Bienal do Livro: Com 660 mil visitantes, 26ª edição se consagra como a maior
Balanço divulgado na noite deste domingo, 10, registra gasto médio 40% maior em relação a última edição,
A 26ª.Bienal Internacional do Livro de São Paulo, está em clima festivo. Após quatro anos de isolamento social, o evento estimulou a venda antecipada de ingressos (90%) e atraiu 660 mil visitantes, 10% superior ao público da edição de 2018. Segundo ainda pesquisa realizada durante o evento pelo Observatório do Turismo, da São Paulo Turismo (SPturis), o ticket-médio foi de R$ 226,94: um aumento de 40% comparado a 2018.
O esforço pela democratização do acesso ao livro foi confirmado pelo resultado de ações como cashback (no valor pago pelo ingresso) e vale-livro (voucher individual de R$ 60, distribuído a alunos e educadores da rede paulistana de ensino), destinados à aquisição de livros direto com as editoras, no valor de R$ 7,2 milhões, durante os nove dias da Bienal. E não faltou a diversidade em gêneros literários, para todos os gostos e bolsos, conferidos num conjunto de 300 autores nacionais e 30 internacionais.
E a demanda aferida pela Bienal, de 7 livros por pessoa, dimensiona o poder de compra do visitante e disposição para adquirir os livros direto no caixa do expositor. O conceito de livraria como ponto de encontro dos amantes dos livros, local apropriado para vivenciar a experiência com as obras e adquirir exemplares foi reforçado no evento. Do layout ao atendimento, passando pelos atrativos criados por cada expositor, os estandes se tornaram espaço de convivência e grande biblioteca de consulta aos títulos ofertados. Ao todo 182 expositores, que disponibilizaram cerca de 500 selos editoriais, numa prateleira completa e diversificada em gêneros literários, somando 3 milhões de livros.
A nova casa - o Expo Center Norte - recebeu a aprovação de 69,3% e índice de satisfação dos expositores se situou em 87%, que supera em 25% o grau de aceitação plena da edição de 2018.
Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL), realizadora do evento, frisa o acerto da campanha publicitária: "Todo mundo sai melhor do que entrou". A chamada convida os participantes a atestarem o poder transformador do livro e o evento como polo de encontro com o saber. "A melhor campanha de todos os tempos, que traduz o objetivo de posicionar o livro como protagonista da mudança de cada leitor", avalia ele ao completar "outra importante conquista é identificar o quanto a Bienal cumpre o papel de difusor de negócios e relacionamento para os players do setor".
Inserir o evento, cada vez mais, na rota das grandes feiras literárias internacionais, foi outro passo largo dado com a edição de 2022. A aproximação com Portugal - convidado de honra - marcou as comemorações do Bicentenário da Independência do Brasil mas também estreitou os laços e abriu caminho para novos acordos bilaterais no segmento editorial.
Sede pelo conhecimento
Espaços culturais concorridos, nove ao todo, onde o público buscou se inserir no debate de grandes temas relacionados ao universo do livro, compuseram as 1.500 horas de programação. Áreas destinadas a pensadores do mundo literário, empreendedores, artistas do cordel e do repente, personalidades da gastronomia, educadores que desenvolveram atividades para crianças, celebridades e outras atrações. E o público provou que nem só de estandes de livros vive a Bienal, já que o encontro com o conhecimento e lazer também ganhou espaço na agenda do público durante a visita ao evento.
Principais números da 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo
Público visitante |
660 mil |
Ticket médio |
R$ 226,94 |
Compra online de ingressos |
90% dos ingressos |
Ações de incentivo vale-livro e cashback |
R$ 7,2 milhões |
Quantidade de livros |
3 milhões |
Média de livros adquiridos |
7 por pessoa |
Selos editoriais |
Cerca de 500 |
Área ocupada total |
65 mil metros quadrados |
Expositores |
182 expositores |
Espaços culturais |
09 |
Horas de programação |
1500 |
Autores nacionais |
300 |
Autores internacionais |
30 |
Visitação escolar |
60 mil |
Expositores: resultados e perspectivas
Com vendas muito acima das expectativas, a HarperCollins Brasil superou metas ao vender 253% em livros nesta edição da Bienal. A editora disponibilizou no evento um total de 883 títulos: os que largaram na frente no sucesso de público no evento estão: Casal imperfeito: retratos de um casamento aperfeiçoado em Deus (Fernanda Witvytzky); O dia que a árvore do meu quintal falou comigo (Paulo Vieira), entre outros. "Nessa edição da Bienal pudemos observar um enorme fluxo de jovens procurando por livros, dos mais diferentes autores e vozes, o que passa um cenário de muito otimismo quanto ao mercado literário na retomada das feiras", sintetiza Leonora Monnerat, diretora executiva da HarperCollins Brasil
As Edições Sesc registraram 40% de aumento no conjunto de livros. Entre os títulos que figuraram no top list do estande estão as seguintes obras: Abecedário de personagens do folclore brasileiro, de Januária Cristina Alves; Tom Zé: o último tropicalista, de Pietro Scaramuzzo e "Tarsila do Amaral: a modernista", de Nádia Battella Gotlib.
Em relação à edição que ocorreu em 2018, a Edições Loyola contabilizou crescimento médio de 30%. Foram 3 mil títulos, sendo 45 exemplares de cada um. Entre os que lideraram a demanda no estande do expositor estão: Cabeça Fria, coração quente (Abel Ferreira) e HeartStopper. "Foi uma ótima experiência. Com certeza ficará conhecido como a Bienal das Bienais. Com certeza que iremos voltar. Para nós, via ficar conhecida como a Bienal das Bienais", declarou Raphael Bispo, diretor comercial da Editora Loyolla.
"Essa foi uma Bienal para entrar na história. Tivemos o melhor faturamento desde quando começamos a participar da Bienal do Livro", acentua Heloíza Daou, diretora de Marketing da Editora Intrínseca. Os números do expositor impressionam e indicam, segundo a editora, demanda reprimida por conta da pandemia: 150% a mais no montante faturado e 45% a mais no volume de livros vendidos, em comparação com 2018. A média 9 livros vendidos por minuto (58 mil no total) estabelece um recorde para a participação da editora. Entre os gêneros mais procurados no estande da empresa estão os de suspense e do universo true crime, além de títulos que ganham adaptação para o audiovisual (cinema e plataformas de streaming). O TikTok foi um propulsor nas vendas, a exemplo do sucesso de Os dos morrem no final, de Adam Silvera, e Viúva de ferro, de Xiran Jay Zhao. Entre os campeões de vendas estão: Manual de assassinato, Os dois morrem no final, Modus operandi e o best seller Amor & Gelato.
O melhor resultado da história. Assim, a Rocco Editora classifica o crescimento de 185% nas vendas durante a Bienal, no comparativo com a edição anterior do evento. A editora apresentou 350 títulos para um público que respondeu à oferta de obras de seu portfólio editorial: Mulheres que Correm com Lobos (Clarissa Pinkola Estés); Rádio Silêncio (Alice Oseman); Box Harry Potter (J.K. Rowling), entre outros. Bruno Zolotar - diretor comercial e de marketing da Rocco concorda que a Bienal é "sem dúvida, um dos mais maiores e mais importantes eventos do mercado editorial, voltado à interação entre editoras, escritores e leitores". Ele reitera que, entre outros destaques, por se tratar da casa de Harry Potter, a editora tem uma ligação muito próxima e lúdica com seu público e que retornará sempre às edições da feira.
Pela primeira vez como expositora na Bienal do Livro, a Literare Books International trouxe 250 títulos e vendeu, em média, 800 exemplares por dia - uma expectativa de 110% acima do esperado. Maurício Sita, presidente da companhia, encerra o evento com a sensação de missão cumprida. "Mesmo sendo nossa primeira Bienal, este é o melhor evento que já participamos [em termos de faturamento], desde nossa fundação, há 25 anos" Com certeza voltaremos na próxima edição", ressalta.
Outra estreante no evento, a Editora Mostarda vendeu 4 mil livros, o dobro da previsão inicial de 2 mil. Com a certeza que de que repetirá a experiência, Pedro Mezette, Publisher da editora, diz que "ficou claro que demos o primeiro passo para a caminhada ao participar da Bienal". De seu estande, o Grupo Editorial Global emitiu o balanço de 100% a mais de livros comercializados sobre o saldo de 2018. Entre as obras mais destacadas estão: Flores de Alvenaria; Literatura, Pão e Poesia e Colecionador de Pedras, de Sérgio Vaz.
Para a editora Globo, o motivo também é de celebração. As vendas foram quatro vezes maior que em 2018 - e já há planos para voltar em 2024. Em números, a Ciranda Cultural - um dos maiores espaços com 3 estandes na Bienal - foram mais de 4 mil títulos em exposição para o público que, ao final das vendas, rendeu R$ 1,3 milhão. Entre as obras mais vendidas os destaques são: 1984; Coisas que guardei para mim e Varal das Letras. Jonatha Jacinto, responsável pela editora na Bienal, considera que esta edição do evento "foi a melhor de todas as demais, com curadoria impecável e dias surpreendentes no estande". O representante da Ciranda assegurou que a empresa marcará presença nas próximas edições. No Espaço Cordel e Repente, a venda de exemplares também foi positiva: 18.900 córdeis e 6.500 livros vendidos.