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Galo da Madrugada reverencia ancestralidade do frevo após dois anos sem carnaval

Símbolo do carnaval do Recife, alegoria homenageia pretos e pardos, pilares da cultura carnavalesca e do surgimento da festa popular

12 fev 2023 - 05h00
(atualizado às 14h04)
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Galo da Madrugada: imagens aéreas do galo gigante na Ponte Duarte Coelho em 2019
Galo da Madrugada: imagens aéreas do galo gigante na Ponte Duarte Coelho em 2019
Foto: Sérgio Bernardo/PCR

No ano que marca a retomada dos festejos carnavalescos, o Galo da Madrugada, maior bloco de rua do mundo, promete uma celebração que saúda tanto o presente quanto as tradições que fazem parte da essência da agremiação e dos pilares da cultura carnavalesca do Recife (PE). Da Ponte Duarte Coelho, a alegoria gigante do galo majestoso vai representar a etnia brasileira, sobretudo da população negra.

Batizada de "Galo Ancestral", a obra de arte, assinada pelo artista plástico e designer pernambucano Leopoldo Nóbrega, deve chegar a 28 metros de altura. A estrutura começará a ser montada no dia 14 de fevereiro, às 20h. O desfile da agremiação acontecerá no dia 18, Sábado de Zé Pereira, a partir das 9h.

"É muito forte esse sentimento do Galo de poder retornar às ruas, já que essa, aliás, foi a grande motivação do surgimento do bloco: devolver o frevo às ruas. Deixamos, por dois anos, de cumprir essa missão e, agora, estamos de volta, para grande alegria nossa e do povo", comemora Rômulo Meneses, presidente do Galo da Madrugada, que este ano desfila com o tema 'Viva a vida, viva o frevo, viva Enéas'.

O homenageado que dá nome ao tema é Enéas Freire, um dos fundadores do bloco, ex-presidente e presidente de honra da agremiação, que há dois anos teria completado 100 anos de vida.

"A data foi celebrada em 2 de dezembro de 2021, mas como não pudemos festejá-la na época, já que não tivemos carnaval, deixamos para prestar agora essa homenagem", comenta Meneses, genro do homenageado. Enéas morreu em 2008, aos 86 anos, após uma parada cardíaca.

Galo da Madrugada - Divulgação
Galo da Madrugada - Divulgação
Foto: Divulgação

Galo Ancestral

Pela primeira vez, o Galo reverencia pretos e pardos, pilares da cultura carnavalesca e do surgimento do festejo popular, como o próprio frevo. A escultura virá com indumentárias Afro-Pernambucanas e paletas de cores em tons quentes, como as que estão na bandeira de Pernambuco. 

"Teremos também tons flúor e metálicos, uma cartela de cores vibrantes, com influências afro punk. A roupa será um caleidoscópio de inspirações étnicas", antecipa o artista Leopoldo Nóbrega.

As pontas das asas serão douradas, em referência a Oxum, divindiade das águas, assim como a gargantilha africana que estará no pescoço do Galo. Já a cauda terá as cores do arco-íris. 

Símbolos sagrados da folia, como coroas, escudos e sombrinhas de frevo, também estarão presentes na alegoria. Pinturas africanas na cor branca irão adornar o rosto do galo gigante, cuja crista terá dreadlocks com fitas de múltiplas cores.

Para Ricardo Mello, secretário de Cultura do Recife, a escultura deste ano reverencia a base do carnaval recifense.

"O frevo e o maracatu são muito mais do que expressões culturais ou festa. São afirmações de luta, história, resistência e identidade, com a marca da paixão pela arte, a dança, a música, além de reconhecimento à ancestralidade. Assim nos encontramos com o Galo Ancestral", destaca.

Leopoldo Nóbrega é o artista que assina a escultura batizada de Galo Ancestral
Leopoldo Nóbrega é o artista que assina a escultura batizada de Galo Ancestral
Foto: Divulgação/PCR

O bloco

O Clube das Máscaras o Galo da Madrugada foi fundado oficialmente em 23 de janeiro de 1978. O primeiro desfile ocorreu em 4 de fevereiro daquele mesmo ano. A grande consagração veio em 1994, quando o Guiness Book reconheceu o Galo da Madrugada como o maior bloco de carnaval do planeta.

Cerca de 1,5 milhão de foliões saem pelas ruas do Centro do Recife durante o desfile, sempre aos sábados de carnaval. Este ano, a multidão será acompanhada por um galo pós-moderno e inclusivo, que dialoga com a redução de impactos ambientais, já que 90% das mais de 7 toneladas de insumos utilizados serão de materiais e resíduos recicláveis.

Na roupa, serão utilizados descartes de tecidos, como malhas e jeans, coletados em cidades como Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe, que fazem parte do polo de confecções do Agreste de Pernambuco. Compondo a indumentária, serão confeccionados mosaicos de espelhos tecnológicos com CDs e DVDs descartados.

Fonte: Redação Terra
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