De 1918 até hoje: os blocos de Carnaval mais antigos de SP, RJ e BA que ainda estão na ativa
Eles sobreviveram ao tempo e se tornaram cada vez mais populares entre os foliões nesses três estados; veja
Não tem como falar em carnaval sem pensar em blocos e foliões atrás do trio. Todos os anos, milhares de pessoas são levadas às ruas do Rio de Janeiro, São Paulo e em Salvador para curtir a folia. O que você não deve saber é que muitos desses blocos são bem antigos, alguns até centenários.
Eles sobreviveram ao tempo e se tornaram cada vez mais populares, assim como o bloco 'Filhos de Gandhy', em Salvador e no Rio de Janeiro, e o Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo. Veja esses e outros exemplos:
Rio de Janeiro
Cordão da Bola Preta
O Cordão da Bola Preta é um bloco que surgiu em 1918, no Rio de Janeiro, e até hoje arrasta multidões para as ruas. Considerado o mais tradicional do carnaval de rua carioca, atualmente a rainha do bloco é a atriz Paolla Oliveira, que desfila com as cores branca e preta, e a porta-estandarte é Leandra Leal. A banda é formada por percussão e metais. O Bola Preta já chegou a levar 2 milhões de pessoas para a festa de rua.
Afoxé Filhos de Gandhi
O bloco foi fundado em 1951 pela Associação Cultural Recreativa Afoxé Filhos de Gandhi, que preserva a cultura afro-brasileira através da música e dos desfiles de Carnaval no Rio de Janeiro. O bloco é tradicional por tocar músicas afro, popular regional e MPB. O bloco também acontece em Salvador.
- Cacique de Ramos
Está entre os mais tradicionais do Rio de Janeiro. Fundado em 1961, a base da agremiação fica na Rua Uranos, no bairro Olaria. Foi a partir do bloco que nasceu o grupo de samba Fundo de Quintal, e do qual também participa Zeca Pagodinho.
A sambista Beth Carvalho também é cria do Cacique de Ramos, que a elegeu como a madrinha do bloco. Outros músicos famosos que fazem parte do bloco são Jorge Aragão e Arlindo Cruz.
O Cacique de Ramos desfila pela Avenida República do Chile aos domingos, segundas e terças de Carnaval.
- Banda de Ipanema
Criado na época da ditadura militar no Brasil, em 1964, o bloco Banda de Ipanema foi declarada patrimônio cultural carioca em 2004, e é o primeiro bem imaterial com este reconhecimento. Em 2023, a banda não foi autorizada a participar do pré-carnaval, mas irá desfilar nos dias 18 e 21. No dia 20, acontece um desfile para o público infantil.
Simpatia é Quase Amor
O Simpatia é Quase Amor surgiu em 1985, como forma de protesto durante as campanhas políticas Diretas Já. Hoje é um dos blocos mais conhecidos do Rio de Janeiro. Com as cores amarelo e roxo, o bloco promove a tolerância e a defesa da democracia.
Suvaco de Cristo
Fundado em 1985, o bloco Suvaco de Cristo desfila no Jardim Botânico. A ideia do nome surgiu da localização da concentração, segundo os fundadores, em uma linha reta a partir do "suvaco" da estátua do Cristo Redentor, no morro do Corcovado. Relatos indicam que o nome foi inspirado em Tom Jobim, que era morador do bairro e izia que, em sua casa, tudo mofava porque ele vivia no "sovaco do Cristo".
Salvador
Coruja
Surgido em 1963, o bloco O Clube dos Corujas, hoje chamado apenas de Coruja, foi nomeado em alusão ao verbo "corujar", que significa paquerar as meninas. A agremiação foi criada como um "clube do Bolinha", mas com o passar do tempo deixou de restringir a identidade de gênero dos participantes. Atualmente, o bloco é comandado por Ivete Sangalo e é um dos mais movimentados, com convidados famosos.
Olodum
Considerada a maior banda percussiva do planeta, o Olodum faz sucesso na Bahia com seu bloco há mais de 35 anos. A festa é marcada pelos ritmos africanos e pela cultura afro-brasileira. O Olodum surgiu em 1979, e o que era para ser uma brincadeira entre amigos e moradores do antigo Maciel-Pelourinho ganhou o mundo e se transformou em uma importante instituição cultural.
Afoxé Filhos de Gandhy
Com uma mensagem de paz, o bloco Filhos de Gandhy, que também acontece no Rio de Janeiro, é um dos mais tradicionais da Bahia. Em Salvador, há a tradição entre os foliões de trocar colares de miçangas azuis por beijos. Mais de 6 mil integrantes integram o tapete branco que se forma nos circuitos do carnaval. A música remete a elementos africanos, inclusive com cânticos na língua Iorubá.
- Bloco Camaleão
O Camaleão faz parte do carnaval de Salvador desde 1978, quando estudantes universitários decidiram se reunir numa agremiação carnavalesca. O nome foi dado pelo artista plástico Bel Borba, devido aos camaleões que existiam na Praça da Piedade. Quem lidera o bloco desde o início é Bell Marques.
- Bloco Timbalada
O Timbalada foi criado por Carlinhos Brown em 1995. O bloco mistura ritmos de Carnaval e arrasta multidões pelas ruas de Salvador, com marchinhas até ritmos tribais e africanos.
São Paulo
- Bloco Esfarrapado
Criado em 1947, o Bloco Esfarrapado é o mais antigo de São Paulo, e desfila toda segunda-feira de carnaval pelas ruas do Bixiga. Para criar o bloco, os amigos Armandinho Puglisi, Walter Taverna, Tinin, Capuno e Carabina providenciaram fantasias, algumas latas vazias e panelas, e saíram batucando pelas ruas do bairro. Desde então, o bloco passou a sair todos os anos.
Vai Quem Quer
O bloco Vai Quem Quer completa 43 anos em 2023, e é um dos mais antigos a desfilar nos quatro dias de Carnaval, ininterruptamente. Mas os encontros não acontecem apenas durante a folia. Ao longo do ano, os responsáveis promovem eventos culturais, como saraus e rodas de conversa.
- Acadêmicos do Baixo Augusta
O Acadêmicos do Baixo Augusta é um dos principais blocos de carnaval de São Paulo na atualidade. Ele foi criado em 2009, e já é um dos maiores em número de pessoas. A história do bloco se confunde com a retomada do carnaval de rua na capital paulista, e seu presidente, Alexandre Youssef, já chegou a receber voz de prisão em meio aos foliões. A musa da festa é a atriz Alessandra Negrini, que participa do desfile em todos os anos.