‘Fuga’ traz história de refugiado no formato de animação
Documentário será exibido nesta quinta na abertura do festival 'É Tudo Verdade'
Não se engane nos primeiro minutos de ‘Fuga’: o filme é um documentário, e não uma animação ficcional. Mas o vencedor do Festival de Sundance deste ano surpreendeu não apenas pelo formato inusitado, mas pelo tema escolhido: a história de um refugiado homossexual do Afeganistão, Amin Nawabi, que precisou enfrentar uma série de batalhas para fugir de seu país e se estabelecer definitivamente na Dinamarca.
O filme faz parte da programação da 26ª edição do festival É Tudo Verdade, e será exibido nesta quinta-feira (8), às 21 horas, na plataforma Looke.
Amin não é o nome verdadeiro do protagonista desta história. O diretor Jonas Poher Rasmussen, que é seu amigo próximo e estudou com o afegão na faculdade, optou por trocar os nomes verdadeiros e usar a animação exatamente para preservar a identidade dos retratados.
Isso porque Amin luta com um segredo doloroso que manteve escondido por vinte anos, e que agora decide contar na frente das câmeras. Em sua vida atual, na Dinamarca, ele conta para todos que toda a sua família foi morta no Afeganistão - mas a verdadeira história é uma jornada épica digna de um filme de ficção.
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O documentário acompanha a trajetória de Amin desde a infância nos anos 80, sendo gay em um país conservador; a fuga da família para a Rússia, onde viveu de forma ilegal e precisou lidar com a corrupção da polícia; e as inúmeras tentativas de entrar na Europa ocidental com o auxílio de traficantes de pessoas. Mas, como se sabe, entrar ilegalmente no continente pode ser um desafio e tanto - viagens arriscadas de barco já tiraram a vida de muitos refugiados e imigrantes.
Em alguns momentos, a animação parece reproduzir as imagens que foram captadas pela câmera - como no caso da entrevista íntima que o diretor fez com o seu colega de faculdade. Em outros, funciona como uma reconstituição e um flashback que recupera os momentos mais importantes e decisivos da vida de Amin e de sua família. Além disso, o filme também utiliza imagens de arquivo para ilustrar o contexto social e político que serviu como pano de fundo da história.
A junção de uma jornada cheia de reviravoltas com os recursos utilizados pelo diretor faz com que ‘Fuga’ seja um filme extremamente relevante, atual e, ao mesmo tempo, íntimo e emocionante. Partindo de uma narrativa individual, conseguimos sentir a dor e o sofrimento de milhares de famílias refugiadas que precisam se submeter a condições degradantes e viagens perigosas para conseguir uma vida melhor.