Após dois anos sem Carnaval, setor de entretenimento volta a empregar
O segmento, que representa 13% do PIB, volta a aquecer depois de dois anos de proibições por causa da pandemia de covid-19
Foram dois anos sem shows e grandes eventos. O setor de entretenimento foi um dos mais afetados pelo período da pandemia da covid-19. Com a vacinação em alta, o que possibilitou a flexibilização das medidas de proteção contra o coronavírus, o segmento voltou a aquecer e a gerar empregos.
Entre março e dezembro de 2021, o prejuízo registrado foi de cerca de R$ 270 bilhões com a proibição dos eventos, somando três milhões de desempregados. Responsável por 13% do Produto Interno Bruto (PIB), o setor tem 60 mil empresas dependentes diretamente, além de dois milhões de microempresários.
Os Estados mais afetados foram aqueles que recebem mais visitantes por conta do Carnaval, como Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Pernambuco. Com a ausência da folia, em 2021, a Bahia deixou de arrecadar R$ 1,7 bilhão, e mais de 60 mil pessoas ficaram sem opção de trabalho.
Já o Rio de Janeiro deixou de movimentar cerca de R$ 5,5 bilhões em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE). O prejuízo equivale a 1,4% do PIB carioca. Neste ano, a expectativa é que o faturamento ainda seja 20% menor do que o de 2020, quando a festa movimentou R$ 4 bilhões na economia do Estado.
Em São Paulo, o último Carnaval, que foi em 2020, movimentou cerca de R$ 3 bilhões --2% do PIB paulista.
Com o retorno do evento, a expectativa é gerar um aumento de 21,5% nas receitas, com movimentação financeira de mais de R$ 6 bilhões em relação ao ano passado, e a criação de 16,5 mil vagas de trabalho temporário, segundo projeção da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Volta dos desfiles em SP e RJ
Com a liberação dos desfiles das escolas de samba em São Paulo e no Rio de Janeiro, que aconteceriam em fevereiro deste ano e foram adiados para o feriado prolongado de Tiradentes, em abril, o setor voltou a aquecer.
Em São Paulo, a oferta de contratações, diretas e indiretas, teve aumento em diversas áreas que abrangem os trabalhos realizados pelas escolas de samba e, também, pelos camarotes instalados no sambódromo do Anhembi. Um exemplo disso é o Camarote 011, que gerou a contratação de mais de 400 empregos para marceneiros, serralheiros, seguranças, recepcionistas e motoristas.
"Foram dois anos parados sem eventos para um setor que gera muitos empregos. Para ter uma ideia, serão mais de 15 shows com artistas de diversos segmentos que se apresentarão no nosso palco durante os intervalos dos desfiles. Finalmente, estamos sentindo o mercado aquecer novamente", fala Léo Rizzo, CEO do Grupo Soccer Hospitality, responsável pelo camarote.
Na escola de samba Império de Casa Verde as contratações tiveram início no mês de setembro de 2021. Aderecistas, escultores, costureiras e outros profissionais do setor foram recrutados para montar o Carnaval deste ano.
"Dentro do nosso barracão foram mais de cem contratações, além dos serviços terceirizados e que, automaticamente, fazem a economia do carnaval aquecer. No dia do desfile esse número praticamente triplica", afirma Alexandre Furtado, presidente da agremiação.
Em São Paulo, os desfiles iniciam no dia 16 de abril com o grupo de acesso II. O Grupo de Acesso I e Especial desfilam nos dias 21, 22 e 23 de abril. As campeãs retornam ao Anhembi em 29 de abril. No Rio de Janeiro, os desfiles do Grupo Especial serão em 22 e 23 de abril e o das campeãs, no dia 30 de abril.