Quesito bateria assusta, mas quadra da Vila Isabel explode com o tri

Quando o locutor da Marquês de Sapucaí, Jorge Perlingeiro, abriu os primeiros envelopes para o início da apuração das escolas de samba do grupo Especial na tarde desta Quarta-Feira de Cinzas (13),  a quadra da Unidos de Vila Isabel, nem tão longe dali, na zona norte do Rio, já estava tomada de integrantes de azul e branco, ostentando bandeirinhas da Vila, e bastante confiantes.

“Esse ano é Vila, menino!”, gritou Dona Sônia Batista, nascida e criada no bairro de Noel Rosa, o mestre do samba reverenciado por todos na zona norte e ansiosa pelo terceiro título da sua escola do coração (outros foram em 1988 e 2006).

Cada nota 10 era comemorada como um gol, fazendo os fãs azul e branco correrem para a frente das lentes de cinegrafistas e fotógrafos, que desde cedo se posicionaram na quadra diante do favoritismo da Vila Isabel.

Após o primeiro quesito, harmonia, com quatro notas 10, o público já começou a soltar gritos de “é campeão” quando a Beija-Flor, no quesito seguinte, conjunto, levou duas notas 9.9 e, no descarte de uma delas, ficou com menos um décimo, deixando a azul e branco na liderança.

As notas da escola de Neguinho da Beija-Flor, aliás, eram aguardadas com a mesma expectativa do que as da própria Vila Isabel. Com gritos de comemoração quando a escola de Nilópolis levou 9.9 no quesito enredo, e com vaias para o julgador seguinte, que deu 10 para o adversário e 9.8 para a azul e branco.  “Uh, vai morrer, uh, vai morrer”, gritavam os fãs diante da primeira nota sem ser 10.

Revolta que no jurado seguinte voltou a se reverter: com a Beija-Flor levando mais uma nota 9.9, a Vila Isabel não só levou outro 10, como descartou sua única nota abaixo, abrindo dois décimos no fechamento do quarto quesito da apuração. A animação prosseguiu na abertura do primeiro envelope a cerca da comissão de frente.

Todas as escolas levaram notas baixas, inclusive a de Nilópolis, com 9.9, enquanto a Vila Isabel foi a única delas, do primeiro jurado, a levar um 10. Mesmo com a perda de um décimo ao final do quesito, a Beija-Flor também sofreu o mesmo decréscimo e a Unidos da Tijuca foi a única a não perder pontos para a assumir a vice-liderança.

Posto que se manteve em alegorias e adereços, mesmo com o susto da última nota, 9.6, descartada pelo fato dos três outros 10 acumulados pelos três primeiros jurados. “Ô, a campeã voltou, a campeã voltou”, se animava ainda mais o público, com a diferença mantida de dois décimos à frente da Unidos da Tijuca.

O quesito bateria, no entanto, foi uma verdadeira ducha de água fria para o público. Duas notas 9.9 e outra 9.8 fizeram a Vila Isabel perder os dois décimos de vantagem e, pelo critério de desempate dos últimos quesitos a serem lidos, os tijucanos tomaram a liderança pela primeira vez.

A gangorra de emoções teve fim, no entanto, a partir do quesito Samba Enredo, quando a vantagem de dois décimos foi retomada pela Vila Isabel, com a Tijuca recebendo apenas uma nota 10. Em fantasia, a Beija-Flor retomou a vice-liderança, agora com a azul e branco três décimos à frente. No último quesito, evolução, os integrantes que estavam no camarote foram para frente do telão, todos cantando em uníssono o samba enredo sobre a agricultura.

A bateria se instalou no palco e ficou até complicado escutar as notas serem lidas do último quesito, Evolução, mas a vantagem era confortável, e a certeza, absoluta: “a campeã voltou”, gritaram todos, em tom de euforia. Nem a última nota precisou ser lida: Vila Isabel, tricampeã do Carnaval do Rio de Janeiro. A festa no “arraiá” estava garantida. 

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