Império Serrano almeja a volta de sua imponência com estrutura e organização
O Império Serrano, uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, está de volta ao Grupo Especial em grande estilo. Sua comentada vitória na Série Ouro no carnaval de 2022 embalou a comunidade numa fácil mistura de emoções, dando ênfase à superação e à satisfação. Além de muita história, a escola acumula nove títulos na primeira divisão, sendo a quarta agremiação mais premiada do carnaval, em empate com o Salgueiro. Entretanto, nos últimos anos, o Reizinho de Madureira encarou uma realidade difícil. Problemas financeiros e administrativos marcaram suas passagens pela Marquês de Sapucaí. O rodízio de cargos altos como presidentes, intérpretes e coreógrafos, mostrou a fragilidade que pairava sobre a escola, que chegou a desfilar com fantasias inacabadas e alegorias problemáticas.
Quando Sandro Avelar assumiu a presidência do Império, em 2020, levou a missão de reestruturar a agremiação como sua principal meta. Sem mais reciclagens, decidiu que tudo devia ser feito do zero. Contratou uma nova equipe e deixou os imperianos esperançosos com seus discursos. Devido à pandemia de Covid-19, os desfiles de carnaval em 2021 foram cancelados. Apesar da tristeza sentida por todos, talvez o Império do Samba tenha recebido mais tempo para redescobrir sua verdadeira essência, porque, no ano seguinte, confirmou as expectativas e, sendo a última escola a desfilar, encantou o público presente na Sapucaí.
A vitória e a oportunidade de retornar ao Grupo Especial não poderiam ter chegado num momento mais oportuno. No último domingo, a escola fez seu primeiro e único ensaio técnico no Sambódromo antes do dia oficial do desfile. Com um enredo que homenageia Arlindo Cruz, os componentes passaram pela Avenida radiantes, em perfeita harmonia e com muito samba no pé. O site CARNAVALESCO quis apurar detalhadamente o sentimento de confiança que une os desfilantes nesse resgate da agremiação, sabendo que eles agora enxergam um Império Serrano organizado e disposto a mostrar o seu melhor.
Isabel Cristina, de 57 anos, é nascida e criada no Morro da Serrinha, e não protelou em dizer: “O que eu mais quero é que ela se firme nesse patamar de onde nunca deveria ter saído. Império é raiz! Não temos medo e vamos com tudo em 2023. Sou técnica de enfermagem e vi o mundo se acabar, mas isso que está acontecendo é a vida em sua mais pura forma”.
Mauro Ramos faz parte da ala dos compositores, e aos 70 anos ainda se empolga em comentar: “Estou muito feliz. Temos que rasgar a sola do sapato para homenagear Arlindo e mostrar para o mundo o que somos. Esquecemos muitas coisas, mas estamos com uma nova gestão e vamos conquistar todas de volta”.
Vilma Almeida, de 64 anos, traz os laços familiares com ela. “Sou imperiana desde sempre, mas estou desfilando pela primeira vez. Escolhi esse ano porque meu irmão faleceu e tínhamos combinado de desfilar juntos. Ele se foi muito antes, mas a partir de agora o Império vai relembrar suas raízes”, afirmou. “Vamos abrir o carnaval de um jeito que ninguém vai esquecer o primeiro, depois da pandemia, em que o público não teve mais restrições”, continuou.
Essa é a força que o Império Serrano levará ao desfile. Não apenas a superação de maus momentos da escola, mas também as histórias individuais de quem a tornou exatamente o que simboliza: a realeza.