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Pantera Negra: Especialista em dialetos fala sobre os sotaques do filme

A pronúncia característica de Wakanda foi criada com base no Xhosa, um dos idiomas oficiais da África do Sul.

27 fev 2018 - 18h10
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Apesar de ser apresentada com intrincados detalhes e em toda sua glória em Pantera Negra, Wakanda é uma terra fictícia. Os impressionantes trajes, cerimônias, costumes, rituais e todos os outros componentes culturais do reino de T'Challa (Chadwick Boseman) foram criados pela equipe do diretor Ryan Coogler a partir de referências visuais e sociais de nações africanas como Quênia ou Uganda. O sotaque dos wakandianos, por exemplo, é uma criação muito singular que parte do idioma Xhosa, uma das línguas oficiais da África do Sul, como explica Beth McGuire, técnica de dialetos do filme:

Foto: AdoroCinema / AdoroCinema

"Linguisticamente, o que fizemos foi honrar a genealogia do precursor de Pantera Negra — Capitão América: Guerra Civil. O pai de T'Challa, T'Chaka, interpretado por John Kani, está nos dois filmes. John Kani é da África do Sul e ele é Xhosa, e ele interpreta o rei de Wakanda. Então, Ryan e eu discutimos isso, conversamos sobre isso, e percebemos que fazia sentido. Se você começa com ele, se ele é o seu rei de Wakanda, ele é quem é, esse é o nosso idioma. E foi o que fizemos. Nós escolhemos Xhosa, e é um sotaque muito desafiador", contou McGuire, em entrevista à Slate.

Vale ressaltar que, dentre os principais atores do elenco, nenhum deles é sul-africano. Portanto, cada um deles entregou sua própria interpretação do Xhosa - algo que, aliado à improvisação sobre o roteiro de Coogler e Joe Robert Cole, tornou o trabalho de McGuire ainda mais complicado e recompensador: "O trabalho era tão veloz e furioso que foi muito difícil dar conta de tudo. Sabe, tínhamos muitos improvisos. Mas não tenho como dizer o quão orgulhosa estou destes atores. Eles são extraordinários [...] Estava revendo mais cedo de onde estes atores vêm. O que é interessante é que você ouve todos falando como se fossem do mesmo mundo, falando com um sotaque Xhosa, mas eles são ligeiramente singulares. O sotaque de Daniel Kaluuya é diferente do sotaque de Letitia Wright mesmo que eles sejam ingleses porque os pais de Daniel são de Uganda e os de Letitia são da Guiana [...] Sabe, você tem todos esses sotaques primários surgindo sobre outro sotaque, então você realmente sente a distinção natural que tem a ver com o fato de existirem várias tribos em Wakanda. Apesar de estarmos unidos e utilizando o Xhosa como base, essa diferença aconteceu naturalmente e achei que isso é muito bacana".

A especialista também falou sobre M'Baku, o personagem de Winston Duke, líder da tribo de wakandianos que se isolou nas montanhas nos primórdios da sociedade africana: "No filme, você nota que o personagem de Winston fala com um sotaque completamente diferente de todos. Como ele ficou nas montanhas durante três séculos, disse para Ryan que ele deveria ter um sotaque da região do Níger e do Congo, há um... o esforço de falar o dialeto é muito mais o de entalhar [...] O Xhosa é muito mais como levantar uma bola e arremessar a bola, jogar para as pessoas ao seu redor. Então, há uma sensibilidade completamente diferente. E esse tipo de distinção cria os personagens, as pessoas, os pontos de vista".

De fato, um dos grandes trunfos de Pantera Negra é a construção de Wakanda e de sua cultura: "Não é exagero dizer que o país-natal de T'Challa seja um dos principais personagens de Pantera Negra. Isolado do resto do mundo de forma a esconder uma potência tecnológica inigualável à base do valioso vibranium, Wakanda é uma conjunção entre as raízes ancestrais do povo africano com tamanha modernidade - não por acaso, a trilha sonora traz muito da força dos tambores. Mais do que a beleza paisagística, chama a atenção a cultura construída em torno de tal lugar: dos figurinos vistosos às máscaras exuberantes, das crenças relacionadas à dança - ou ao movimento dos corpos, como preferir - ao sotaque imaginário e coeso: tudo é muito peculiar a esta localidade, trazendo de imediato uma nova camada ao já imenso UCM, tanto em relação à pluralidade quanto à representatividade", afirma a crítica 4 estrelas do AdoroCinema.

Mais bem avaliado longa da história do Universo Cinematográfico Marvel, Pantera Negra já ultrapassou a marca de US$ 720 milhões arrecadados ao redor do mundo e, de acordo com projeções do mercado, deve entrar para o seleto clube do bilhão. O filme está em cartaz no Brasil.

AdoroCinema
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