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Álcool e carnaval: conheça misturas e quantidades mais perigosas para organismo

Intercalar o consumo de álcool com bebidas não alcoólicas e alimentar-se bem estão entre as recomendações para diminuir prejuízos

9 fev 2024 - 09h08
(atualizado em 10/2/2024 às 05h00)
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Resumo
Especialistas alertam que o consumo de álcool em excesso durante o carnaval pode acarretar em problemas graves de saúde a curto e longo prazo. Veja recomendações para evitar danos durante as festividades.
Uso de substâncias foi relacionado a uma variedade de sintomas, como ansiedade, depressão e hiperatividade
Uso de substâncias foi relacionado a uma variedade de sintomas, como ansiedade, depressão e hiperatividade
Foto: iStock / Jairo Bouer

Com inúmeros blocos de carnaval em andamento por todo Brasil, é comum vermos cenas de foliões com copos de bebidas alcóolicas na mão. Ainda que a cena seja corriqueira, especialistas alertam que a maratona de festas aliada a uma dieta com excesso de álcool pode ser perigosa para o organismo

Entre as recomendações ditas por especialistas ouvidos pelo Terra para aqueles que não dispensam a bebida alcóolica no carnaval estão: intercalar o consumo de álcool com bebidas não alcoólicas para evitar a desidratação e alimentar-se antes e enquanto estiver bebendo. 

Imagem meramente ilustrativa de uma mulher com uma taça de vinho e comprimidos
Imagem meramente ilustrativa de uma mulher com uma taça de vinho e comprimidos
Foto: Zbynek Pospisil / iStock

Álcool em excesso  

Psiquiatra e pesquisadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), Olivia Pozzolo explica que "o risco do consumo abusivo de álcool, caracterizado pelo consumo de 4 ou mais doses para mulheres e 5 ou mais doses para homens em uma mesma ocasião, está associado a danos de curto e longo prazo à saúde". Para facilitar a comparação, uma dose de álcool corresponde a 350 ml (uma lata) de cerveja, 150 ml (uma taça) de vinho ou 45 ml (um shot) de destilado. 

"O aumento da ingestão e da concentração alcoólica leva à diminuição da resposta aos estímulos, dificuldade de movimento e fala arrastada. Mesmo a curto prazo, o consumo excessivo de álcool pode levar a comportamentos de risco, como sexo desprotegido, e aumentar a probabilidade de acidentes e envolvimentos em brigas. Em concentrações muito altas, inclusive, pode resultar em coma ou morte", conclui a médica. 

Álcool x saúde 

O consumo de álcool afeta diretamente diversos órgãos do corpo humano de maneira preocupante. No caso do fígado, hepatites agudas alcoólicas mais leves podem requerer internações por provocarem lesões de difícil reparo. "Existe a possibilidade de hepatites alcoólicas agudas. Em algumas delas, apenas um transplante de fígado pode salvar o paciente", explica o cirurgião especialista em fígado e aparelho digestivo e Diretor do Instituto do Fígado da Rede Américas, Ben-Hur Ferraz Neto. 

"A longo prazo, são consequências ainda mais graves, pois a lesão vai ocorrendo progressivamente sem sintomas. Quando os sintomas aparecem, a cirrose pode estar estabelecida como doença irreversível e gravíssima. Muitas vezes, a doença é diagnosticada em uma fase tão avançada que nem o transplante pode mais ser realizado", alerta.

Já no caso dos rins, o presidente da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), José Moura Neto, diz que o álcool inibe a ação do hormônio antidiurético, responsável pela reabsorção de água no organismo. “Deste modo, o consumo excessivo de álcool interfere diretamente no equilíbrio de água do nosso corpo, o que pode alterar o equilíbrio de diversas outras substâncias", diz. 

Moura afirma que as possíveis consequências para os rins de quem consome álcool em excesso não param no carnaval. "O álcool pode descompensar outras condições de saúde como o diabetes e a hipertensão. Essas são as duas principais causas de doença renal crônica no mundo. Portanto, o consumo excessivo e frequente de álcool pode aumentar o risco de lesão renal". 

“Após períodos como o carnaval, é comum que as pessoas busquem medicamentos ou receitas que melhorem sua imunidade ou façam uma espécie de desintoxicação do organismo. É importante ressaltar que esses medicamentos não existem. A melhor forma de se recuperar é retomar uma rotina saudável, com alimentação nutritiva e balanceada, hidratação adequada, prática de atividade física e descanso de qualidade”, alerta.

Para tentar evitar problemas com os órgãos, é necessário moderar a ingestão de bebidas alcoólicas e manter a hidratação, principalmente com água, e uma alimentação saudável, além de um bom período de descanso.

Foto: Dylan de Jonge / Unsplash

Mistura de álcool com remédios 

Geralmente eliminados pela urina, medicamentos também podem sofrer mudanças quando interagem com o álcool. O excesso de líquidos, elemento comum em uma cervejada no carnaval, por exemplo, causa um efeito diurético - ou seja, intensifica o fluxo urinário. Com isso, o medicamento pede ter seu efeito alterado e, em algumas, situações pode causar problemas como hepatite medicamentosa, aumento do risco de úlcera gástrica e sangramentos, e toxicidade gástrica, explica Amouni Mourad, assessora técnica do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP). 

Ela lista alguns remédios de uso comum ao longo do ano, cuja interação com o álcool pode ser perigosa: 

  • Álcool e antidepressivos 

Reações adversas e efeito sedativo aumentam, além de diminuir a eficácia dos antidepressivos.

  • Álcool e calmantes (ansiolíticos) 

Efeito sedativo e riscos de coma e insuficiência respiratória aumentam.

  • Álcool e inibidores de apetite  

O potencial de efeitos sobre o sistema nervoso central, como tontura, vertigem, fraqueza, síncope e confusão aumenta. 

  • Álcool e anticonvulsivantes  

Efeitos colaterais podem ser potencializados, há o risco de intoxicação e a eficácia contra as crises de epilepsia diminui. 

  • Álcool e dipirona  

O efeito do álcool pode ser potencializado. 

  • Álcool e paracetamol  

Aumenta o risco de hepatite medicamentosa. 

  • Álcool e ácido acetilsalicílico  

Há risco de sangramentos no estômago.  

  • Álcool e antibióticos 

Podem ocorrer efeitos graves do tipo antabuse, que causa vômitos, palpitação, dor de cabeça, hipotensão, dificuldade respiratória e até morte.

Entre as piores combinações estão os antibióticos dos tipos metronidazol, trimetoprim-sulfametoxazol, tinidazole, griseofulvin. Outros, como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida também não devem ser tomados com álcool pelo perigo de inibição do efeito e potencialização de toxicidade hepática. 

  • Álcool e anti-inflamatórios 

Aumenta o risco de úlcera gástrica e sangramentos.  

"Vale ressaltar que deve ser muito mais cauteloso se estiver fazendo uso de medicamentos que atuam no cérebro, como os ansiolíticos, antidepressivos, antipsicóticos, anticonvulsivantes, antiparkinsonianos e analgésicos opioides", explica.

Mistura de álcool com drogas 

"A combinação de álcool e drogas é muito comum, especialmente nos usuários que fazem consumo destas substâncias para fins recreativos. Muitas vezes, essas pessoas têm a ideia de misturar é potencializar os efeitos desejados", continua Amouni, que elenca euforia, alucinações, sensação de leveza e relaxamento como as buscas mais comuns esta época do ano.  

Embora o álcool seja lícito no Brasil, o consumo em excesso é tão ou mais prejudicial que substâncias ilícitas como cocaína, heroína, crack, entre outras. "Reforço que o carnaval não dá licença para que nosso corpo seja trucidado pela falsa sensação de que por serem dias de festa nada de ruim vai acontecer", conclui. 

Fonte: Redação Terra
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