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Roteiros alternativos promovem 'turismo lento' na Itália

Via Francigena é um dos principais destaques desse estilo

12 dez 2024 - 07h12
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Por Bruna Galvão - A Itália, um dos países mais visitados do mundo, tem buscado alternativas para lidar com o turismo de massa, sobretudo em cidades como Roma, Veneza e Florença. Na contramão de iniciativas que cobram taxas de visitantes (Veneza) ou que impõem restrições a imóveis de aluguel de temporada (Florença), um novo modo de viajar e explorar o território tem crescido no país e no mundo: o turismo lento.

    Neste estilo, que privilegia uma experiência mais conectada e autêntica com o destino, as propostas se voltam a passeios na natureza e à aproximação da comunidade local, onde viajar a pé ou de bicicleta são opções que têm ganhado cada vez mais adeptos - ainda que não sejam a única alternativa.

    Um dos maiores exemplos do turismo lento na Europa é a Via Francigena, o mais antigo caminho de peregrinação entre a Inglaterra e o Vaticano, que passa por outros três países: França, Suíça e Itália. No entanto, apesar de ser uma rota religiosa, "apenas 10% dos viajantes a percorrem por este motivo", revela Luca Bruschi, diretor da Associação Europeia da Via Francigena (AEVF), que destaca a ampla oferta turística que a Itália oferece em 1,9 mil quilômetros de percurso por 16 regiões do país, cruzando aproximadamente 600 municípios de norte a sul. Se realizada a pé, a viagem pela rota na península (a maior de toda a Via Francigena) dura em torno de três meses.

    O trecho italiano recebe em média 50 mil pessoas por ano, das quais 70% voltam a percorrê-la outra vez. Os roteiros são variados, com etapas em montanhas, planícies e estradas de terra, que podem ser feitas a pé, a cavalo ou de bicicleta. Além disso, cada trecho oferece programação variada, com atividades culturais, enogastronômicas e turísticas.

    "Percorrer a Via Francigena é uma viagem mítica que coloca diversas culturas em contato. É uma forma autêntica de descobrir cidades e vilarejos italianos e europeus pouco conhecidos", destaca Bruschi.

    Outro exemplo de turismo lento é o projeto "Turismo al femminile" ("Turismo Feminino"), promovido pela região da Toscana para divulgar itinerários que destacam a presença feminina, com holofotes sobre campos, colinas, praias, atividades esportivas e patrimônios tombados pela Unesco.

    A iniciativa cita dados de uma pesquisa global que aponta que 80% das escolhas de roteiros no mundo são feitas por mulheres, que representam 64% dos turistas no planeta e, muitas vezes, viajam sozinhas.

    "As mulheres são um público mais exigente que os homens", afirmou Clara Svanera, coordenadora de relações internacionais e promoção do turismo da Toscana, durante uma visita ao Brasil para divulgar a região.

    Um dos roteiros apresenta Florença pelo olhar feminino através de sete referências locais, que envolvem santas e mulheres de várias classes sociais, algumas famosas e outras anônimas. O trajeto começa com a história da pequena Agata Smeralda, que viveu na capital toscana no século 15, passando pelas "servas sem marido" e por Anna Maria Luisa de Medici, a última representante desta importante família florentina.

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