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Carnaval ou futebol? Entenda relação entre as escolas de samba e torcidas organizadas

No Grupo Especial, Dragões da Real, Mancha Verde e Gaviões da Fiel são as principais escolas de samba oriundas das torcidas organizadas

2 fev 2023 - 05h00
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Sambódromo do Anhembi, em São Paulo
Sambódromo do Anhembi, em São Paulo
Foto: Reprodução | Redes Sociais

Samba e futebol. As duas maiores paixões brasileiras caminham lado a lado no sambódromo do Anhembi durante o carnaval de São Paulo. As torcidas organizadas conseguiram consolidar um movimento até então frustrado em outras capitais e atravessaram os grades das arquibancadas rumo à avenida. 

No Grupo Especial, que reúne a elite do carnaval, o trio de ferro paulista, formado por São Paulo, Palmeiras e Corinthians, é representado, respectivamente, pela Dragões da Real, Mancha Verde e Gaviões da Fiel. Dentre elas, apenas a Dragões não tem nenhum título. A Mancha, atual campeã do carnaval de São Paulo, já ganhou duas vezes. A Gaviões lidera em disparado, com quatro títulos.

Além da complexa tarefa de colocar um samba na rua, as torcidas organizadas precisaram enfrentar anos de resistência por parte da Liga-SP, responsável pelo evento. A entidade, assim como forças de segurança do Estado, temia que os episódios de violência entre as organizadas se repetissem também no carnaval.

Em 1990, a Liga chegou a propor um desfile destinado apenas para escolas-torcidas, em uma espécie de competição à parte. A proposta acabou não vingando. Em seguida, a organização tentou estabelecer uma nova barreira de entrada, quando determinou que somente uma torcida organizada poderia participar do Grupo Especial. Durante diversas edições, apenas a Gaviões da Fiel esteve na elite do carnaval.

Anos depois, em 2005, a Mancha Verde participou pela primeira vez do Grupo Especial do carnaval paulista. Foi também nesta edição que a Liga modificou o regulamento e passou a permitir que outras escolas oriundas de torcidas também desfilassem na divisão principal. A organização, no entanto, determinou que os desfiles fossem em dias diferentes, para evitar possíveis brigas.

Escola de samba, torcida organizada e profissionalismo 

Um dos segredos para o sucesso das escolas está no profissionalismo empregado na condução das agremiações. A avaliação é de Rogério Félix, que integra a Dragões da Real há cerca de 12 anos. 

"Aqui é como se fosse uma empresa. Todos sabem sua divisão e função. Somos separados por setores e isso ajuda muito. A escola de samba tem departamentos, divisões de diretorias e espaços para as pessoas opinarem e crescerem. Assim fica mais fácil de todas as tarefas serem executadas", detalha.

Mesmo vinculadas com as torcidas, as escolas de samba têm estatuto, CNPJs e administrações diferentes. Na Dragões, por exemplo, os recursos são captados através de ações próprias durante o ano. 

"A escola se mantém através de diversos eventos que ela realiza. A Dragões é uma escola que não para. Todos os meses ela tem sua feijoada mensal, que é a maior do Brasil. Ela tem eventos socioculturais durante o ano todo. É uma escola que não vive só no momento do carnaval", explica Renato Remondini, presidente da agremiação. 

No extremo oposto, a Gaviões da Fiel não só leva o escudo do Corinthians em seus desfiles como mantém uma ligação forte com a torcida organizada e com o clube do Parque São Jorge. 

"Aqui a torcida e a escola são muito próximas, não fazemos esse tipo de distinção. Muitos torcedores [da organizada] participam do dia dia", disse um membro da escola, que preferiu não ser identificado. 

Diferente do Rio de Janeiro

Para o historiador Rafael Matoso, mestre em História Comparada da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o contexto histórico foi fundamental para a ascensão das torcidas no carnaval em São Paulo. Diferentemente do Rio de Janeiro, o controle na capital paulista era menor e as regras, mais afrouxadas

"O fato do Rio, por exemplo, ter sido a capital da colônia durante a República foi um fator fundamental para esse 'controle' sobre o carnaval. Foi neste momento em que o carnaval aos moldes de desfile se transformaram. Tem a associação também com o jogo do bicho e a contravenção, o que fez com que esse processo se desse de maneira mais rígida", afirma. "Tudo isso contribuiu para que a dinâmica fosse outra no Rio. Em São Paulo não existiam esses fatores, o que permitiu o desenvolvimento das torcidas como escolas de samba". 

Para o historiador Luiz Antonio Simas, o fator cultural impossibilitou o surgimento, no Rio de Janeiro, de um movimento semelhante ao de São Paulo. 

"As escolas de samba do Rio de Janeiro muito tradicionais começaram a se consolidar na cidade a partir da década de1930, e é quando começa a ocorrer os desfiles das escolas de samba. É o momento também de grande popularização do futebol. De certa maneira, cada carioca torcia para uma escola de samba. Então, ter uma escola de coração faz parte da cultura carioca. Isso não tinha nenhuma relação com o time de futebol", explica.

  • Conheça as principais escolas de samba oriundas de torcida organizada

• Gaviões da Fiel

Foto: Divulgação: Grêmio Recreativo Cultural e Escola de Samba Gaviões da Fiel

Na vanguarda do movimento, a Gaviões da Fiel desfilou pela primeira vez em 1988. Originária de um bloco de carnaval, já foi quatro vezes campeã do Grupo Especial (1995, 1999, 2002 e 2003). A Gaviões também já conquistou três títulos do Grupo de Acesso. 

• Mancha Verde

Foto: Divulgação: Escola de Samba Mancha Verde)

Atual campeã do carnaval de São Paulo, a Mancha Verde foi fundada em 18 de outubro de 1995. Além da edição de 2022, a agremiação levou o título em 2019. Nos últimos anos, a Mancha passou a figurar entre as principais escolas da festa paulista, conquistando o vice-campeonato em 2020, e o terceiro lugar na edição de 2018. 

• Dragões da Real 

Foto: Divulgação: LIGA-SP

A Dragões da Real é uma das instituições mais novas do Grupo Especial de São Paulo. Em 2011, foi campeã do Acesso e, desde então, nunca mais caiu de divisão. Nas edições de 2017 e 2019, a escola terminou na segunda colocação. 

• Independente Tricolor

Foto: Reprodução: Liga-SP

A Independente Tricolor, fundada em 1987, voltou à elite do carnaval após ser vice-campeã do Grupo de Acesso em 2022. Apesar da longa trajetória, a escola vinculada à torcida do São Paulo ainda não conseguiu o mesmo desempenho que outras representantes dos grandes clubes.

• Camisa 12

Foto: Foto: Liga-SP

Fundada em 1996, a Camisa 12 é mais uma escola ligada ao Corinthians. Atualmente no grupo de Acesso 2, considerada a terceira divisão do carnaval de São Paulo, a agremiação tenta voltar ao Acesso após 16 anos. A escola nunca integrou a Divisão Especial. 

• Torcida Jovem

Foto: Reprodução: Facebook oficial Torcida Jovem

Integrante do Grupo de Acesso 2, a Torcida Jovem é a única representante do Santos no meio carnavalesco. Fundada em 2003, a escola de samba ainda não conseguiu figurar na Divisão Especial. A agremiação tenta voltar ao Acesso após dez carnavais. 

Fonte: Redação Terra
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