Ovacionada, Daniela Mercury participa de ensaio do Olodum
Uma pequena multidão de baianos e turistas de várias partes do Brasil e do mundo lotou a Praça Tereza Batista, no Pelourinho, para a última terça-feira (5) de ensaio do Olodum antes do Carnaval. O ensaio, que acontece toda semana no mesmo dia, já faz parte da agenda cultural soteropolitana e, desta vez, recebeu como convidadas as cantoras Daniela Mercury e Márcia Short. As duas apostaram no repertório clássico do grupo e fecharam a noite com chave de ouro.
Grande esperada da noite, Daniela Mercury, a quem é dado o título de rainha da axé music, subiu ao palco pouco depois das 23h. Sem pestanejar, ela disse que, sem o Olodum, não seria a cantora que é. “Quando eu ouvi pela primeira vez eles cantarem Faraó, em 1984, soube que o samba-reggae era o meu ritmo. Quando passou a moda e todos abandonaram, eu me mantive, pois não tem nada que me emocione mais na música brasileira”, afirmou. A identificação é tanta que ela compôs uma canção em hora ao grupo: Olodum É Rei. A faixa ainda não foi gravada, mas as execuções ao vivo em seus shows são cada vez mais comuns.
A cantora foi ovacionada pelo público. “Eu adoro o Olodum e estou muito feliz de ter vindo conhecer, mas ver ele com a Daniela com certeza é inesquecível”, afirmou a advogada capixaba Adriana Mourão, 37, fã declarada dos dois. O professor argentino Pedro Santes, 28, está no Brasil pela primeira vez se surpreendeu com o show. “Sempre ouvimos sobre como é diferente da música daqui, mas eu não imaginava algo assim. É emocionante.”
No Brasil para curtir o Carnaval, tradição que segue há anos, a coordenadora geral do Brazilian Day, Silvana Magda, acredita que eventos como as Terças do Olodum são o combustível cultural da Bahia. “É um evento que agrega soteropolitanos e turistas em torno de uma música que é da raiz do povo, que não precisa sair do Centro Histórico, que é fiel à tradição”, elogia. Todos os anos, Magda traz convidados de Nova York para conhecerem a Bahia.
Quem também passou por lá foi o cantor de arrocha – ritmo popular no nordeste – Silvano Sales. Ele aproveita os últimos dias de folga antes de partir para o sul da Bahia, onde cumpre agenda de Carnaval. “Mas estarei de volta na segunda-feira para cantar com a Banda Eva, Chiclete com Banana e Cláudia Leitte.”
Atualmente comandado por três vocalistas, Nadjane Souza, Lazinho e Mateus Vidal, o Olodum se prepara para viver seu 34º Carnaval e, a tomar pela empolgação do público, não deve parar de arrastar multidões tão cedo. Neste Carnaval, além de uma participação da própria Daniela, o grupo deve receber também a ilustre visita diretor de cinema norte-americano Spike Lee, que quer conhecer a festa e também o trabalho desenvolvido na Escola Criativa do Olodum. A incursão deve gerar frutos para o documentário Go Brazil Go!, que também terá entrevistas com nomes como o músico Tom Zé, o ex-jogador e hoje deputado federal Romário (PSB-RJ), o ator Lázaro Ramos e a presidente Dilma Rousseff (PT).
Problemas no abadá
Paralelamente às boas notícias, o desfile de 2013, com o tema Samba, Futebol e Alegria – as raízes do Brasil, sofreu um revés. O abadá do bloco, que reunia em sua estampa os escudos dos principais times brasileiros, trouxe em sua composição uma marca modificada do local Esporte Clube Vitória. No lugar da sigla ECV, estavam as letras VICE. De acordo com o grupo, que já divulgou uma retratação, o designer responsável pela estampa das camisetas baixou a marca pela internet e não percebeu que se tratava de uma brincadeira. Mesmo assim, a presidência do bloco garantiu que todas as fantasias serão recolhidas e substituídas antes do desfile.