Beija-Flor: conheça a história de uma das maiores escolas de samba do Rio de Janeiro
A Beija-Flor de Nilópolis tem uma história de décadas e é uma das escolas de samba mais tradicionais do carnaval carioca
A Beija-Flor foi fundada em 1948 em Nilópolis, região metropolitana do Rio de Janeiro. Suas cores são o azul e o branco. A escola de samba tem 75 anos e 14 títulos do Carnaval fluminense.
A Beija-Flor de Nilópolis é uma das escolas de samba mais tradicionais do Carnaval do Rio de Janeiro, com uma história de décadas e dezenas de títulos. Alguns dos principais nomes do carnaval carioca têm forte relação com a agremiação, que surgiu originalmente como bloco de carnaval.
Também chamada de “A Deusa da Passarela” e “Maravilhosa e Soberana”, a Beija-Flor está sediada no centro da cidade de Nilópolis, que fica na região metropolitana do Rio de Janeiro, a 38 km da capital fluminense. Sua história começa no final dos anos 1940, no dia de Natal.
Qual é a história da Beija-Flor de Nilópolis?
A história da Beija-Flor de Nilópolis começa no Natal de 1948, quando um grupo de amigos fundou em 25 de dezembro o então chamado Bloco Associação Carnavalesca Beija-Flor, durante a celebração natalina realizada no centro de Nilópolis.
A reunião do bloco aconteceu no Grêmio Teatral de Nilópolis com Milton de Oliveira (Negão da Cuíca), Helles Ferreira da Silva, José Fernandes da Silva, Edson Vieira Rodrigues (Edinho do Ferro Velho), Hamilton Floriano e os irmãos Mário Silva e Walter da Silva. Os amigos visaram criar o bloco para substituir outros dois blocos da região, que haviam deixado de existir.
Na reunião, foram discutidas as cores e símbolos do bloco, bem como o seu nome, sugerido pela mãe de Milton, Dona Eulália de Oliveira, que se inspirou no Rancho Beija-Flor, localizado nas proximidades do bloco. Ela também foi admitida como fundadora da escola de samba.
Em seu primeiro ano de desfile municipal, em 1949, a Beija-Flor foi campeã. O bloco foi tricampeão até 1953, quando passou a ser oficialmente uma escola de samba. Ao participar dos desfiles do segundo grupo de Carnaval carioca em 1954, obteve o primeiro lugar da competição.
A Beija-Flor chegou a ser rebaixada em 1963 e, novamente, em 1964, integrando a terceira divisão do carnaval carioca. O retorno ao grupo de elite ocorreria apenas em 1973, quando a escola foi vice-campeã do grupo II do Carnaval.
Quais as cores e símbolos da Beija-Flor?
As cores da Beija-Flor de Nilópolis são o azul e o branco, que teriam sido escolhidas em homenagem à cidade fluminense que adotou as cores desde sua emancipação, em 1947.
Outra versão afirma que a inspiração foi a bandeira de Israel. Já o símbolo da escola é o beija-flor, sendo que o nome da agremiação foi inspirado no Rancho Beija-Flor, localizado também em Nilópolis.
Quantas vezes a escola de samba Beija-Flor foi campeã?
A Beija-Flor de Nilópolis possui 14 títulos do carnaval do Rio de Janeiro, o que faz da agremiação a terceira maior campeã do desfile das escolas de samba carioca, atrás apenas de Mangueira (2ª maior campeã) e Portela.
A escola de samba foi tricampeã entre os anos de 1976 e 1978 e, também, de 2003 a 2005. Além disso, foi bicampeã em 1977 e 1978 e em 2007 e 2008.
O campeonato mais recente vencido pela Beija-Flor ocorreu em 2018, com o enredo Monstro é aquele que não sabe amar. Os filhos abandonados da pátria que os pariu, no qual abordou diversos problemas sociais brasileiros.
Conheça todos os anos em que a Beija-Flor de Nilópolis foi campeã do Carnaval do Rio de Janeiro:
- 1976;
- 1977;
- 1978;
- 1980;
- 1983;
- 1998;
- 2003;
- 2004;
- 2005;
- 2007;
- 2008;
- 2011;
- 2015;
- 2018.
Quais os principais nomes da Beija-Flor?
A Beija-Flor é a escola de samba de diversos nomes do carnaval carioca e de importantes personalidades para os desfiles. É o caso de Negão da Cuíca, primeiro presidente da escola, e de sua mãe, Dona Eulália.
Outro nome conhecido é o do carnavalesco Joãozinho Trinta, que promoveu uma série de desfiles emblemáticos e vencedores desde 1976, quando passou a fazer parte da escola. A Beija-Flor consagrou-se campeã do carnaval naquele ano, com um enredo que homenageou o jogo do bicho.
O carnavalesco da Beija-Flor também foi o responsável pelo impacto causado por uma alegoria no carnaval de 1989, que trazia uma réplica do Cristo Redentor caracterizado como uma pessoa em situação de rua. A Igreja Católica ingressou com uma ação judicial, o que fez com que a alegoria tivesse que desfilar coberta por um plástico preto. Na frente da peça, foi colocado um cartão com os dizeres “Mesmo proibido, olhai por nós”.
O último carnaval de Joãozinho Trinta como integrante da Beija-Flor foi em 1992. Na ocasião, ele foi levado à delegacia pela presença de um casal completamente sem roupa no desfile da escola. O carnavalesco alegou que tratava-se de uma homenagem a Leonardo Da Vinci.
Neguinho da Beija-Flor é outro nome importante da escola de samba. Natural de Nova Iguaçu, Luiz Antonio Feliciano Marcondes é sambista e intérprete da agremiação desde 1975. Além dos títulos do carnaval carioca, Neguinho da Beija-Flor também foi considerado o melhor intérprete do carnaval em 5 ocasiões (1985, 2002, 2003, 2009 e 2013), recebendo o prêmio Estandarte de Ouro.
Quais os sambas-enredo da Beija-Flor mais conhecidos?
A Beija-Flor conta com diversos sambas-enredo que marcaram gerações no carnaval do Rio de Janeiro. Um dos primeiros foi “Sonhar com rei dá Leão”, de 1976, que rendeu o título da disputa no primeiro desfile pela escola de Joãozinho Trinta.
Outro samba-enredo da escola que foi marcante pela letra e pelo desfile foi “Ratos e urubus, larguem a minha fantasia”, de 1989. Na ocasião, a Beija-Flor desfilou na Sapucaí com carros e alegorias cheias de lixo, além do Cristo Redentor representado como um morador de rua. A performance rendeu o segundo lugar do carnaval para a escola naquele ano.
Nos anos 2000, a Beija-Flor conquistou o tricampeonato com os sambas “O povo conta a sua história: saco vazio não para em pé, a mão que faz a guerra, faz a paz” (2003), “Manôa, Manaus, Amazônia, Terra Santa: Alimenta o corpo, equilibra a alma e transmite a paz” (2004), e “O vento corta as terras dos pampas, em nome do pai, do filho e do espírito guarani, sete povos na fé e na dor… sete missões de amor” (2005).
O desfile e o samba-enredo de 2015 também foram marcantes e renderam o título do carnaval carioca. Na ocasião, a Beija-flor homenageou a Guiné Equatorial com o samba-enredo “Um griô conta a história: um olhar sobre a África e o despontar da Guiné Equatorial. Caminhemos sobre a trilha de nossa felicidade”. A escola foi criticada por ter recebido investimentos do país africano, considerado uma ditadura por entidades ocidentais.