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Estrangeiros optam por albergues em comunidades do Rio

Tranquilidade dos morros pacificados, onde todo mundo se conhece, atrai turistas estrangeiros que chegam à cidade para a folia carioca

3 fev 2016 - 11h45
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Com 100% dos quartos reservados há algum tempo, o Babilônia Rio Hostel, situado no Morro da Babilônia, no Leme, zona sul do Rio de Janeiro, já começou a receber os hóspedes para o Carnaval. A maioria é de estrangeiros - da França, da Dinamarca, dos Estados Unidos, da Argentina, do Chile e da Suécia. O hostel (albergue) tem nove quartos que podem ser adaptados para abrigar até 29 pessoas, explica Eduardo de Figueiredo Barbosa, sócio-proprietário com a mulher, Bianca Lima.

Vista do hostel Rocinha Guest House
Vista do hostel Rocinha Guest House
Foto: Reprodução/Facebook

O Babilônia Rio Hostel começou a funcionar há dois anos e meio na comunidade da Babilônia, onde foi instalada uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Natural de Petrópolis, região serrana fluminense, Eduardo Barbosa se apaixonou pela casa de 1942, cuja estrutura reformou para instalar o empreendimento, incentivado pelo movimento de turistas na região. Ali, os visitantes têm “tranquilidade de cidade do interior. Todo mundo se conhece. É bem tranquilo”, assegura Barbosa.

O hostel oferece café da manhã, área com churrasqueira, cozinha compartilhada e um muro de escalada de seis metros de altura. É um albergue sustentável, diz Barbosa - aproveita água da chuva e tem painel solar que economiza 80% do consumo de energia. O sucesso do negócio faz Eduardo admitir a possibilidade de expansão no futuro. “Eu estou fazendo um conceito que é sustentável e se um executivo vier falar comigo, a gente pode conversar”. Caso a parceria se efetive, a ideia é abrir um albergue do mesmo segmento em outra comunidade.

Varanda do Babilônia Rio Hostel: clima de interior
Varanda do Babilônia Rio Hostel: clima de interior
Foto: Reprodução/Facebook

O gerente do Rocinha Guest House, localizado na comunidade da Rocinha, uma das maiores favelas da América do Sul, Obi Basílio, confirmou a grande procura. O hostel da família está lotado. São três quartos, com capacidade para dez pessoas no total, sendo um dormitório com seis vagas, um quarto com cama beliche e uma suíte para casal.

O preço médio da diária é um atrativo à parte. No dormitório, paga-se R$ 40 por vaga, em cama separada; no quarto, R$ 50 por pessoa; e, na suíte, R$ 70 cada. Os hóspedes do Rocinha Guest House são estrangeiros, procedentes dos Estados Unidos, da Dinamarca, Inglaterra, China e do México.

Lembrança do Rocinha Guest House: colares feitos de balas recicladas e pedras brasileiras
Lembrança do Rocinha Guest House: colares feitos de balas recicladas e pedras brasileiras
Foto: Reprodução/Facebook
Turista usando o souvenir: albergues estão instalados em áreas pacificadas
Turista usando o souvenir: albergues estão instalados em áreas pacificadas
Foto: Reprodução/Facebook

Obi Basílio informou que o albergue já está recebendo consultas sobre valores e a disponibilidade de vagas para a Olimpíada, cuja abertura está prevista para 5 de agosto. O irmão de Obi Basílio, que mora atualmente na Austrália, teve a ideia de abrir o albergue em novembro de 2011. O empreendimento começou a funcionar em janeiro de 2012. “Nós fomos um dos primeiros aqui na Rocinha”, informou Basílio, que administra o empreendimento com a mãe, Neusa.

Churrasco no deque do Pura Vida Hostel
Churrasco no deque do Pura Vida Hostel
Foto: Reprodução/Facebook

O presidente da Associação de Cama e Café e Albergues do Estado do Rio de Janeiro (Accarj), Léo Barroso, que também é proprietário de empreendimentos como esse, alguns deles em comunidades pacificadas, disse que a ocupação para o Carnaval é alta. Um de seus albergues é o Pura Vida, no Pavão-Pavãozinho, em Ipanema, zona sul da cidade,

Pesquisa feita pela Accarj mostra que os 47 hostels associados, incluindo os que estão instalados em comunidades, têm taxa média de ocupação de 95%. Léo Barroso assegurou que embora o brasileiro seja mais receoso em se hospedar em comunidades do que os estrangeiros, o quadro de hóspedes nos hostels começa a mudar. “É 50% (de brasileiros) e 50% (estrangeiros)”, afirma. Nos albergues fora de comunidades, o número de brasileiros supera o de estrangeiros. A exceção é no Réveillon, quando o número de brasileiros é inferior ao de hóspedes estrangeiros.

O presidente da Accarj disse que, na época de Carnaval, os hóspedes de albergues não demonstram preferência por quartos privativos ou dormitórios. “Nessa época, eles pegam o que tiver, porque não há mais vaga”. 

A favela vê a favela:
Agência Brasil Agência Brasil
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