Em prisão domiciliar, diretor russo não vai a festival
Kirill Serebrennikov foi preso durante a filmagem e teve de terminar de editar o filme em casa, sozinho, sem poder se comunicar com a equipe
Havia uma cadeira vazia em Cannes nesta quinta-feira para um diretor russo que foi posto em prisão domiciliar em seu país devido a um caso de fraude que seu produtor classificou como "ridículo".
"Leto" ("Verão"), uma cinebiografia sobre os primórdios de um astro de rock russo durante a era soviética, é o primeiro de dois filmes na principal competição do Festival Internacional de Cinema de Cannes a ser exibido sem seu diretor.
Kirill Serebrennikov foi preso durante a filmagem e teve que terminar de editar o título em casa, sozinho, sem poder se comunicar com seu elenco e sua equipe.
Enquanto o iraniano Jafar Panahi, cujo "3 Faces" será exibido no sábado, está proibido de fazer filmes ou deixar seu país, as autoridades da Rússia dizem que o caso de fraude de Serebrennikov não tem nada a ver com censura.
"Recebemos uma resposta do senhor (presidente russo, Vladimir) Putin ontem (sobre um pedido de liberação de viagem para Serebrennikov), que disse ao Festival de Cinema de Cannes e ao governo francês que teria tido prazer em ajudar... mas que na Rússia a Justiça é independente", disse Joel Chapron, que comandou a coletiva de imprensa do festival.
"Leto" retrata a cena do rock de São Petersburgo no início dos anos 1980, na qual os músicos tinham que submeter suas letras para a aprovação oficial e o público da única casa de shows de rock da cidade era policiado para permanecer sentado e não mostrar muito entusiasmo.
O vocalista veterano Mike transforma o jovem cantor e compositor Viktor em seu pupilo e cria um triângulo amoroso com sua esposa, Natasha.
A produção se baseia na história real de Viktor Tsoi, um dos músicos de rock mais bem-sucedidos e influentes da Rússia até morrer em um acidente de carro em 1990, aos 28 anos.
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