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Gaviões da Fiel prega a união entre as religiões em enredo educativo

Novo enredo é assinado pela dupla de carnavalescos André Marins, que estreia pela agremiação, e Júlio Poloni, que foi enredista em 2022

23 jan 2023 - 19h17
(atualizado às 20h09)
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O sol estará por nascer no momento em que os Gaviões da Fiel entrarem no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo, para encerrar a primeira noite de desfiles do Grupo Especial do Carnaval 2023 em São Paulo. Após um ciclo marcado pela superação das adversidades, a Torcida que Samba novamente aposta em um enredo didático. “Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!” é assinado pela dupla de carnavalescos André Marins, que estreia pela agremiação, e Júlio Poloni, que atuou como enredista em 2022.

Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

Reconhecido pelo trabalho vital para o resultado satisfatório dos Gaviões, depois de um pré-carnaval marcado por grande turbulência nos bastidores, Júlio Poloni conduziu a equipe do site CARNAVALESCO em um tour pelo barracão da escola, onde explicou a proposta do enredo de maneira similar à que deseja que o público receba na Avenida.

União entre os povos

Proposto por André Marins, o enredo dos Gaviões da Fiel tem como objetivo transmitir, ao longo dos quatro setores do desfile, a mensagem de que todas as religiões buscam a Deus, mesmo que a maneira de se alcançar esse objetivo seja diferente. De acordo com Júlio Poloni, a ideia é passar esse recado de maneira leve e educativa, de modo que, caso alguém se incomode com algum elemento do desfile, é sinal de que a proposta está sendo executada corretamente.

Júlio Poloni conduziu a equipe do site CARNAVALESCO em um tour pelo barracão da escola
Júlio Poloni conduziu a equipe do site CARNAVALESCO em um tour pelo barracão da escola
Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

“Vamos fazer um Carnaval que é um dedo na ferida, é um tema polêmico, mas com poesia e sutileza, nada para chocar. É para passar aquela mensagem. A sinopse foi construída como se Deus escrevesse uma carta para seus filhos, e nós estaremos traduzindo essa carta em forma de desfile. Não estamos apontando o dedo para ninguém, mas a carapuça irá servir para quem tiver que servir. Por exemplo, uma pessoa preconceituosa tendo acesso a essa mensagem, vendo as religiões em comunhão. O que a gente pretende entregar para as pessoas é uma compreensão de que, em muitos pontos, as religiões empregam as mesmas mensagens e são baseadas nos mesmos valores. É basicamente essa mensagem que queremos passar, contra o preconceito. Para as pessoas se livrarem daquele preconceito e se abrirem para essa realidade”, definiu o carnavalesco.

Primeiro setor: Em nome do Pai

Os setores do desfile dos Gaviões serão apresentados na forma de quatro atos, onde um se comunica com o outro de maneira direta e linear. Idealizada junto com a proposta inicial do enredo, a Comissão de Frente terá a função de apresentar a mensagem do enredo como primeiro elemento dessa linha contínua.

“É onde a coisa vira, a coisa acaba. Tudo de ruim acaba na Comissão de Frente. Teremos alguns personagens representando os seguidores de religiões, e teremos oito personagens que representam os perseguidores, os preconceituosos, que existiram ao longo da história. Os religiosos representarão os perseguidos por eles. E aí o espírito de Deus vai intervir para acabar com aquilo e libertar os religiosos daquela situação. Não é o religioso de uma religião, mas sim os religiosos como um todo”, detalhou.

Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

As alas deste setor terão a função de encaminhar a mensagem de Deus para os Gaviões da Fiel, que terão a função de passá-la adiante.

“Nesse primeiro setor nós utilizamos um pouquinho de licença poética no nosso visual para mostrar Deus enviando seres celestiais para trazer essa mensagem para nós. Temos no carro Abre-alas o Céu se abrindo para a mensagem chegar à Terra. A gente também tem o envio do amor divino, que é a nossa Ala das Baianas, e culmina nesse carro que é o céu se abrindo, com tudo isso sendo derramado sobre a Terra. O primeiro setor finaliza no Abre-alas. A gente está falando do Pai. Então nesse primeiro setor, o Pai está mandando uma mensagem para os Gaviões da Fiel repassarem para o público. A mensagem é de respeito à diversidade, de tolerância religiosa. Uma mensagem de amor, de paz, de união. Essa é a mensagem que vamos transmitir”.

Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

Segundo setor: Em nome dos Filhos

Os Gaviões da Fiel, representados pela bateria “Ritimão”, viajarão pelos grandes conflitos religiosos ocorridos na história para passar a mensagem divina a qual lhes foi confiada. Dos registros bíblicos aos tempos atuais, passando pelas missões jesuítas nas Américas, o público poderá contemplar como seriam as relações humanas após o cumprimento dessa missão.

Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

“Teremos a bateria que irá representar a própria Gaviões da Fiel, que são os corinthianos como responsáveis por espalhar essa mensagem que chegou por meio do Pai. Teremos nas alas diversos povos que, ao longo da história, tiveram algum conflito religioso. Teremos nesse setor indígenas e jesuítas, teremos hebreus e egípcios fazendo a fuga do Mar Vermelho, teremos xiitas e sunitas, e no segundo carro teremos a representação da questão dos israelitas e dos palestinos. Esse é todo o setor. Mas aí vocês se perguntam: ‘Puxa, mas isso vai ficar pesado’. Não vai, porque nesse setor, todos esses povos conviverão lado a lado. Vai ter ali o jesuíta com o indígena dançando juntos, você vai ter os xiitas e os sunitas também caminhando lado a lado em paz. O mar Vermelho, a gente vai fazê-lo se abrindo, mas com ambos os povos passando por ele assim como o nosso samba diz que o mar se abriu para testemunhar uma nova era. E assim é nosso segundo setor, culminando no segundo carro. Na parte de cima dele, também como o nosso samba fala ‘Nos braços do Criador, era Cristo ou Oxalá?’, uma escultura representará Deus. Nos braços dele terá uma escultura de um homem negro semelhante a Jesus Cristo. Só que aí queremos provocar essa reflexão aos olhos das pessoas. ‘Poxa vida, era Jesus? Mas Jesus é negro? Não era Jesus, era Oxalá? Quem era?’. Somos todos nós, porque nos braços do Criador todos somos acolhidos, ele apoia a todos. Essa é a ideia”, explicou.

Terceiro setor: Em nome dos Espíritos

O terceiro setor do desfile mostrará que, independente do caminho que as pessoas escolhem para chegar a Deus, os elementos fundamentais são os mesmos em todas as religiões. As alas representarão as virtudes necessárias, enquanto o terceiro carro representarão as maneiras como essas religiões as alcançam.

Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

“Vamos ter uma fala que fala de amor, uma que fala de justiça e igualdade, outra que fala de paz e fé. Por quê? Porque são os valores que as pessoas precisam ter para chegar a Deus. Esse é o setor dos Espíritos. Falamos do Senhor no primeiro setor, dos povos, que são os filhos, no segundo setor, e nesse dos espíritos. Essas alas falam de dons espirituais que as pessoas precisam ter para encontrar Deus. Esses dons espirituais, culminando nesse carro aqui, esse carro vai ter elementos de diversas religiões. Elementos católicos, lá em cima terá Chico Xavier, fazendo referência ao espiritismo. Aqui na frente teremos uma encenação de religiões de matriz africana. Qual a ideia do setor? É mostrar que qualquer um desses caminhos que você tem para chegar a Deus, eles são válidos desde que você tenha esses valores, esses dons espirituais que foram mostrados à frente”.

Quarto setor: Em nome dos Santos

O desfile dos Gaviões da Fiel se encerra com a celebração dos povos pela mensagem recebida de Deus. As alas representarão as principais referências das religiões, findando no último carro, que trará representantes dessas diversas etnias e homenageará àqueles que tiveram suas vidas marcadas pela propagação da palavra de Deus.

Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

“As alas fazem homenagens a figuras, a personagens que são consideradas pedras fundamentais de suas religiões. Então aqui vamos falar de Abraão, de Maomé, de Jesus, de Buda, que são personagens que inspiram todos esses valores que a gente está pregando no desfile. Diversas religiões, mas a mesma mensagem, mesmos valores. Aqui à frente desse carro teremos uma procissão ecumênica de todas as religiões, e aqui vamos ter a Irmã Dulce na frente, como mais um símbolo desse novo tempo, dessa mensagem, e nesse carro todo vão ter várias pessoas, de várias etnias, de várias nações, celebrando religiosamente em comunhão. Aí é o desfecho do nosso desfile. A gente espera que a nossa mensagem seja útil e que fique clara”, concluiu Júlio Poloni.

Foto: Gustavo Lima / CARNAVALESCO

FICA TÉCNICA

Enredo: “Em Nome do Pai, dos Filhos, dos Espíritos e dos Santos… Amém!”

Alegorias: 4

Alas: 14

Componentes: 1700

Ordem de desfile: Sétima a desfilar na sexta-feira, dia 17 de fevereiro

CARNAVALESCO
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