Escola do Rio terá "Crivella demônio" e 1ª musa transexual
Já é tradicional das escolas de samba do Carnaval do Rio de Janeiro levar para a Sapucaí as polêmicas da política brasileira. Sem medo de dividir opiniões, algumas agremiações costumam usar os desfiles para fazer críticas sociais e contestar figurões que estão no poder.
A escola de samba Acadêmicos do Sossego, última a desfilar na sexta-feira, primeira noite do grupo de acesso, escolheu um alvo principal: o prefeito do Rio, Marcelo Crivella. O bispo evangélico, que cortou verbas públicas para o Carnaval carioca quando assumiu a prefeitura, em 2017, será retratado como "demônio".
A discussão da diversidade sexual também estará presente na Acadêmicos do Sossego. E novamente com provocação ao prefeito que, em 2012, em uma pregação, afirmou que a homossexualidade pode ter origem no sofrimento do bebê ainda no útero da mãe e que a homossexualidade seria um "mal terrível". Segundo ele, gays merecem compreensão porque podem ser fruto de aborto malsucedido.
A resposta da escola foi na escolha da destaque do principal carro alegórico: a fisiculturista transexual Priscila Reis. "Estou a favor do Carnaval, e não sou um aborto malsucedido como o prefeito afirmou anos atrás. Amo minha cidade, amo o Carnaval e tudo que ele representa e lamento que o prefeito tenha tido essa atitude de prejudicar as Escolas cortando verba deste que é o evento que mais traz turistas para o Rio e gera empregos".
Em 2018, "Temer vampiro" e imigração
O ano passado ficou marcado pelo "desfile protesto da Paraíso do Tuiuti, que com o enredo 'Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?', criticou a reforma trabalhista e apresentou o presidente Michel Temer como o "vampiro do neoliberalismo". A escola também levou uma ala de 'manifestantes fantoches' com panelas nas mãos, ironizando os atos a favor do impeachment de Dilma Roussef.
Também em 2018, Crivella e o corte das verbas destinadas ao Carnaval foram assunto na Sapucaí. Com o enredo 'Com dinheiro ou sem dinheiro, eu brinco', a Mangueira levou um boneco de Judas para simbolizar o prefeito, ao lado da frase "prefeito, pecado é não brincar o Carnaval". A Beija-Flor foi outra a levar a política para a avenida e criticou a corrupção e o abandono de crianças e adolescentes. Outro "tema da moda" do ano passado foi a imigração, retratado pela Portela e pela União da Ilha.