Foliões têm problemas nos olhos após uso de produto capilar em prévias de carnaval

Enquanto arrumava o cabelo para ir curtir uma prévia carnavalesca no último final de semana, no Recife (PE), a estudante de Odontologia Hellen Lyra não imaginava que perderia momentaneamente a visão devido ao uso de um produto capilar. “Fiquei algumas horas sem enxergar. Depois, a visão ficou turva como se estivesse com uma capa nos olhos”, contou a jovem com o olho esquerdo ainda bastante irritado na tarde desta segunda-feira, 6.

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Ela foi uma das 69 pessoas que deram entrada na emergência oftalmológica da Fundação Altino Ventura (FAV), na capital pernambucana, relatando problemas na visão após uso de pomadas modeladoras capilares. Em outras duas unidades particulares de atendimento oftalmológico, pertencentes ao mesmo grupo Altino Ventura, cerca de 80 pessoas foram atendidas relatando o mesmo problema.

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Segundo a assessoria de imprensa, quase 40% dos atendimentos realizados nos últimos dois dias estão relacionados à irritabilidade nos olhos a partir do uso desses produtos. Aplicada nos cabelos para modelar o penteado, a pomada derrete com o calor e mistura-se ao suor, atingindo a região dos olhos.

“Nós temos observado um importante e preocupante aumento no quantitativo de atendimentos médicos no nosso serviço de urgência por pacientes com queixa de fotofobia, lacrimejamento e desconforto ocular intenso após uso de pomadas modeladoras capilares”, relatou o oftalmologista Kayo Espósito, vice-diretor médico administrativo da FAV.

“Orientamos a população que suspenda imediatamente o uso desses agentes. Por se tratar de um trauma químico, a depender da magnitude e do tempo de exposição, pode levar a sequelas irremediáveis na córnea”, advertiu.

Na hora do desespero, Hellen contou com a ajuda do namorado, inclusive para caminhar. “É muito angustiante pensar na hipótese de ficar sem a sua visão”, confessa. “Incomoda demais. Não usem essas pomadas. Houve as queimaduras, mas não lesionou outras partes importantes do meu olho, o que poderia ter acontecido”, disse a estudante, que precisou recorrer a três medicamentos, além de compressas no olho, conforme recomendação do médico oftalmologista.