Assim como Mion, a maioria dos artistas sonha ir para Globo
Emissora do clã Marinho mantém status valioso ainda que tenha perdido audiência e esteja sob forte ataque ideológico
O ditado ‘O bom filho a casa torna’ merece uma versão: ‘O bom filho que provou seu talento em outro canal à casa da Globo torna’. Marcon Mion é mais um artista que começou na emissora carioca, não conseguiu se consolidar lá, foi em busca de oportunidades, conquistou sucesso em outras TVs e faz o desejado retorno triunfal.
No primeiro dia de expediente na casa nova, o apresentador que assumirá o ‘Caldeirão’ aos sábados parecia uma criança num parque de diversões. Os olhos brilhavam, ria por nada. Chegou a se emocionar. “É um sonho realizado”, disse ao vivo no ‘Encontro com Fátima Bernardes’. “Eu tô surtando de estar na Globo.” Numa rede social, Mion brincou ter dormido usando o crachá do canal.
Lembra do Bozó interpretado por Chico Anysio? O personagem se gabava o tempo todo de trabalhar na Globo. Mostrava a identificação pendurada no pescoço para dar ‘carteirada’ como quem dissesse ‘sabe com quem está falando?’ Era ficção, mas também vida real. Quem trabalha na emissora costuma ter orgulho excessivo de ser ‘global’. Alguns são dominados pela empáfia. Ah, o ego...
Não será, certamente, o caso de Marcos Mion. Em 22 anos de carreira na televisão, com passagens por Globo, MTV, Band e Record, sempre deu show de simpatia. Não há relatos de ataques de estrelismo nem comportamento blasé, atitudes tão comuns em quem atua diante das câmeras. Nunca se colocou em pedestal como tantos famosos que querem ser inalcançáveis. Gente como a gente, ele se diverte com o público, a equipe de produção e os técnicos de estúdio.
O apresentador soube cultivar boa relação com a imprensa. Mesmo quando não está a fim de entrevista, age com respeito, entende a missão de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas. Agora no ápice, promete não se deixar dominar pela vaidade e agir com esnobismo. Tomara. Espera-se também que não perca na Globo a espontaneidade e aquele humor saborosamente tosco.
Aos 42 anos, Marcos Mion realiza a meta da maioria absoluta dos artistas que pretendem trabalhar em TV: ser contratado pelo maior e mais visto canal do País. Apesar de ter perdido público nos últimos anos por conta da forte concorrência das plataformas de streaming e da politização de sua imagem, a Globo ainda domina a comunicação nacional. Tem alguns programas fracos, comete erros, mas continua a ser a melhor no jornalismo e no entretenimento na opinião dos 50 milhões de brasileiros que a sintonizam na faixa nobre.