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Conheça a história do carnaval no Brasil e no mundo

História do carnaval começa na Grécia Antiga, como um culto ao deus Dionísio, e chegou ao Brasil trazido pelos portugueses no século XVII

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Resumo
A origem do Carnaval remonta à Grécia Antiga, passa pelo Império Romano, e ganha contornos religiosos quando o Cristianismo atribuiu significado à festa, que passou a ser vinculada à Páscoa com a Quaresma.
Gabriela Versiane durante ensaio técnico da escola de Samba Grande Rio, no dia 12 de fevereiro
Gabriela Versiane durante ensaio técnico da escola de Samba Grande Rio, no dia 12 de fevereiro
Foto: Bruno Martins/Futura Press

Uma das festas mais populares do mundo, o carnaval brasileiro reúne milhares de pessoas nas ruas, nas passarelas do samba e em clubes de todos os cantos do país. Mas, apesar de ser algo tão típico do Brasil, engana-se quem pensa que essa comemoração teve origem aqui: o Carnaval remonta à Grécia Antiga, no período em que deuses eram cultuados no local.

O Brasil entrou na história da festa apenas depois da colonização feita por Portugal, quando essa manifestação cultural já contava com uma longa trajetória nos outros países — como em países europeus, onde a festa data do século XI.

Qual é a verdadeira origem do Carnaval?

De acordo com o historiador Voltaire Schilling, o Carnaval é a festa profana mais antiga que se tem registro, já que existe há mais de 3 mil anos.  A origem do Carnaval remonta à Grécia Antiga, no culto ao deus Dionísio, que mais tarde foi celebrado em Roma como Baco, espalhando-se para os países de cultura neolatina.

Conta–se que as primeiras seguidoras do deus Baco eram mulheres que viram nos dias que lhe eram dedicados um momento para escaparem da vigilância dos maridos para poderem cair na folia — os chamados "bacanais". Nos dias permitidos, elas saíam aos bandos, com o rosto coberto de pó e com vestes transformadas ou rasgadas, cantando e gritando. Os homens não demoraram em aderir a essa celebração.

A historiadora e diretora da Fundação Joaquim Nabuco, Rita de Cássia Araújo, aponta que as festas populares que ocorriam na era pré-cristã no Hemisfério Norte, principalmente no Egito, em Roma e na Grécia, para celebrar o fim do inverno e a chegada da época do plantio de lavouras impulsionaram o que se caracterizou como a origem do carnaval. Segundo Rita, não havia referências religiosas, mas já existiam brincadeiras e máscaras.

Por que o Carnaval é uma festa pagã?

Muitas pessoas consideram o Carnaval uma festa pagã devido às suas origens que remontam aos deuses gregos. 

Mas, além da Grécia, outros países também possuíam festas que também podem ser vistas como originárias do Carnaval como conhecemos hoje em dia, promovendo a subversão de papéis sociais, a adoração aos prazeres da carne e festas que duravam dias e dias com comidas, bebidas e danças.

Na Roma, por exemplo, havia as festas da Saturnália — que acontecia no Solstício de Inverno — e da Lupercália — em fevereiro —, que duravam dias.

Na Babilônia, havia as Sacéias, uma celebração em que um prisioneiro assumia a figura do rei temporariamente, tendo todos os seus direitos, mas, ao final da festa, sendo chicoteado e depois enforcado ou empalado.

Além das Sacéias, acontecia um ritual no templo de Marduk, onde o rei deixava seus emblemas de poder e era surrado na frente da estátua de Marduk — um dos deuses mesopotâmicos — mostrando a submissão do rei à divindade.

Apesar disso, a data também é utilizada pelo Catolicismo e até mesmo é nomeada devido à ele: a palavra "Carnaval" vem do latim carnis levale, cujo significado é “retirar a carne”. Uma referência à Quaresma, o período que acontece antes da Páscoa no catolicismo, essa palavra está relacionada ao jejum que deveria ser realizado durante esse período.

Qual o significado religioso do Carnaval?

De celebração agrária e pagã, a festa ganhou contornos religiosos quando o Cristianismo atribuiu significado à festa, que passou a ser vinculada à Páscoa — a Terça-Feira de Carnaval é 47 dias antes do domingo de Páscoa.

A festa, então, passou a ter um sentido de tempo de diversão e exagero, de comida e bebida, que antecede a entrada num período de reflexão e jejum dos cristãos antes da Páscoa, quando os fiéis teriam de se recolher e rever sua vida.

Ainda de acordo com Rita, uma segunda corrente de pesquisadores diverge da ideia de festa surgida há tanto tempo, sustentando que o Carnaval tem múltiplas origens, com diferentes significados e contextos que levara ao seu nascimento em cada região.

Qual a origem do Carnaval no Brasil?

No Carnaval medieval, que acontecia por volta do século XI, as pessoas costumavam se fantasiar de mulheres — uma mostra da subversão de papéis sociais que acontecia desde as origens do Carnaval nos bacanais — e saíam às ruas e aos campos dizendo que eram habitantes da fronteira do mundo dos vivos e dos mortos. Esses homens entravam nas casas e comiam e bebiam, além de beijar as jovens que lá viviam.

Na Itália, o Carnaval passou a ser como um tipo de teatro popular chamado commedia dell'arte, que eram apresentações improvisadas muito populares até mais ou menos o século XVIII. Eles tinham carros decorados e músicas feitas especialmente para esses eventos, algo parecido com os desfiles de escola de samba que acontecem aqui. 

Nessas festas, as pessoas também se vestiam com fantasias, usando uma capa com capuz chamada bauta, que cobria os ombros e a cabeça, junto com chapéus de três pontas e uma máscara branca.

Basicamente, o Carnaval sempre foi uma tradição na Europa, sendo um tempo em que as regras sociais eram invertidas, e as pessoas se divertiam de maneira diferente. Em Portugal, por exemplo, isso também aconteceu: no século XV, depois que o Papa reconheceu o Carnaval no calendário cristão, a festa começou a ser comemorada no país.

No Brasil, o Carnaval foi trazido pelos portugueses por volta do século XVII. Com o nome de entrudo, ele era baseado principalmente em brincadeiras em que pessoas sujavam umas às outras como o mela-mela. "Havia uma distinção social nessa festa. As famílias brancas brincavam nas casas e os escravos brincavam nas ruas", diz Rita.

Com a Declaração da Independência do Brasil, em 1822, o entrudo, de raiz colonial, passou a ser visto como algo negativo e atrasado. Por isso, a partir da iniciativa de intelectuais, artistas e imprensa, houve um rompimento com a tradição colonial na segunda metade do século 19 e a adoção no País de modelos de festa trazidos da Itália e da França, já com o nome de Carnaval (que teria o sentido de "adeus à carne"). "Aí que entraram os bailes e os desfiles nas ruas com alegorias", destaca Rita.

Segundo Voltaire Schilling, a partir de 1935, com o crescente centralismo estatal determinado pela Revolução de 1930, começou-se a sufocar a espontaneidade popular, submetendo os desfiles populares a regulamentos, horários e trajetos a serem cumpridos à risca. Ganharam destaque a partir de então os desfiles das escolas de samba, principalmente no Rio de Janeiro.

Como surgiram as escolas de samba?

Enquanto o Carnaval era comemorado nas ruas, mas regulamentado e sufocado, as agremiações foram fundadas por imigrantes africanos e seus descendentes, que trouxeram consigo sua herança musical e cultural, incluindo o samba, e a misturaram com elementos da cultura brasileira.

Inicialmente, as escolas de samba eram pequenos grupos de músicos e dançarinos que se reuniam para tocar e dançar samba nas ruas do Rio. Com o tempo, estes pequenos agrupamentos começaram a participar dos desfiles de Carnaval, e foram evoluindo até se tornarem as grandes e sofisticadas escolas de samba que conhecemos hoje, com centenas de componentes e estruturas elaboradas e que movimentam uma parte da economia brasileira durante o feriado.

Fonte: Redação Terra
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