos nos últimos tempos foi o próprio ambiente doméstico. Percebemos um grande número de artistas produzindo trabalhos neste sentido e achamos que faria sentido trazer isso neste momento”.
É o caso de Lucas Dupin, artista visual mineiro que expõe na Lume o trabalho “Biblioteca por vir #20”. Para ele, o isolamento deslocou sua dinâmica de trabalho para dentro de casa. “Me voltei muito para a pintura, enquanto antes fazia muitos trabalhos voltados para performances, uso de espaços públicos, instalações. A pandemia trouxe essa escala do corpo, do ateliê”.
Outro artista visual que incorporou a quarentena em sua produção é Nazareno, natural de São Paulo e que trouxe à SP-Arte, entre outras obras, o trabalho “Era uma vez um homem que vivia só…”, de 2021, que fala sobre o lar e o isolamento. “O meu trabalho não tem como ser um reflexo disso. Ele traz muito sobre a relação com o tempo, as esperas com que lidamos cotidianamente durante a vida. As fronteiras estão se abrindo, os eventos estão voltando, mas teremos uma ressaca muito grande deste momento histórico”, conta o artista.
Vale lembrar que no campo da música muitos artistas, como Paul McCartney, aproveitaram o hiato das turnês para produzir material inédito e lançá-lo ao mundo, como o solitário “McCartney III”, em que o músico inglês toca todos os instrumentos e compôs todas as faixas. O que há de se esperar, todavia, é que mesmo com a reabertura gradual das fronteiras, os ecos da pandemia ainda vão ressoar por um bom tempo no campo da produção artística.
Serviço:
SP-Arte
Data: De 20 a 24 de outubro, de 12h às 19h
Ingressos: R$50 (inteira) e R$25 (meia), disponíveis no online
Endereço: Av. Manuel Bandeira, 260, Vila Leopoldina, São Paulo