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Beat no Brasil: Adrian Belew fala à RS sobre show, supergrupo e King Crimson dos anos 80

Em data única no país, banda que une músico a Steve Vai, Danny Carey e Tony Levin celebra os álbuns Discipline, Beat e Three of a Perfect Pair

19 mar 2025 - 09h11
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Beat em 2024 (E-D): Tony Levin, Adrian Belew, Steve Vai e Danny Carey
Beat em 2024 (E-D): Tony Levin, Adrian Belew, Steve Vai e Danny Carey
Foto: Stephen J. Cohen / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Adrian Belew está realmente empolgado com o Beat. O vocalista e guitarrista chega a dizer em entrevista à Rolling Stone Brasil: "Acho que esse show em particular é provavelmente a melhor coisa que já consegui levar para os fãs da América do Sul".

Pudera. Trata-se de um supergrupo que faz justiça ao título "super". Belew reuniu alguns dos melhores em seus respectivos instrumentos no planeta para homenagear uma de suas fases com o King Crimson; mais especificamente os três álbuns lançados nos anos 1980: Discipline (1981), Beat (1982) e Three of a Perfect Pair (1984).

A tarefa — nada fácil, tendo em vista a complexidade do repertório — de acompanhar Adrian nesta iniciativa ficou a cargo de Steve Vai (guitarra), Danny Carey (bateria, membro do Tool) e Tony Levin (baixo). O último citado integrou a banda responsável pelos discos em questão e também fez carreira tocando com Peter Gabriel, Liquid Tension Experiment, entre outros. Ou seja: só tem fera.

O quarteto poderá ser prestigiado pelos fãs brasileiros em data única na cidade de São Paulo. O show acontece no Espaço Unimed, em 9 de maio. Ingressos estão à venda no site Eventim. A produção é da Mercury Concerts.

Beat ao vivo em 2024 -
Beat ao vivo em 2024 -
Foto: Stephen J. Cohen / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Ao refletir sobre a reação do público ao projeto, que passou 2024 excursionando pela América do Norte, Belew admite: nem ele esperava uma recepção tão boa. Nasceu daí o interesse em promover uma turnê mundial. Após a América do Sul — primeiro destino nesta nova etapa —, o Beat viajará para a Ásia, no fim deste ano. Em 2026, estarão na rota Europa e, novamente, Estados Unidos.

"Levei cinco anos para formar isso. Esta é exatamente a banda que eu queria que tocasse essa obra. Acho que é uma banda fantástica. Todos amam a obra e estão muito envolvidos. Nos divertimos muito no palco. Acho que há mais diversão do que o King Crimson já teve."

De acordo com Adrian, um dos segredos para o sucesso do Beat está na liberdade concedida a Steve Vai e Danny Carey na execução do repertório. Ninguém quis tocar as músicas exatamente como foram gravadas, o que, no fim das contas, trouxe bastante frescor.

"Desde o começo, conversei com cada um deles e deixei claro que queria apenas que eles aprendessem as coisas essenciais das músicas — as coisas que todos querem ouvir. Fora isso, realmente quero ouvir muito de Steve Vai e muito de Danny Carey. Queria que a banda fosse além de apenas tocar igual aos discos. A ideia é explorar o espírito da música. Quando você tem músicos tão bons assim, o público realmente vai querer ouvir Steve Vai e Danny Carey tocando do jeito que eles tocam. E nunca vi Tony tão feliz. Ele realmente ama fazer isso e está tocando e cantando melhor do que nunca."
Adrian Belew em show com o Beat em 2024 -
Adrian Belew em show com o Beat em 2024 -
Foto: Daniel Knighton / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Esta banda só tem um problema, na opinião de Belew. Como estamos falando de alguns dos melhores músicos do planeta, todos eles são, segundo o frontman, "muito ocupados". "Por conta disso, você tem que aproveitar o tempo com os quatro juntos e usar para tocar ao redor do mundo. É o que estamos fazendo", afirma.

Uma realidade paralela

O Beat tem apoio de Robert Fripp, líder do King Crimson ao longo de todos esses anos. Para não deixar dúvidas, o guitarrista de 78 anos — que em 2019 se aposentou da estrada e tem curtido a vida publicando vídeos bem-humorados junto da esposa, a cantora Toyah Wilcox — chegou a divulgar o projeto em suas redes sociais.

Adrian Belew, três anos mais novo, contou anteriormente que, antes de Steve Vai e Danny Carey, convidou Fripp e o baterista original daqueles álbuns, Bill Bruford, para participar. Ambos recusaram. Bruford, hoje também com 75, está aposentado desde 2009. Vendeu todo o seu equipamento e só recentemente voltou a realizar pequenas apresentações tocando jazz.

King Crimson em 1981 (E-D): Tony Levin, Bill Bruford, Adrian Belew e Robert Fripp -
King Crimson em 1981 (E-D): Tony Levin, Bill Bruford, Adrian Belew e Robert Fripp -
Foto: Rob Verhorst / Redferns / Rolling Stone Brasil

Como seria se Robert e Bill tivessem aceitado o convite? Adrian diz já ter pensado nisso algumas vezes — e em raro momento onde deixa o tom político de lado, aponta que os colegas "deixaram a oportunidade passar".

"Acho que falando apenas do lado financeiro, teria sido inacreditável. Teríamos ganhado muito mais dinheiro. Não estou reclamando, estou feliz com o que estou ganhando. Só acho que eles deixaram a oportunidade passar. Acho que as pessoas teriam ficado ainda mais empolgadas."

No fim das contas, Belew encontrou uma solução tão boa que as reações geradas parecem entusiasmadas praticamente em mesmo nível. Teria sido legal vê-lo tocar com Fripp novamente? Sem dúvidas. Tirar Bruford de casa? Demais. E ainda tocando aquelas músicas? Sem comentários. Mas também é insano poder assistir a Steve Vai e Danny Carey debulhar os aclamados três álbuns do King Crimson nos anos 1980. Ele comenta:

"As pessoas também se empolgaram com o Beat. Creio que seja até melhor para mim, pois tem mais frescor desse jeito. É algo novo. Tem uma sensação diferente. Tem um swing, mais groove. Acho que a química muda por ter todos os músicos vindo dos Estados Unidos. Algumas pessoas me disseram até que gostam mais assim."

Planos para o futuro

Para fãs de King Crimson, fica difícil não pensar na possibilidade: será que o Beat pode trocar brevemente os palcos pelos estúdios e lançar músicas inéditas? Adrian Belew não parece disposto, ainda que nunca diga "nunca". O vocalista e guitarrista afirma que o foco está na realização de uma turnê mundial que "alcance o máximo de pessoas possível com esses três discos dos anos 1980".

"Levaremos até quase o fim do ano que vem para finalizarmos as turnês. Não acho que queremos definir nenhuma meta além disso. Mas quem sabe? Depois de fazermos tudo na turnê mundial, podemos sentar juntos e decidir se é algo a que cada um de nós pode dedicar tempo suficiente. Adoraria, mas se não acontecer, não ficarei muito decepcionado. Já estou emocionado com o que estamos fazendo."

Mesmo em turnê, há outras possibilidades que a banda pode — mas ao menos por enquanto não pretende — contemplar. Além da trinca oitentista, Belew gravou mais três álbuns com o King Crimson: Thrak (1995), The ConstruKction of Light (2000) e The Power to Believe (2003). O primeiro disco citado foi concebido no inusitado formado "Double Trio", com dois guitarristas, dois baixistas e dois bateristas. Não é absurdo pensar na chance de músicas desses trabalhos entrarem no repertório, porém, o frontman assume tom cauteloso:

"Há algumas músicas de outros álbuns que eu adoraria nos ver tocando. Amamos o que estamos fazendo, não sentimos que precisamos mudar. Mas se tivermos tempo para ensaiar em algum lugar, talvez eu queira tentar tocar algumas das músicas que não exijam que a banda seja de seis integrantes. Há maneiras de tocar uma música como 'Dinosaur' sem ter dois baixistas e dois bateristas. Já fiz isso antes. Quanto a adicionar outros membros, não acho que queremos fazer isso, até porque seria apenas para algumas músicas."

Legado da trinca oitentista — e o parceiro mais complicado

Discipline, Beat e Three of a Perfect Pair são álbuns únicos no catálogo do King Crimson. Estão distantes em quase uma década do disco precedente, Red (1974), e mais de uma década do trabalho seguinte, Thrak. O grupo estava rompido antes e depois do curto período que os gerou. A influência da new wave percebida nesta trinca não seria mais abordada no futuro.

De acordo com Adrian Belew, vários fãs citam esta fase como a predileta deles, seja em publicações online ou em conversas pessoalmente. Instigado a refletir sobre o legado dos três álbuns dos anos 1980, ele diz:

"Acho que o legado dessa fase continua sendo o fato de que aquela banda surgiu e fez algo soar como ninguém jamais havia feito antes. E ainda soa moderno hoje. Acho que esse é o legado: é atemporal. Tem seu próprio lugar, porque ninguém nunca fez aquilo antes ou depois."

Tais registros marcaram apenas o início de uma longa parceria com Robert Fripp, que, após o hiato entre 1984 e 1994, duraria até 2008. Considerado tão genioso quanto genial, o guitarrista e líder do King Crimson se notabilizou como alguém não muito fácil de se trabalhar — ao menos dentro de sua banda, pois colaborou com dezenas de outros artistas e construiu uma discografia de mais de 700 obras.

Além de Fripp, Belew se uniu ao longo da carreira a David Bowie (1978-1979), David Byrne (no Talking Heads, 1980-1981; na carreira solo do cantor, 1990-1991) e Frank Zappa (1977-1978). Todos muito geniosos, talqualmente o chefe criativo do King Crimson. Qual deles era mais difícil de se trabalhar junto? Ele responde:

"Nenhum. Quando se desenvolve um relacionamento de trabalho, cria-se uma amizade. Antes que você perceba, vocês são melhores amigos. Dessa forma, você pode discordar de algo dito, mas isso não significa nada para sua amizade. Muitas pessoas acham que Robert é muito difícil — e eu acho que ele pode ser —, mas ele me deu total incentivo para fazer o que eu achasse para as músicas. Se eu dissesse: 'não, a música tem que ser assim', ele me apoiava. As pessoas acham que não nos damos bem, mas não é verdade, somos grandes amigos. É o caso dos demais."
David Bowie e Adrian Belew em 1978 -
David Bowie e Adrian Belew em 1978 -
Foto: Gie Knaeps / Getty Images / Rolling Stone Brasil

Palavras similares foram compartilhadas a respeito de Byrne, com quem gravou os álbuns Remain the Light (1980, Talking Heads), The Catherine Wheel (1981), The Name of This Band is Talking Heads (1982, Talking Heads) e Walk on Water (1990). O vocalista e guitarrista afirmou:

"Não vejo David Byrne tanto, mas minha relação era muito próxima. Fiz duas turnês pelo mundo com David. Na segunda vez, em 1990, nos divertimos muito como amigos porque tocávamos a cada três dias por causa da montagem de palco. Levava dois dias para montar o palco. Onde quer que fôssemos, tínhamos dois dias de folga. Íamos a museus e restaurantes e nos divertíamos muito. Ele se tornou um grande amigo."

*O Beat se apresenta no Espaço Unimed, em São Paulo, dia 9 de maio. Ingressos estão à venda no site Eventim.

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