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Festa da Viradouro pelo título do carnaval do Rio de Janeiro  Foto: Pedro Kirilos / Estadão

Viradouro celebra tri com charuto, musas, superlotação e muita alegria

Escola de Niterói venceu carnaval com enredo sobre a energia do culto ao vodum serpente e a chegada do culto originário da África

Imagem: Pedro Kirilos / Estadão
  • Jerson Pita, do Rio de Janeiro Jerson Pita, do Rio de Janeiro
  • Catarina Carvalho, do Rio de Janeiro Catarina Carvalho, do Rio de Janeiro
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14 fev 2024 - 22h17
(atualizado às 22h22)
Foto: Instagram/Erika Januza/Rafael Arantes

Quando a Unidos do Viradouro fechou a 2ª noite de desfiles do Rio de Janeiro, todos sabiam que a escola estava no páreo para colocar mais um troféu ao lado das conquistas de 1997 e  2020. Porém, nem os mais confiantes imaginavam que a vitória viria com uma larga vantagem --quase um ponto de diferença.

Os componentes da escola de Niterói chegaram cedo à Cidade do Samba e fizeram muito barulho, ou melhor, samba desde o começo da tarde desta quarta-feira, 14. O clima de provocação era grande após seis escolas apresentarem recurso à Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) com pedido de punição por, supostamente, a comissão de frente da Viradouro ultrapassar os 15 integrantes. O caso será analisado na quinta e, caso a irregularidade confirmada, a agremiação perde meio ponto (0,5), mas o título está garantido, já que mantém 0,7 a mais que a Imperatriz, vice-campeã.

Se tinha festa no cercadinho dedicado ao público, o clima era de tensão entre os dirigentes da escola. Era terço em uma mão, caneta na outra e muita concentração para não deixar nenhuma nota escapar. A liderança na apuração começou dividida com Grande Rio e Vila Isabel. A virada veio no quesito mestre-sala e porta-bandeira e fez a quadra, que já estava cheia, lotar ainda mais.

Antes mesmo de o último quesito ser anunciado, Erika Januza, rainha de bateria da Viradouro, foi flagrada entre lágrimas na quadra. A explosão foi completa com o 10 da terceira jurada de Fantasia. Cerveja para o alto, abraços, lágrimas e palavrões. O título era da comunidade de Niterói.

"Eu só tenho a agradecer à comunidade. E foi por esse motivo que eu não arredei o pé daqui", disse a atriz. E, quando perguntada qual recado daria para quem não gostou do resultado final, Januza foi debochada como toda alteza pode ser: "Carnaval tem todo ano."

Em pouco tempo, a quadra da escola ficou pequena para tanta festa e teve que fechar as portas pela superlotação. Gritos de "é campeã" e looping do samba 'Arroboboi, Dangbé' deram o tom da festa, que ainda contou com a presença de Lore Improta --muito solicita e disponível para fotos, abraços e beijos da comunidade.

O ponto alto foi quando Lore pegou um pacote de cervejas que estava sendo distribuído no palco e compartilhou com o público que a saudava.

Eu sou pé quente, eu avisei. Eu tô muito feliz, eu falei que sou pé quente. Sempre que falam da Bahia, o resultado é positivo - Lore Improta

"Eu só posso agradecer o apoio da escola e da comunidade porque foi muito sincero. Essa troca foi muito sincera", afirmou a dançarina que fez sua estreia como musa da agremiação.

"Valeu a pena toda a correria. Valeu muito a pena, gente, toda a correria. A comunidade me abraçou e me abraça, foi uma conexão muito forte. Ela me abraça, me dá carinho, é muito verdadeira essa troca. Toda vez que a gente fala da Bahia, a gente ganha, hein?", comemora Improta, musa da Viradouro. 

Foto: Jerson Pita/Terra

A comunidade, que não arredava o pé da agremiação, foi à loucura quando, no "esquenta" da apresentação do troféu, o DJ apresentou um remix em funk da leitura das notas da Viradouro, lidas pelo presidente da Liesa, Jorge Pelligeiro.

A catarse foi tão grande que, por recomendação das autoridades em saúde e segurança, recomendaram a mudança do gênero musical escolhido. Sem problemas para quem só tem motivos para comemorar. Na volta do enredo que contava a história da serpente, a comunidade fez questão de gritar o nome de Mestre Ciça, responsável pela bateria Furacão Vermelho e Branco.

O presidente Marcelo Calil ainda fez o último discurso que levou a comunidade ao êxtase: "É festa até sábado e descanso só no domingo". Na sequência, ele distribuiu até charutos para a comunidade. E, ao que tudo indica, a festa vai se manter até o carnaval de 2025. 

Marcelo Calil, presidente da Viradouro
Marcelo Calil, presidente da Viradouro
Foto: Jerson Pita/Terra
Fonte: Redação Terra
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