Atriz premiada em Cannes processa líder da extrema direita francesa por transfobia
A denúncia movida por Karla Sofía Gascón se uniu à outras queixas de seis associações de defesa do coletivo LGBT+
A atriz espanhola Karla Sofía Gascón, vencedora do prêmio de Melhor Interpretação feminina no festival de Cannes, abriu processo contra a líder de extrema-direita francesa, Marion Maréchal, por insultos discriminatórios. A extremista política criticou a premiação da artista trans por considerá-la "um homem".
A ação foi confirmada nesta quarta-feira (29/5) à AFP pelo advogado da artista espanhola. Além disso, será somada à outra denúncia apresentada dois dias antes por seis associações de defesa do coletivo LGBTQ+ por insultos transfóbicos disparados por Maréchal.
Consagração em Cannes
Karla Sofía Gascón foi a primeira pessoa transgênero a conquistar o prêmio de Melhor Interpretação Feminina em Cannes, num prêmio compartilhado com suas colegas de elenco, as americanas Selena Gómez e Zoé Saldaña e a mexicana Adriana Paz.
A vitória de Karla ocorreu por sua atuação como protagonista de "Emilia Pérez", que retrata um chefão do narcotráfico mexicano que deseja passar pela transição de gênero e também de vida pessoal.
Ataque extremista
Em reação ao prêmio, a política do partido Reconquista (Reconquête) alegou no X (antigo Twitter) que a vitória de "um homem" implicaria "o apagamento das mulheres". Mas Karla rebateu: "Devemos terminar com esse tipo de declarações", ela afirmou num comunicado enviado por seu advogado à AFP.
Responsável pela defesa da intérprete, Étienne Deshoulières indicou que a artista espanhola precisou se manifestar judicialmente após insultos "sexistas motivados pela identidade de gênero".
As declarações controversas de Maréchal ocorrem num contexto em que os setores conservadores da França travam uma batalha social contra o movimento LGBTQ+, como a oposição ao casamento igualitário e à adoção por casais do mesmo sexo.