Petra Costa milita no Oscar em favor de indígenas e Marielle
Representante do Brasil pelo documentário "Democracia em Vertigem", diretora e equipe protestaram na cerimônia de entrega de estatuetas.
Única representante brasileira do Oscar 2020, Petra Costa militou com cartazes durante a noite de entrega de estatutas realizada neste domingo, 9, no Teatro Dolby, em Los Angeles, Califórnia. O forte teor político de Democracia em Vertigem, dentro e fora das telas, não foi suficiente para garantir o Oscar para o Brasil, que foi desbancado na categoria por Indústria Americana – produzido pelo casal Michele e Barack Obama.
O protesto
Ao lado da equipe participante do documentário Democracia em Vertigem e da líder indígena Sonia Guajajara, a diretora de 36 anos posou com cartazes em defesa da proteção de terras indígenas, contra o governo Bolsonaro – classificado pelo grupo como neo-fascista – e questionando a morte de Marielle Franco, vereadora carioca assassinada em março de 2018.
O documentário retrata as disputas políticas que polarizaram o país, com foco principal ns ascensão de Lula e a esperança que o governo petista representou para o Brasil em 2003, nos grandes protestos de rua de 2013, no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, finalizando na eleição de Jair Bolsonaro.
A representação no filme de Petra dividiu opiniões no Brasil e foi alvo de críticas do governo. "Nos Estados Unidos, a cineasta Petra Costa assumiu o papel de militante anti-Brasil e está difamando a imagem do país no exterior. Mas estamos aqui para mostrar a realidade. Não acredite em ficção, acredite nos fatos", disse a Secretaria Especial de Comunicação Social da Presidência da República no Twitter.
Filmmaker Petra Costa played the role of an anti-Brazil activist and tarnished the country's image abroad with a series of fake news in an interview on American television. pic.twitter.com/jRxCGqLoAo
— SecomVc (@secomvc) February 3, 2020
Desbancado
O filme Democracia em Vertigem perdeu a estatueta por Indústria Americana (de Steven Bognar, Julia Reichert e Jeff Reichert) que, assim como o brasileiro, foi uma produção original Netflix.
O documentário retrata o choque de cultura quando uma fábrica chinesa de vidro automotivo é instalada em um pequena cidade de Ohio, em 2010, nos Estados Unidos, e a diferença culturam entre americanos e chineses. Enquanto uns festejam novos postos de trabalho e pagamento justo, os chineses reclamam dos novos colegas: "lentos e falam demais".