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“Outra nova identidade. Outra nova escola. Perdi as contas de quantas foram ao longo dos anos. Quinze? Vinte? Sempre uma cidade pequena, uma escola pequena, a mesma rotina. Alunos novos chamam atenção. Às vezes questiono nossa estratégia de nos limitarmos às cidades pequenas, porque é difícil, quase impossível não ser notado. Mas entendo a lógica de Henri: é igualmente impossível que eles não sejam notados.”
“Fecho o telefone, deixo-o sobre o criado-mudo e sorrio. Dois minutos depois, pego-o outra vez e verifico a agenda, para ter certeza de que não estava enxergando coisas que não existem. Eu não estava. Fecho o aparelho e o deixo no mesmo lugar, só para pegá-lo cinco minutos depois e olhar novamente para o número dela. Não sei quanto tempo levo para dormir, mas, finalmente, consigo pegar no sono. Quando acordo de manhã, o telefone ainda está em minha mão, apoiado no peito.”
“Sem a caminhonete, decido ir correndo. Provavelmente nem vou transpirar, e chegarei ainda mais depressa do que se fosse de carro. E, por causa do feriado, a estrada deve estar vazia. Digo até logo a Bernie, prometo que estarei em casa mais tarde e saio. Corro pelos campos, mantendo-me nas partes mais afastadas, perto da floresta. É bom gastar um pouco de energia. Reduz minha ansiedade. Algumas vezes chego bem perto de minha velocidade máxima, que deve ser entre uns noventa a cento e dez quilômetros por hora. (...) Gostaria de saber que velocidade poderei atingir quando tiver uns vinte ou vinte e cinco anos.”