Tributo a Paulo Gustavo, 'levitação' e shows de rainhas marcam 1ª noite no Rio
Imperatriz, Mangueira, Salgueiro, São Clemente, Viradouro e Beija-Flor levantaram o público na Sapucaí
Após dois anos sem Carnaval, as escolas de samba do Grupo Especial voltaram à Sapucaí, na zona central do Rio de Janeiro, na noite de sexta-feira, 22. Ao todo, seis agremiações levaram música e brilho para a passarela do samba carioca.
Imperatriz, Mangueira, Salgueiro, São Clemente, Viradouro e Beija-Flor tiveram uma coisa em comum: a felicidade pelo retorno do Carnaval. Cada entrevista, fosse famoso ou de anônimo, deixava claro a alegria de poder retornar para avenida depois de muito medo e apreensão por causa da covid-19.
A São Clemente, que homenageou o humorista Paulo Gustavo, teve um desfile repleto de emoção e levantou as arquibancadas. Porém, a escola sofreu com problemas técnicos. O abre-alas chegou a bater antes de entrar na Sapucaí, e a bateria teve que passar correndo pelo portão com medo de ultrapassar o tempo limite.
Mangueira, Viradouro e Beija-Flor encerraram a noite como os grandes destaques do primeiro dia. A Imperatriz também fez bonito com Iza como rainha de bateria, e o Salgueiro, com o brilho de Viviane Araújo, que exibiu o barrigão de cinco meses de gravidez.
Veja abaixo tudo o que de melhor rolou na 1ª noite:
Beija-Flor
A Beija-Flor fechou a primeira noite dos desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro. Com o enredo "Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor", a escola de Nilópolis exalta os negros que não tiveram o reconhecimento merecido. O tema foi um pedido da comunidade, que queria voltar a levar as raízes para a Sapucaí.
Natália sambou muito dentro da casa do 'Big Brother Brasil 22'. Todo o gingado fez com que a ex-sister recebesse um convite para desfilar pela Beija-Flor. Ela topou na hora e apareceu deslumbrante na avenida.
O desfile da escola de Nilópolis chamou a atenção pela beleza nas fantasias e pela empolgação dos componentes. Às vezes, parecia que eles cantavam mais alto que o som da própria bateria.
Viradouro
A atual campeã Viradouro apresentou o Carnaval de 1919 por meio de uma carta de amor escrita por um pierrô a uma colombina na Quarta-Feira de Cinzas daquele ano. Naquela ano, a folia aconteceu após a pandemia da gripe espanhola. A escola fez um paralelo com o ocorrido deste ano por causa da covod-19.
Os diretores de harmonia da agremiação vieram fantasiados de médicos em uma maneira de homenagear os profissionais da saúde.
A atriz Erika Januza fez sua estreia como rainha de bateria da Viradouro e não consegiu segurar a emoção: "Lembrando da Erika, lá em Contagem (MG), pequena, assistindo pela TV e sonhando com tudo isso, e que nunca pensou que seria rainha do coração da escola. Acredite nos seus sonhos e lute por eles".
A comissão de frente da escola de Niterói provocou até levitação para exibir a chave da cidade dada ao Rei Momo. O truque foi revelado após o desfile. O efeito foi possível pela utilização de drones que ajudavam a levantar o objeto.
São Clemente
Inspiradora do monólogo "Minha mãe é uma peça", a São Clemente homenageou o ator Paulo Gustavo, que morreu vítima da covid-19 em maio do ano passado. Déa Lúcia Vieira Amaral, mãe do humorista, e Juliana Amaral, irmã, não contiveram a emoção ao pisar na Sapucaí. Thales Bretas, viúvo do ator, e muitos amigos famosos marcaram presença.
"Paulo Gustavo para sempre" é o que dizia o refrão do samba-enredo da escola, que contou com 3.200 integrantes, 25 alas, cinco carros e dois tripés.
A São Clemente levou para avenida uma escultura de 4 metros de altura de Paulo Gustavo no carro abre-alas, que enfentou problemas para conseguir entrar na Sapucaí.
No final do desfile, a escola precisou correr. A bateria apertou o passo para para atravessar o portão antes do tempo estourar e conseguiu o objetivo. O desfile foi finalizado em 1h09.
Salgueiro
O Salgueiro foi a terceira escola a entrar na avenida. Com o enredo "Resistência", a escola retrata os lugares do Rio de Janeiro que se tornaram símbolos históricos da cultura negra, como a Praça XI, palco dos primeiros desfiles das escolas de samba, na década de 1930. O morro do Salgueiro (zona norte), sede da escola, também foi retratado, porque abrigou um quilombo.
Grávida, Viviane Araújo levou o barrigão para puxar a bateria da agremiação de Andaraí. "É muita emoção, esperança é uma coisa que nunca podemos deixar de ter, é o que move a gente. É com muita esperança que estamos aqui voltando, eu desejo tudo de melhor para todo mundo e para o meu filho. É muita emoção", afirmou a mamãe do Joaquim em entrevista para a Globo.
Com 3 mil componentes, o Salgueiro contou com 32 alas, cinco carros e dois tripés. A escola privilegiou as cores vermelho e branco, tradicionais da agremiação.
Mangueira
A segunda escola a desfilar foi a Mangueira, que homenageia três ícones da escola: o compositor e fundador Cartola (1908-1980), o intérprete Jamelão (1913-2008) e o mestre-sala Delegado (1921-2012). O carnavalesco Leandro Vieira é conhecido pelos enredos de cunho social e expôs as dificuldades do povo negro e pobre até a conquista do reconhecimento em razão de suas artes (o canto, a dança e a poesia, neste caso). Antes do sucesso profissional, esses artistas trabalharam como pedreiro, engraxate, entregador de jornal, apontador de jogo do bicho e fiscal de feira livre.
Uma das escolas mais populares trouxe para avenida 21 alas, quatro carros e dois tripés, além de 3.500 componentes.
Na avenida, a Mangueira cumpriu a promessa do carnavalesco Leandro Vieira e apresentou os 50 tons de rosa, uma das cores tradicionais da escola junto com o verde. A agremiação ainda espalhou o perfume de Flor de Laranjeiras pela Sapucaí. O aroma era o preferido de Dona Zica, grande paixão de Cartola.
Durante o desfile, o intérprete Marquinho Art´Sambá se sentiu mal. O músico reclamou de falta de ar e precisou ser atendido pelo Corpo de Bombeiros. Mesmo sem camisa, ele se manteve em cima do carro de som e ainda não abriu mão de soltar a voz.
Mangueirense de coração, Alcione foi uma das estrelas da escola. "Foi maravilhoso. A Mangueira estava linda, eu adorei, gostei de tudo. Foram dois anos difíceis, mas eu adorei", afirmou a cantora em entrevista para a Globo.
Imperatriz Leopoldinense
A Imperatriz Leopoldinense, que volta ao Grupo Especial este ano, abriu os desfiles pontualmente às 22h. A escola da zona norte levou para a avenida o enredo "Meninos, eu vi... onde canta o sabiá, onde cantam Dalva e Lamartine", uma homenagem carnavalesco Arlindo Rodrigues, que deu à escola o primeiro título no carnaval carioca, em 1980. A cantora Iza, fantasiada de Mocidade, brilhou em frente à bateria.
"Me sinto muito representada pela Imperatriz, estou feliz demais de finalmente estarmos de volta", afirmou a cantora em entrevista para o repórter Pedro Bassan, da TV Globo, antes de entrar na avenida.
A cantora Fafá de Belém veio no abre-alas da agremiação e se mostrou encantada com o desfile. "Que delicadeza, que acabamento, é uma honra ter sido convidada", afirmou para emissora carioca.
O desfile da Imperatriz Leopoldinense ocorreu sem intercorrências. Durante 1h07, a escola mostrou luxo e perfeição na avenida, encantando o público com as fantasias luxuosas e com um belo acabamento.
2ª noite
Os desfiles do Grupo Especial do Rio de Janeiro continuam neste sábado, 23. A TV Globo transmite o evento na Sapucaí para todo o Brasil, com exceção do estado de São Paulo, que vai acompanhar a folia do Anhembi. Os paulistas podem seguir as escolas cariocas pelo Globoplay. O Terra também acompanhará os desfiles em tempo real.
Veja a programação:
22h00 - Paraíso do Tuiuti
23h00 - Portela
00h00 - Mocidade Independente
01h00 - Unidos da Tijuca
02h00 - Grande Rio
03h00 - Vila Isabel
*Com informações do Estadão Conteúdo