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‘Carne’ é nova aposta do Brasil para o Oscar

Curta-metragem documental traz relatos de cinco mulheres sobre a sua relação com o próprio corpo

22 jan 2021 - 14h06
(atualizado às 15h32)
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O Brasil ganhou mais uma chance de emplacar um filme no Oscar 2021: o curta Carne, de Camila Kater, irá disputar uma vaga de melhor curta-metragem documental. Na disputa por uma indicação também estão o longa Babenco, de Bárbara Paz, escolhido para representar o país na premiação; Umbrella, de Helena Hilario e Mario Pece, qualificado na categoria de curta-metragem de animação; e Baile, de Cíntia Domit Bittar, que pode concorrer ao prêmio de curta-metragem em live-action.

'Carne' utiliza cinco técnicas diferentes de animação - entre elas, a argila
'Carne' utiliza cinco técnicas diferentes de animação - entre elas, a argila
Foto: Divulgação

O curta da estreante Camila Kater conta histórias de mulheres diversas e sua relação com o próprio corpo, por meio de diferentes técnicas de animação - entre elas, a aquarela, o stop motion, o datamoshing e a decomposição digital, a argila e animação na película de 35mm. Fazendo um paralelo com as fases de cozimento da carne, o filme é dividido em cinco capítulos: Crua, Mal Passada, Ao ponto, Passada e Bem Passada. A ideia, segundo Camila, é mostrar que as mulheres são tratadas apenas como um corpo ao longo de toda a vida.

“A minha intenção era mostrar o quão cruel é essa ironia, e o quanto essa comparação com a carne faz sentido. É como se a gente fosse um corpo antes de ser um humano. E como se, ao envelhecer, deixássemos de ser mulher”, explica a diretora.

O envelhecimento é um dos temas centrais do curta, cuja narrativa segue uma linha temporal que vai desde o bullying na escola até os desafios de ser mulher na terceira idade - a atriz e diretora Helena Ignez, uma das estrelas do Cinema Novo, encerra o filme com reflexões sobre a perda da beleza e o estigma vivido por mulheres após a menopausa.

Stop motion com objetos foi outra técnica utilizada pela diretora Camila Kater
Stop motion com objetos foi outra técnica utilizada pela diretora Camila Kater
Foto: Divulgação

Há também um impactante depoimento da cantora Raquel Virginia, da banda As Baías, sobre a sexualização da mulher negra e transexual. “Ter perna grossa, bunda grande e ser negra, parece que automaticamente já se torna um corpo sensual. O nome disso é hiperssexualização da mulher negra. Na pirâmide de tolerância, eu sou a última”, relata.

Camila conta que a ideia para o curta surgiu de experiências pessoais e de diversos relatos que ouviu de amigos e familiares, além de campanhas na internet como a #MeuAmigoSecreto e #MeuPrimeiroAssédio - que tomaram conta das redes sociais em 2015. “As personagens trouxeram histórias muito bonitas da visão delas sobre o próprio corpo. Ser consciente e dividir isso com outras mulheres e com os espectadores é muito positivo, até para mudar a relação que temos com o nosso corpo”, diz. 

Ficou curioso? O curta está disponível online e de graça no site do jornal The New York Timesneste link

Assista abaixo a conversa do Terra com a diretora Camila Kater sobre as inspirações do filme, a opção pela animação e as expectativas para a indicação ao Oscar.

Curta ‘Carne’ é nova aposta do Brasil para o Oscar:
Fonte: Redação Terra
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