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#4: O que falta para termos mais mulheres no Oscar?

No 'Depois dos Créditos' desta semana, problematizamos a cerimônia e e indicamos obras que contam com talentosas mulheres

31 jan 2020 - 09h00
(atualizado em 12/8/2021 às 17h46)
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Desde o anúncio da lista de indicados ao Oscar de 2020, uma das notícias que mais têm rendido manchete é a falta de representatividade nas principais categorias. Há dez anos, uma mulher ganhava o Oscar de melhor direção pela primeira vez. Desde 1929, somente cinco conquistaram este feito. Lina Wertmüller, por Pasqualino Sete Belezas, em 1977; Jane Campion, por O Piano, em 1994; Sofia Coppola, por Encontros e Desencontros, em 2004; Kathryn Bigelow, por Guerra ao Terror, em 2010 (a única vencedora), e Greta Gerwig, por Lady Bird, em 2018.

O Depois dos Créditos desta quinzena se divide em dois blocos. Na primeira parte, vamos problematizar um dos mais importantes prêmios do cinema internacional: por que tramas masculinas dominam o Oscar? O que falta para termos mais mulheres indicadas? Para esse bate-papo, contamos com a participação do jornalista cultural e crítico de cinema Reinaldo Glioche

Para o segundo bloco, separamos indicamos de filmes que valorizam talentos femininos. São obras dirigidas por mulheres, protagonizadas por elas ou então que contam com uma narrativa sob a ótica feminina. Participam dessa lista não só os longas indicados em todas as categorias, mas também os que estavam cotados (oficialmente ou não) para o Oscar e os esnobados. 

Para aprofundar a cinemateca

O Depois dos Créditos conversou com a cineasta brasileira Fernanda Pessoa para mais sugestões de obras dirigidas por mulheres. Diretora do longa Histórias Que Nosso Cinema (Não) Contava, uma releitura do período de ditadura militar do Brasil contada a partir de trechos gravados na época, em especial as pornochanchadas. Confira as indicações abaixo: 

  • Mar de Rosas (1977), Ana Carolina

Sérgio (Hugo Carvana) e Felicidade (Norma Bengell) chegam a um hotel no Rio de Janeiro, com a filha adolescente, Betinha (Cristina Pereira), discutindo o relacionamento. Uma briga que culmina na esposa agredindo o marido com uma navalha. Acreditando que o marido está morto, ela foge com Betinha de volta para São Paulo. Uma viagem que se torna um jogo de manipulações e violência.

  • Os homens que eu tive (1973), Tereza Trautman

Dodi é um cara de mente aberta que liberou sua esposa Piti para viverem em um casamento aberto. Quando um dos amantes de Piti vai se hospedar na casa dos dois, a moça se apaixona pelo rapaz e começa a manifestar um desejo de ir seguir sua vida.

  • Amor Maldito (1984), Adélia Sampaio

Duas jovens mulheres, Fernanda, uma executiva, e Sueli, uma ex-miss, se apaixonam e decidem morar juntas. Porém, Sueli se cansa do relacionamento amoroso que leva com Fernanda e envolve-se com um jornalista. A moça engravida do amante e ele o abandona. Em desespero, Sueli se atira da janela do apartamento de Fernanda, que passa a ser acusada de homicídio.

  • Uma longa viagem (2011), Lucia Murat

O documentário revela a história de três irmãos, tendo como fio condutor a trajetória do mais novo, que viaja para Londres em 1969, enviado pela família para que não participasse da luta armada contra a ditadura no Brasil, seguindo os passos da irmã, que acabou tornando-se presa política. Misturando depoimentos e memórias dos irmãos com nove anos passados no exterior pelo caçula, o filme detalha cartas e também entrevistas com ele, que chegou a ser internado em instituições psiquiátricas. Um relato triste e ao mesmo tempo bem humorado de um núcleo familiar e suas convicções.

  • Jonas e o Circo Sem Lona (2017), Paula Gomes

os 13 anos de idade, Jonas é filho e neto de artistas de circo. O garoto tem seu próprio circo improvisado, frequentado pelos moradores do pobre bairro onde vive, na Bahia. É ele quem coordena os números, prepara os figurinos, a música e controla os ingressos. Jonas pretende abandonar a escola para se juntar ao tio e viver num circo itinerante, mas a mãe prefere que ele permaneça na escola. No meio desta briga, ele descobre as dificuldades da vida adulta.

  • Trouble Every Day (2001), Claire Denis

Shane (Vincent Gallo) e June (Tricia Vessey) casaram-se recentemente e estão em plena lua-de-mel em Paris. Shane é um homem atormentado por ter um grande apetite sexual e, por causa disto, decide procurar seu velho conhecido Léo Semeneau (Alex Descas), um médico com quem trabalhou em experiências sobre a libido humana. O Dr. Semeneau está atualmente à procura de Coré (Béatrice Dalle), sua esposa, que era mantida presa no quarto mas fugiu recentemete. Shane decide ajudá-lo e acaba encontrando-a, agachada sobre um rapaz ensanguentado e cheio de mordidas.

  • India Song (1975), Marguerite Duras

Calcutá, 1937. Anne-Marie Stretter (Delphine Seyrig), esposa do vice-cônsul francês (Michel Lonsdale), cansada da opressão do país estrangeiro, entra em colapso por angústia e aborrecimento. Isolada dentro da embaixada, ela acumula encontros sexuais e rejeita apenas o marido, que parece não se importar.

  • Après la réconciliation (2000), Anne Marie Mieville

Duas mulheres e dois homens se encontram, conversam e se perguntam sobre o próprio uso da fala, mas acima de tudo sobre as questões fundamentais relativas à felicidade e ao amor. O caso de amor é reconciliável com sabedoria e inteligência, com medo e fadiga? Com humor, seriedade e prazer na troca, essas mulheres e homens que conhecem o preço da existência buscam o caminho juntos.

  • Retrato de Jason (1967), Shirley Clarke

A prostituta gay negra Jason Holliday é rigorosamente entrevistada em sua história e personagem, revelando verdades sutis sobre vida e arte.

  • Jeanne Dielman (1975), Chantal Akerman

Três dias na vida de Jeanne Dielman (Delphine Seyrig), uma mulher ainda jovem, porém viúva, que mora com o filho adolescente. A rotina enfadonha e a clareza de pequenos gestos e detalhes dessa mulher que cuida da casa enquanto o filho está na escola e se prostitui ocasionalmente. A junção do sufocamento pela rotina com o fato dela atender aos clientes em casa conduzem Jeanne a um trágico final.

  • News from Home (1977), Chantal Akerman

Chantal Akerman é uma cineasta belga que se muda para Nova York e lá enfrenta do desafio de se tornar independente. À medida em que explora a cidade e conhece um pouco mais da sua experiência nova-iorquina, ela tenta se libertar de uma mãe carinhosa mas preocupada e manipuladora que, mesmo estando nas Bruxelas, terra natal de Akerman, procura de todas as formas controlar a vida da moça através da correspondência por cartas, lidas na voz da própria cineasta durante o filme.

  • Sem teto nem lei (1985)Agnes Varda

É inverno no sul da França e o corpo de uma jovem é encontrado em um fosso. Mona (Sandrine Bonnaire) era uma andarilha e passou seus últimos dias andando pelas estradas francesas. Aqueles com quem Mona cruzou, conheceu ou conversou são os que contam quem ela era e o que aconteceu.

  • Os catadores e eu (2000),  Agnes Varda

A diretora Agnès Varda anda pelo interior da França, afastada das cidades que concentram a riqueza e o luxo, acompanhando pessoas que sobrevivem de restos. Ela se mistura a catadores e coletores que vão até uma feira em busca de sobras de alimentos. Ao mesmo tempo, Agnès conversa com eles, que versam sobre os mais variados assuntos, de política internacional até tragédias pessoais.

  • As pequenas margaridas (1966), Vera Chytilova

Duas ousadas adolescentes, ambas de nome Marie (Ivana Karbanová e Jitka Cerhová), reconhecem o caos em que se encontra o mundo e decidem colocar em prática uma série de travessuras de apelo destrutivo.

  • Conjunto Habitacional (1980), Vera Chytilova

Em um caricato bloco de apartamentos desorganizados e mal construídos, diversas histórias se encontram. De um andarilho senhor de idade desocupado até um menino rebelde procurando por seu pai, todas as pessoas possuem em comum o senso de comunidade e solidariedade que os sustenta, mesmo com todos os problemas.

Confira os episódios anteriores de Depois dos Créditos

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Fonte: Redação Terra
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