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Acidente e disputa acirrada marcam 1ª noite na Sapucaí

27 fev 2017 - 10h23
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A Imperatriz Leopoldinense homenageou os indígenas do Xingu
A Imperatriz Leopoldinense homenageou os indígenas do Xingu
Foto: Agência Brasil

A primeira noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro teve política, literatura e música cantados em sambas-enredos. Alegorias grandiosas foram vistas do início ao fim do desfile, mas Salgueiro e Beija-Flor levantaram mais o público com suas torcidas numerosas. A Grande Rio causou frisson com Ivete Sangalo na Sapucaí, e a Imperatriz emocionou com a homenagem a lideranças indígenas do Xingu.

Porém, um acidente com o último carro alegório da Paraíso do Tuiuti, primeira escola a entrar na avenida, deixou cerca de 20 pessoas feridas, o que tirou um pouco do brilho da noite. Bombeiros tiveram que atender os feridos e até cortar parte da grade que separa o público da passarela para poder liberar um dos feridos, que ao ser prensado ficou preso. Ambulâncias entraram na avenida para socorrer as vítimas.

Paraíso do Tuiuti

Marcado pelo atropelamento de mais de 20 pessoas por um de seus carros alegóricos, a Paraíso do Tuiuti fez o que pôde para não ter seu desfile abalado pelo desastre. A escola abordou o movimento antropofágico modernista e o Tropicalismo, entrando na Sapucaí com muitas cores da fauna e da flora nacionais.

O administrador Rodrigo Sodré, 37 anos, estava em cima do carro acidentado, e contou que a situação causou nervosismo. "Deu para ver o carro amassado. Deu uma angústia muito grande." Apesar do ocorrido, ele disse confiar que a escola fez um bom desfile.

Grande Rio

Aguardada com ansiedade para estrear na Sapucaí, a cantora Ivete Sangalo chegou e saiu da avenida cercada de seguranças duas vezes. Em uma aposta arriscada, a Grande Rio trouxe a cantora na coreografia da comissão de frente, e, quando Ivete chegou à dispersão, um carro estava à espera para levá-la às pressas para a última alegoria. O plano funcionou, e o público saiu ganhando com a diva passando duas vezes pelo sambódromo.

Imperatriz

O desfile da Imperatriz Leopoldinense teve como grandes estrelas os indígenas do Xingu, cujos clamores por direitos e sustentabilidade foram amplificados por um enredo que chegou a ser criticado por setores do agronegócio. O cacique caiapó Raoni Metuktire, 86 anos, foi destaque em um carro alegórico dedicado a ele e teve a ajuda do neto Beptuk Metuktire, 22 anos, para traduzir sua mensagem de agradecimento para o português.

"Que bom que os brancos lembraram de nós, porque tem muito impacto o que vem causando na população indígena quando querem destruir nossos parques e florestas e poluir os rios", disse o cacique.

Para Ianacula Kamayura, 61 anos, não foi surpresa que o enredo tenha incomodado o agronegócio. "Como indígenas do Xingu, ficamos muito emocionados de poder estar aqui diante dessa multidão para trazer à tona todos os nossos problemas", disse o indígena. "O enredo fala mais do respeito, da necessidade de preservar a terra. Mas a verdade, às vezes, dói."

Vila Isabel

A Vila Isabel contou a influência da cultura negra em ritmos que conquistaram o continente americano, como o próprio samba, o blues, o soul, o rap e o hip hop.

O carnavalesco Alex de Souza apostou na imagem de cantores consagrados e figuras que representam clássicos musicais para dar forma aos ritmos negros. Ele disse ter ficado satisfeito com o resultado, mas não viu o público tão empolgado.

"A escola fez um desfile bonito, mas vamos ver. Acho o público de domingo muito frio. Não sei se a escola não empolgou."

Salgueiro

Com alegorias grandiosas e fantasias ricas, o Salgueiro levantou a Sapucaí com um enredo que começou no inferno e percorreu o caminho da Divina Comédia em direção ao céu.

No caminho, a escola encontrou uma avenida suja de óleo, que foi derramado nos desfiles anteriores. A presidente Regina Celi chegou a reclamar no alto-falante do Sambódromo e serragem foi usada para amenizar o problema. Estrela da escola, a rainha de bateria Viviane Araújo sentiu o chão mais escorregadio, mas contornou o problema sambando com mais atenção. "Foi meio tenso", disse, na saída do desfile.

A passista Michele Alves, 31 anos, chamou a atenção do público por sua gravidez de cinco meses. Com um sorriso enorme na dispersão, ela contou que foi a segunda vez que desfilou grávida. "Parece que meu coração vai sair do peito, mas estou muito satisfeita e espero pelo título. É muito gostoso, por isso que voltei."

Beija-Flor

A última escola desfilou já com o dia claro, mas contou com o apoio da torcida, que não se deixou vencer pelo cansaço depois de mais de oito horas de desfiles.

A Beija-Flor recontou a história de Iracema em um desfile com alegorias e fantasias luxuosas e coloridas, que compensaram a desvantagem de desfilar durante o dia. O samba fácil de cantar estava na ponta da língua dos integrantes da escola, e logo foi aprendido pela arquibancada.

O desfile das escolas do Grupo Especial continua na noite de hoje. Confira a programação:

22h União da Ilha 23h25 São Clemente 00h50 Mocidade 2h15 Unidos da Tijuca 3h40 Portela 4h50 Mangueira

Agência Brasil Agência Brasil
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