Pai doente, depressão: o que Erika Schneider não fala publicamente sobre sua vida
Modelo detalha o momento mais sombrio de sua vida, mas celebra reconhecimento por desfilar nos carnavais de São Paulo e Rio de Janeiro
Erika Schneider, de 32 anos, é uma mulher afável e de conversa fácil. A ex-bailarina do Faustão raramente tira o sorriso do rosto em público. É o mesmo que o público deve ver neste sábado, 18, no Anhembi, e no domingo, 19, na Sapucaí.
A dançarina é musa da Águia de Ouro (SP) e da Mocidade de Padre Miguel (RJ), e já gastou uma pequena fortuna rumo à folia. Entre passagens aéreas, hospedagem, alimentação e fantasias, ela avalia que investiu cerca de R$ 100 mil para a "magia" acontecer. Apesar do alto valor, ela não se arrepende.
"Estou muito feliz em poder desfilar. Agora é trabalhar para cobrir os custos", diz ela, divertida.
Por respeito à família, Erika não é dada a expor sua intimidade, tampouco sua história. Filha de paraibana com um alemão, Erika Schneider nasceu no Recife, capital de Pernambuco, mas ainda na primeira infância, a família se mudou para o interior de São Paulo, onde ela foi criada. Antes de casar, sua mãe, Carmelita, era empregada doméstica e acabou se apaixonando pelo filho de um dos patrões, Bertram. O romance começou em Pernambuco e enfrentou preconceitos pelas diferenças econômica, social e étnica.
"Minha mãe e a irmã dela, que é freira, tiveram uma vida muito sofrida. Elas perderam os pais cedo e precisaram trabalhar. Sem apoio, sofreram todo tipo de discriminação", lembra Erika, em entrevista ao Terra.
Quando Bertram terminou os estudos na Alemanha, ele se casou com Carmelita. Na vida a dois, o casal encarou algumas adversidades. Apesar de seus pais serem médicos, o pai de Erika não era abastado, e, conforme os anos se passaram, de maneira sutil, ele começou a ter "surtos" e oscilações de humor, o que dificultava o convívio dentro de casa.
"Ele costumava gritar e quebrar coisas, era assustador, uma parada bem maluca", acrescenta.
Embora hoje seu pai se trate e seus pais vivam numa união sadia, Erika lembra que passou a trabalhar desde novinha por causa da debilidade que a esquizofrenia provocou a Bertram. Na pré-adolescência, por exemplo, ela já atuava como monitora infantil em um buffet de eventos, mas não recebia nem R$ 50 reais por festa trabalhada.
Sonho realizado com ajuda de padre
Aos 15 anos, seu tio paterno, que é padre, resolveu dar um "empurrãozinho" para que ela realizasse um sonho: morar na Alemanha. Lá, no entanto, Erika viveu um dos momentos mais sombrios de sua história. Solitária, ela teve depressão e pensou em tirar sua própria vida.
"Meu tio sempre me ajudou, devido aos problemas do meu pai. Na época, expliquei que queria ir para a Alemanha por conta dos problemas em casa. Ele me ajudou a tirar a cidadania e eu fiquei morando lá com minha avó. Eu trabalhava como babá e ganhava um bom dinheiro, mas, quando minha avó morreu, foi um período muito difícil para mim [...] Fiquei sozinha em um continente distante, longe de tudo e de todos que conhecia. Nessa época eu tive depressão e, Nossa Senhora, cheguei a pensar em [suicídio]", revela.
Foi nessa época que Erika Schneider passou a morar de favor na casa de alguns parentes distantes. Depois de passar por duas ou três casas, em uma visita do tio-padre ao país, os dois conversaram e ela foi convencida a voltar ao Brasil. A modelo vê seu retorno como algo mais do que positivo: "Foi um resgate".
Visando um futuro melhor para a família, a modelo se formou em gestão empresarial e recursos humanos e paralelamente se dedicou à dança. Não demorou muito e surgiu a oportunidade de integrar o balé do Faustão, que tem fama de alçar seuas dançarinas ao status de estrela.
O 'lado público' de Erika Schneider
Durante seus anos como bailarina do Faustão, Erika brilhou. Após sua passagem pelo programa, ela investiu na carreira de modelo, trabalhou como repórter eventual na Record e na RedeTV!, apresentou projetos audiovisuais, integrou o elenco de A Fazenda e agora se prepara para mais uma maratona de desafios: desfilar no Carnaval de São Paulo e do Rio, além de ser anfitriã em três camarotes, um deles em Salvador (BA).
Para aguentar essa bateria de eventos, a influenciadora tem feito uma dieta pouco restritiva, sem muitos doces, mas com muita comida, diz ela. Em sua rotina, não deixa de lado os treinos, nem as aulas particulares de samba.
Bailarina formada, ela explica que os sambas do Rio e de São Paulo são diferentes e que o reforço é sempre bem-vindo. O único problema que tem encontrado é a falta de descanso.
"Estou vivendo à base de café", diz ela, aos risos. "O sono realmente tem sido a parte mais difícil, além do pouco tempo. Eu sou ansiosa e às vezes fico sem dormir. Mas depois pretendo tirar umas boas férias".
As escolas de samba de São Paulo do Grupo Especial se apresentaram nos dias 17 e 18 de fevereiro. A Águia de Ouro cruza a Avenida no sábado, 18, ela será a sexta da noite a desfilar. No Rio de Janeiro, o Grupo Especial desfila nos dias 19 e 20. A Mocidade Independente de Padre Miguel desfilará no domingo, 19, e será a terceira a entrar na Marquês de Sapucaí.
Importante:
Se você se sente mal e precisa de ajuda, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV), que promove apoio emocional e prevenção ao suicídio. O telefone do CVV é 188. Caso presencie um caso de emergência médica, entre em contato com o Corpo de Bombeiros (193) ou com o Samu (192).