Conheça cinco musicais essenciais de Stephen Sondheim
Um dos responsáveis pelo caminho do novo musical da Broadway, compositor morreu aos 91 anos
O compositor e letrista americano Stephen Sondheim, que morreu nesta sexta, 26, aos 91 anos, foi um dos responsáveis pelo caminho do novo musical da Broadway. Suas composições sofisticadas fazem parte do cancioneiro americano. Conheça cinco de seus musicais essenciais:
'West Side Story' (1957)
Versão moderna de Romeu e Julieta, metáfora sobre a ameaça que os imigrantes significam a um país rico, a eterna briga pela conquista do território - West Side Story ainda provoca leituras diversas, mas em um detalhe todos são unânimes: trata-se do musical que revolucionou a Broadway. Quando foi montado, em 1957, surpreendeu não só pelos temas, mas por apresentar uma ação que passava para a dança de forma natural, como se a coreografia fosse extensão dos movimentos dos atores. No Brasil, houve apenas uma montagem profissional, dirigida por Jorge Takla, em 2008, estrelada por Fred Silveira e Bianca Tadini.
Sua equipe criativa é uma das mais completas da história da Broadway e inclui Jerome Robbins, que se tornou o modelo máximo do coreógrafo-diretor, teve o controle total da produção, desde a concepção até a montagem final; Leonard Bernstein, com quem Robbins havia iniciado uma brilhante parceria anos antes, compôs as músicas; Stephen Sondheim, na época um jovem de 28 anos que contava apenas com o apoio do grande Oscar Hammerstein, escreveu as letras das canções; e Arthur Laurents, então um dramaturgo promissor, cuidou do libreto.
'Company' (1970)
Com libreto de George Furth, foi pioneiro ao tratar de problemas adultos por meio de suas canções que acompanham a movimentação de cinco casais que são amigos de Bobby, rapaz solteiro que, no início do espetáculo, recebe cumprimentos pelo aniversário de 35 anos - todos trazem problemas diversos, de ansiedade a dúvidas sobre o amor, mas principalmente solidão.
O espetáculo - que originalmente se chamaria Threes- foi ainda um dos primeiros no qual as canções fazem comentários sobre os personagens em vez de ajudar a narrar a trama, como habitualmente se percebe. Com isso, as cenas, fragmentadas, têm força dramática própria.
'Gypsy' (1959)
Gypsy é uma menina sem graça que se transforma na mulher que passa a ter os homens a seus pés, mas a partir da trajetória da inescrupulosa matriarca, Mamma Rose, cujo sonho de glamour para as filhas se transforma em frustração. É justamente esse detalhe que foi decisivo na carreira do musical - para o temido crítico de teatro do New York Times, Frank Rich, Gypsy seria "a resposta do teatro americano a Rei Lear, de Shakespeare". Para ele, se Lear vive uma relação conturbada com suas três filhas, Mamma Rose não se cansa até transformar uma de suas filhas - inicialmente June e, depois, Louise/Gypsy - em uma grande estrela do teatro de variedades. E, no final, tal qual Lear, a mãe sente-se abandonada.
'Sweeney Todd' (1979)
Trata-se da história do barbeiro injustamente preso, deixando abandonadas mulher e filha. Quando finalmente consegue deixar a prisão, descobre que a mulher enlouqueceu e a filha, já adolescente, vive sob a guarda do homem que destruiu seu casamento e agora quer se casar com a menina. A vingança é macabra: ele monta uma barbearia que, na verdade, encobre um esquema em que o freguês é morto e transformado em carne moída para os deliciosos pastéis feitos na padaria localizada no piso debaixo. A perversão vista sob o olhar mais refinado. No cinema, foi adaptado por Tim Burton, com Johnny Depp no papel principal.
'Into the Woods' (1986)
Amaldiçoados por uma bruxa, um padeiro e a mulher não conseguem ter filhos. Para quebrar o encanto, são obrigados a buscar determinados objetos na floresta, onde acabam topando com Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, Rapunzel e outros personagens famosos de fábula infantil. Adaptado para o cinema (aqui se chamou Caminhos da Floresta) e estrelado por Meryl Streep, o musical, mais que uma brincadeira com os contos infantis dos Irmãos Grimm, é pretexto para Sondheim discutir sua verdadeira obsessão: jogar alguma luz sobre algo incompreensível para a cultura média americana, ou seja, mostrar como é tortuosa a transição entre a infância e a fase adulta. E a floresta representa a vida, onde estão escondidos os mistérios e perigos.